Cabo Verde inicia ano com combustíveis mais baratos
Lusa
1 de janeiro de 2023
Valor médio dos combustíveis à venda em Cabo Verde desceu hoje mais de 10%. Mas permanece quase 20% acima dos preços praticados há um ano, segundo a Agência Reguladora Multissetorial da Economia (ARME).
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Em comunicado, a agência refere que a atualização dos preços máximos dos combustíveis em Cabo Verde para janeiro levou em conta a introdução de alterações à legislação. Nomeadamente, sobre a importação, depois de em abril, maio e junho o Governo ter suspendido o mecanismo de fixação de preços, face à crise económica provocada pela guerra na Ucrânia.
Já em dezembro, o preço médio dos combustíveis tinha descido 7%, segundo o ARME.
A atualização dos preços dos combustíveis incorpora alterações às taxas de Direitos de Importação (DI) e de Imposto sobre o Consumo Especial (ICE) e implica o aumento da taxa de DI sobre a gasolina de 10% para 20%, mantendo a redução da taxa de ICE sobre o gasóleo e a gasolina, de 10% para a específica de seis escudos (cinco cêntimos de euro) por litro.
Nova tabela de preços máximos
De acordo com a nova tabela de preços máximos, que vai vigorar até 31 de janeiro, o litro de gasóleo normal passou hoje a ser vendido em Cabo Verde a 138,80 escudos (1,25 euros), uma descida de 11,65%, o de gasolina a 129,50 escudos (1,17 euros), menos 10,01%, o de petróleo a 152,50 escudos (1,37 euros), menos 8,90%, e o de gasóleo marinha a 108,60 escudos (0,98 euros), menos 12,77%.
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O gasóleo para eletricidade (as centrais a combustíveis fósseis garantem quase 80% da eletricidade produzida no arquipélago) desceu 12,36%, para 129,80 (1,17 euros) por litro, enquanto o gás butano passa a ser vendido entre os 414 escudos e os 7.994 escudos (3,73 a 71,8 euros), para as garrafas de três a 55 quilogramas, menos 7,86%.
"Tudo somado, corresponde a um decréscimo médio dos preços dos combustíveis de 10,73%", refere a ARME. Quando comparado com o período homólogo de janeiro de 2022, a variação média dos preços dos combustíveis "corresponde a um aumento de 20,50%", acrescenta o regulador.
Estimativa
No final de julho, o primeiro-ministro de Cabo Verde estimou em 8 mil milhões de escudos (71,8 milhões de euros) o investimento do Estado para estabilizar preços de bens essenciais e energia, sem o qual a inflação ultrapassaria os 11% este ano.
"Sem as medidas de estabilização de preços, a inflação poderia situar-se, este ano, em 11,3%, bem acima dos 7,9% estimados. Medidas de estabilização de preços têm amenizado os impactos sobre os consumidores, as organizações e as empresas", afirmou Ulisses Correia e Silva, na Assembleia Nacional durante a abertura do debate anual sobre o estado da Nação e aludindo às consequências da crise inflacionista que afeta o país após a guerra na Ucrânia.
Nos combustíveis, sublinhou, "sem as medidas tomadas pelo Governo" desde abril, os aumentos médios "poderiam ter-se situado entre os 18 e os 21%", acrescentando que "por causa das medidas, ficaram entre os 2,6 e os 4,1%", evitando " consequências gravosas para as pessoas e as empresas".
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Investimento face à crise
"Mais de cinco milhões de contos [5.000 milhões de escudos, 44,8 milhões de euros] até dezembro deste ano será o investimento necessário para o Governo fazer face à crise inflacionista na energia. [E também] estabilizar os preços dos combustíveis e da eletricidade, de forma a impedir que os valores atinjam níveis catastróficos para as famílias e as empresas", sublinhou.
Desde março de 2020, devido à pandemia de Covid-19, o arquipélago enfrenta uma profunda crise económica e financeira decorrente da forte quebra na procura turística - setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago.
Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB. Seguiu-se um crescimento de 7% em 2021 impulsionado pela retoma da procura turística.
Para 2022, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia, nomeadamente a escalada de preços, o Governo cabo-verdiano baixou a previsão de crescimento de 6% para 4%, que em outubro voltou a rever, em alta, para 8% e já no final de dezembro para 10 a 15%.
