Janira Almada concorre sozinha à presidência do PAICV
Lusa | cvt
8 de dezembro de 2019
José Sanches não avançou com candidatura a presidente do maior partido da oposição. Deputado do PAICV alega estar em curso um "golpe de assalto" à liderança do partido. Janira Hopffer Almada recandidatou-se ao cargo.
No sábado (07.12), último dia para apresentação de listas candidatas às eleições diretas de 22 de dezembro, e após um encontro com militantes e apoiantes durante a manhã, na Praia, e outro na sexta-feira, na ilha de São Vicente, o deputado do partido anunciou que não vai a votos.
"Acharam [no encontro com os apoiantes] por bem que nós não devemos legitimar esta farsa que está a acontecer, que se convencionou chamar eleições internas do PAICV", afirmou à agência Lusa José Sanches, crítico da liderança de Janira Hopffer Almada.
Alegado "golpe”
Segundo o deputado do PAICV, as eleições foram "antecipadas" para este mês, contrariamente aos estatutos do partido, que definiam que deviam acontecer em janeiro.
Além disso, referiu, também condicionando a preparação da sua candidatura, foi-lhe "sonegada" a base de dados atualizada dos militantes do PAICV e foi reduzido o número de delegados a eleger ao congresso que se segue às diretas.
"Não se está a respeitar os estatutos, é um golpe de assalto ao partido", afirmou, denunciando que neste processo eleitoral "não há transparência, igualdade de oportunidades entre candidatos e democracia interna".
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Falta de união
Para José Sanches, este processo eleitoral vai culminar "sem as condições necessárias para unir o partido", que assumiu a governação em Cabo Verde pela última vez no período de 2001 a 2016.
"Isto não é uma eleição, é um plebiscito [à liderança de Janira Hopffer Almada]", enfatizou José Sanches, prometendo, ainda assim, que vai permanecer na Assembleia Nacional.
"Vou continuar como deputado do PAICV, a lutar contra a desgovernação do MpD [Movimento para a Democracia, partido no poder] a nível nacional e também contra o assalto que estão a fazer à liderança do partido [PAICV]", rematou.
As eleições diretas para a presidência do PAICV estão agendadas para 22 de dezembro e o prazo para a entrega de candidaturas terminou às 18 horas deste sábado, seguindo-se o XVI congresso ordinário, de 31 de janeiro a 2 de fevereiro de 2020, para eleger os novos órgãos do partido.
A lista liderada por Janira Hopffer Almada é, assim, a única candidata a apresentar-se a votos nas eleições diretas para a presidência do PAICV.
O dossiê de candidatura de Janira Hopffer Alanda, subscrito por 7.596 militantes do partido no país e na diáspora (os regulamentos do partido exigem um mínimo de 300 assinaturas), deu entrada na sexta-feira, na Comissão Nacional de Jurisdição e Fiscalização do partido, e inclui ainda a moção estratégica de orientação política a levar ao congresso e uma lista com 171 delegados.
Dessalinização de água com tecnologia europeia em Cabo Verde
Em Cabo Verde, as reservas naturais de água são escassas e a estação chuvosa dura apenas três meses por ano. Governo aposta na dessalinização da água do mar para abastecer a população. Mais de 55% da produção perde-se.
Foto: DW/C. Teixeira
Água fresca para os cabo-verdianos
Em Cabo Verde, a dessalinização garante água fresca para cerca de 80% da população. O país aposta no sistema de osmose inversa para produzir água doce. A Electra, Empresa Pública de Electricidade e Água, é responsável pela produção e distribuição da água dessalinizada nas ilhas de São Vicente, Sal e na Cidade da Praia. Na foto, visão parcial da central dessalinizadora da Electra na capital.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Dessalinização por osmose inversa
O processo de dessalinização por osmose inversa é uma moderna tecnologia de purificação da água que consiste em diversas etapas de filtragem. Logo após a captação, a água do mar passa pelos filtros de areia, que têm por finalidade eliminar impurezas e resíduos sólidos maiores. Na foto, os dois grandes cilindros são os filtros de areia de uma das unidades de dessalinização na Cidade da Praia.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Várias etapas de filtragem
Depois, a água é novamente filtrada, desta vez por micro filtros. Os dois cilindros azuis que se podem ver na foto possuem uma alta eficiência na remoção de resíduos sólidos minúsculos - como moléculas e partículas. Essas duas pré-filtragens preparam a água para passar pelo processo de osmose inversa.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Sob alta pressão
O aparelho azul (na foto) é uma bomba de alta pressão. Aplica uma forte pressão na água do mar, que é distribuída pelos cilindros brancos. No interior, encontram-se membranas semipermeáveis por onde a água é forçada a passar. Neste processo de filtragem, consegue-se a retenção de sais dissolvidos. Obtém-se a água doce e a salmoura - solução com alta concentração de sal - que é devolvida ao mar.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Volume do abastecimento
Na Cidade da Praia, funcionam duas unidades dessalinizadoras da Electra, com capacidade para produzir 15.000m3 de água doce por dia. Pelo menos 60% da população da capital recebe a água dessalinizada da Electra. Na foto, uma visão parcial da unidade mais moderna de Santiago, em funcionamento desde 2013. A Electra é reponsável pelo abastecimento de água de mais de metade da população do país.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Controlo de qualidade
A água doce produzida é analisada num laboratório onde é feito o controlo de qualidade. De acordo com a Electra, a transferência da água para consumo só é autorizada se apresentar as condições estabelecidas nos protocolos da Organização Mundial da Saúde (OMS). Na foto, a engenheira bioquímica Elisângela Moniz mostra as placas utilizadas para a contagem de coliformes totais e fecais.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Moderna tecnologia europeia
Cabo Verde utiliza tecnologias europeias, espanhola e austríaca, para a dessalinização da água do mar. Na foto, o reservatório de água da empresa austríaca Uniha, que tem capacidade para armazenar 1.500 m3 de água. A água dessalinizada não fica parada aqui: é constantemente bombeada para os reservatórios de distribuição existentes ao longo da Cidade da Praia.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Grandes perdas
Esses equipamentos são responsáveis por bombear a água para os tanques de distribuição da Cidade da Praia. No entanto, cerca de 55% de toda a produção é perdida durante este processo. As perdas são causadas por fugas de água em tubulações e reservatórios antigos para onde a água é enviada antes de chegar ao consumidor.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Desafios e esforços para produzir água
O engenheiro António Pedro Pina, diretor de Planeamento e Controlo da Electra, diz que os maiores desafios da empresa são "garantir a continuidade na produção, estabilidade na distribuição e combater as perdas que, neste momento, estão em cifras proibitivas". Pina defende, no entanto, que "tem sido feito um esforço enorme para garantir a continuidade da distribuição da água" em Cabo Verde.
Foto: DW/C.V. Teixeira
Recurso natural abundante
Terminado o processo de dessalinização, a água com alta concentração de sal, denominada salmoura, é devolvida ao mar. Composto por 10 ilhas, o arquipélago cabo-verdiano encontra-se cercado por uma fonte inesgotável para a produção de água potável. Os cabo-verdianos têm assim o recurso natural abundante para garantir à população o abastecimento de água dessalinizada e limpa, constantemente.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Preço da água ainda é alto
A água dessalinizada pela Electra em Santiago abastece os moradores da Cidade da Praia. Na foto, moradores do bairro Castelão, na capital cabo-verdiana, compram água no chafariz público - um dos poucos que ainda restam no país. Cada bidão de cerca de 30 litros de água custa 20 escudos cabo-verdianos (cerca de 0,20 euros). O valor é considerado alto por muitos cabo-verdianos.