Cabo Verde homenageia Cesária Évora em grande estilo
14 de dezembro de 2012 Na altura em que se assinala o desaparecimento físico da chamada "Diva dos pés descalços", a maioria dos cabo-verdeanos contava com a inauguração do Museu Cesária em homenagem à Cise, como era carinhosamente chamada.
Entretanto, o projeto em parceria entre o Município de São Vicente e o Ministério da Cultura ainda está por se concretizar e já se questiona para quando.
Segundo José da Silva, que foi empresário da cantora, aquele que seria o local apropriado para colocar todo o espólio da artista, como as joias e os vestidos usados nos concertos, os discos de platina e ouro, e outros galardões atribuídos à Cisé durante o seu percurso artístico internacional, ainda não existe:
O ministro da Cultura prometeu que antes do fim do ano se resolveria o problema do museu Cesária, revela José da Silva.
O espólio dela foi guardado em acordo com a familia, desde a semana que faleceu, para ser utilizado no museu.
Para falar sobre esse atraso, o ministro caboverdeano da Cultura, Mário Lúcio, também músico, contactado pela DW África prometeu para mais alguns dias um pronunciamento sobre o assunto.
Museu envolto em sombras
A ideia de transformar a casa onde viveu Cise, num museu continua de pé, confessa por seu lado, o vereador do pelouro da cultura da Câmara Municipal de São Vicente, Humberto Lélis, ao realçar que falta ainda adquirir o espaço, que pertence aos herdeiros da Cesária.
Lélis friza que isso vai depender das negociações que estão a encetar com os herdeiros e com o represante deles em São Vicente. Por isso o vereador diz: "Não podemos apontar uma data, mas teremos de ver o mais breve possível para conseguirmos esse nosso intento."
Entretanto, em Cabo Verde, tem-se falado muito sobre o desaparecimento do recheio da casa e dos objetos pessoais da Cesária Évora, algo que colocaria em perigo o projeto do Governo e do Município de Mindelo de comprar a casa nessa cidade, onde viveu até os últimos momentos a cantora.
Segundo estimativas a casa está avaliada em cerca de 50 mil euros que seriam pagos pela Câmara de São Vicente, mas o imóvel sem o espólio da artista não teria nenhum valor, para além do comercial.
Consertar com família e outros primeiro
Sobre este assunto, o vereador não confirmou as noticias, mas disse já ter ouvido na comunicação social. Lélis argumenta: "É uma propriedade privada, acreditamos que os filhos irão tentar conservar o máximo possível, todo o espólio que se encontra na casa da Cesária, e nós iremos também recuperar algum material que poderá estar na posse dos admiradores da "Diva".
Ainda sobre o espólio da cantora o vereador diz saber que Djô da Silva conservou algumns objetos e por isso garante: "Vamos tentar encontrar outras peças que eventualmente fizeram parte da vida da Cesária."
Preocupado com a visita de muitos turistas ao cemitério de São Vicente para render uma homenagem à Cesária, Humberto Lélis prometeu que a edilidade mindelense vai efetuar brevemente, obras na campa da rainha da morna, sublinhando que depois de remodelada será inaugurada condignamente no dia de São Vicente, 22 de Janeiro do 2013.
Lembrar Cesária em festa
Convém realçar que desde que Cesária faleceu, muitas homenagens, tanto a nível nacional como no seio da diáspora caboverdeana têm sido realizadas.
Neste fim de semana (15 e 16.12) acontece um mega concerto que junta na ilha de Santo Antão mais de 20 artistas, entre os quais musicos de Cabo Verde, Angola, Portugal, França e do Senegal. Nomes como Bonga, Mário Lúcio, Lura Camané, Ismael Lo, Bernard Lavilliers e Sara Tavares participam neste evento.
O concerto terá sido um dos sonhos da cantora para comemorar os seus setenta anos de vida, mas tal não chegou a acontecer devido à sua morte.
Morna Património Nacional
Entretanto, na quinta-feira (13.12.), a morna, este estilo musical que Cesária Évora gostava de interpretar, foi elevada ao estatuto de Património Histórico e Cultural Nacional no país. Contribuiram para esse feito diversos setores da sociedade caboverdiana, com destaque para os artistas.
Mas Cabo Verde tem ambições maiores, quer ver a morna elevada também a Património Imaterial da Humanidade. Para tal, o Governo já pretende nomear uma comissão que se encarregará da candidatura.
O ministério da Cultura pretende ainda fazer o mesmo com outros estilos musicais, como a Tabanka, Batuque e Funana.
Autor: António Veríssimo
Edição: Nádia Issufo/António Rocha