O que mudou em Cabo Verde com a Covid-19
Cabo Verde registou quatro casos de infeção por Covid-19 e uma morte. Todos os casos são importados. Centenas de pessoas estão em isolamento e os voos foram condicionados. O dia a dia também está a ser afetado.
Foto: DW/A. Semedo
Movimentação reduzida nas ruas
A chegada do novo coronavírus a Cabo Verde mudou a rotina dos cabo-verdianos, sobretudo nos centros urbanos, onde se tem notado a diminuição de movimentação e aglomeração de pessoas. Muitos preferem ficar em casa para diminuir o contacto social. Eventos com muitas pessoas foram suspensos em todo o país. Discotecas foram encerradas, bares e restaurantes passaram a fechar mais cedo.
Foto: DW/A. Semedo
Férias escolares antecipadas
Cabo Verde antecipou as férias escolares do ensino pré-escolar, básico e secundário para o dia 23 de março, como medida de contenção à Covid-19. As universidades também suspenderam todas as aulas e outras atividades formativas. Foram ainda estabelecidas medidas "excecionais e temporárias" para o funcionamento de creches, com a possibilidade do teletrabalho para os pais.
Foto: DW/A. Semedo
Informar com urgência a população
Campanhas de sensibilização e de esclarecimento à população sobre a Covid-19 estão a ser realizadas pelas autoridades em Cabo Verde. Carros passam informações à população sobre o que é a Covid-19, as formas de transmissão e como prevenir a doença. Estas viaturas circulam nos centros das cidades e bairros para reforçar a comunicação.
Foto: DW/A. Semedo
Transportes urbanos com lotação a 50%
Os transportes urbanos e interurbanos, como taxis e "hiaces", já estão a sentir os efeitos da Covid-19. A lotação passou para metade, com impacto direto no rendimento dos condutores. A medida visa aumentar o distanciamento entre os passageiros e evitar o contágio. "Hiacistas" e taxistas pedem apoio ao Governo para colmatarem as perdas, como a suspensão de impostos ou a facilitação de créditos.
Foto: DW/A. Semedo
Praias interditadas em todo país
As autoridades interditaram o acesso às praias do país para evitar a aglomeração de pessoas e, consequentemente, prevenir o contágio e a disseminação da Covid-19. A proibição durará enquanto se mantiver o plano de contingência a nível nacional decretado pelo Governo. A polícia está a patrulhar as zonas balneares para garantir o cumprimento da interdição.
Foto: DW/A. Semedo
Acesso limitado aos locais públicos
Mercados, bancos, farmácias, lojas e outras instituições estão a limitar a entrada de pessoas para prevenir a Covid-19, o que tem levado à criação de filas à porta destes espaços. Nos mercados da Praia, por exemplo, foi proibida a entrada de crianças e as vendedeiras com mais de 65 anos devem ficar em casa. Feiras e vendas de animais vivos são agora proibidas. Algumas lojas chinesas já fecharam.
Foto: DW/A. Semedo
Corrida aos supermercados
O anúncio do plano de contingência para a prevenção e controlo da Covid-19 e do primeiro caso da doença no país, disparou as compras em Cabo Verde. O medo de ficar sem alimentos levou as pessoas a comprarem grandes quantidades de comida e produtos de higiene. O Governo alertou a população para não açambarcarem os produtos e reforçou a fiscalização contra a especulação de preços.
Foto: DW/A. Semedo
O medo de ficar sem gás butano
O anúncio do primeiro caso de Covid-19 no país levou os cidadãos à compra desenfreada de gás butano para armazenamento, temendo a sua falta no mercado. Vários postos de venda ficaram sem este combustível para atender à elevada procura. Entretanto, as empresas de combustíveis garantem à população que têm stocks de gás suficiente para abastecer o mercado, afastando um cenário de escassez.
Foto: DW/A. Semedo
Faltam materiais de proteção individual
A falta de máscaras e álcool em gel no mercado tem deixado os cidadãos muito preocupados. A procura por estes produtos aumentou drasticamente com o registo do primeiro caso de Covid-19 no país. A empresa de medicamentos Inpharma passou a produzir álcool em gel para abastecer o país e já garantiu o fornecimento de máscaras às farmácias. Porém, a venda destes produtos está a ser racionada.