Janira Hopffer Almada recandidata-se à líderança do PAICV
Lusa
6 de dezembro de 2019
A presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Janira Hopffer Almada, formalizou a recandidatura ao cargo que ocupa desde 2014, sendo para já a única candidata, a 24 horas de terminar o prazo.
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As eleições diretas para a presidência do PAICV estão agendadas para 22 de dezembro e o prazo para a entrega de candidaturas termina às 18:00 deste sábado (07.12), seguindo-se o XVI congresso ordinário, de 31 de janeiro a 2 de fevereiro de 2020, para eleger os novos órgãos do partido.
O dossiê de candidatura de Janira Hopffer Almada, subscrita por 7.596 militantes do partido no país e na diáspora (os regulamentos do partido exigem um mínimo de 300 assinaturas), inclui ainda a moção estratégica de orientação política a levar ao congresso e uma lista com 171 delegados.
O PAICV esteve no poder em Cabo Verde pela última vez no período de 2001 a 2016, sendo desde então o maior partido da oposição. "Vamos para esta partida com a intenção firme de ganhar estas eleições", garantiu o mandatário daquela candidatura, o deputado e vice-presidente do PAICV, João Baptista Pereira, em declarações aos jornalistas após entregar o dossiê de candidatura à Comissão Nacional de Jurisdição e Fiscalização.
Lista de delegados cumpre nova lei da Paridade
Garantiu ainda que a lista de delegados proposta já cumpre o previsto na nova lei da Paridade, que entrou em vigor em Cabo Verde há uma semana, exigindo listas com pelo menos 40% de mulheres. "Temos 41% de mulheres na lista de candidatos a delegados", garantiu o mandatário de Janira Hopffer Almada, advogada de profissão e deputada à Assembleia Nacional, de 41 anos e presidente do PAICV desde 2014.
A única mulher ao volante de um autocarro na Praia
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Também o deputado José Sanches anunciou anteriormente a intenção de concorrer à liderança do PAICV, partido que esteve no poder em Cabo Verde, pela última vez, no período de 2001 a 2016.
Contudo, segundo Ana Semedo, da Comissão Nacional de Jurisdição e Fiscalização, até ao momento não foi apresentada qualquer outra candidatura, além da formalizada hoje por Janira Hopffer Almada.
Questionado pelos jornalistas sobre uma possível divisão interna no PAICV, gerada no processo de preparação destas eleições internas, o mandatário da candidatura de líder do partido, desvalorizou o tema. "Quem ganhar dever dirigir, quem perder deve ajudar a unir esforços". "Queremos trabalhar para enfrentar os próximos desafios do país", disse João Baptista Pereira.
Cabo Verde realiza eleições autárquicas no segundo semestre de 2020. No ano seguinte realizam-se eleições legislativas e depois, no segundo semestre, presidenciais.
Dessalinização de água com tecnologia europeia em Cabo Verde
Em Cabo Verde, as reservas naturais de água são escassas e a estação chuvosa dura apenas três meses por ano. Governo aposta na dessalinização da água do mar para abastecer a população. Mais de 55% da produção perde-se.
Foto: DW/C. Teixeira
Água fresca para os cabo-verdianos
Em Cabo Verde, a dessalinização garante água fresca para cerca de 80% da população. O país aposta no sistema de osmose inversa para produzir água doce. A Electra, Empresa Pública de Electricidade e Água, é responsável pela produção e distribuição da água dessalinizada nas ilhas de São Vicente, Sal e na Cidade da Praia. Na foto, visão parcial da central dessalinizadora da Electra na capital.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Dessalinização por osmose inversa
O processo de dessalinização por osmose inversa é uma moderna tecnologia de purificação da água que consiste em diversas etapas de filtragem. Logo após a captação, a água do mar passa pelos filtros de areia, que têm por finalidade eliminar impurezas e resíduos sólidos maiores. Na foto, os dois grandes cilindros são os filtros de areia de uma das unidades de dessalinização na Cidade da Praia.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Várias etapas de filtragem
Depois, a água é novamente filtrada, desta vez por micro filtros. Os dois cilindros azuis que se podem ver na foto possuem uma alta eficiência na remoção de resíduos sólidos minúsculos - como moléculas e partículas. Essas duas pré-filtragens preparam a água para passar pelo processo de osmose inversa.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Sob alta pressão
O aparelho azul (na foto) é uma bomba de alta pressão. Aplica uma forte pressão na água do mar, que é distribuída pelos cilindros brancos. No interior, encontram-se membranas semipermeáveis por onde a água é forçada a passar. Neste processo de filtragem, consegue-se a retenção de sais dissolvidos. Obtém-se a água doce e a salmoura - solução com alta concentração de sal - que é devolvida ao mar.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Volume do abastecimento
Na Cidade da Praia, funcionam duas unidades dessalinizadoras da Electra, com capacidade para produzir 15.000m3 de água doce por dia. Pelo menos 60% da população da capital recebe a água dessalinizada da Electra. Na foto, uma visão parcial da unidade mais moderna de Santiago, em funcionamento desde 2013. A Electra é reponsável pelo abastecimento de água de mais de metade da população do país.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Controlo de qualidade
A água doce produzida é analisada num laboratório onde é feito o controlo de qualidade. De acordo com a Electra, a transferência da água para consumo só é autorizada se apresentar as condições estabelecidas nos protocolos da Organização Mundial da Saúde (OMS). Na foto, a engenheira bioquímica Elisângela Moniz mostra as placas utilizadas para a contagem de coliformes totais e fecais.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Moderna tecnologia europeia
Cabo Verde utiliza tecnologias europeias, espanhola e austríaca, para a dessalinização da água do mar. Na foto, o reservatório de água da empresa austríaca Uniha, que tem capacidade para armazenar 1.500 m3 de água. A água dessalinizada não fica parada aqui: é constantemente bombeada para os reservatórios de distribuição existentes ao longo da Cidade da Praia.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Grandes perdas
Esses equipamentos são responsáveis por bombear a água para os tanques de distribuição da Cidade da Praia. No entanto, cerca de 55% de toda a produção é perdida durante este processo. As perdas são causadas por fugas de água em tubulações e reservatórios antigos para onde a água é enviada antes de chegar ao consumidor.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Desafios e esforços para produzir água
O engenheiro António Pedro Pina, diretor de Planeamento e Controlo da Electra, diz que os maiores desafios da empresa são "garantir a continuidade na produção, estabilidade na distribuição e combater as perdas que, neste momento, estão em cifras proibitivas". Pina defende, no entanto, que "tem sido feito um esforço enorme para garantir a continuidade da distribuição da água" em Cabo Verde.
Foto: DW/C.V. Teixeira
Recurso natural abundante
Terminado o processo de dessalinização, a água com alta concentração de sal, denominada salmoura, é devolvida ao mar. Composto por 10 ilhas, o arquipélago cabo-verdiano encontra-se cercado por uma fonte inesgotável para a produção de água potável. Os cabo-verdianos têm assim o recurso natural abundante para garantir à população o abastecimento de água dessalinizada e limpa, constantemente.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Preço da água ainda é alto
A água dessalinizada pela Electra em Santiago abastece os moradores da Cidade da Praia. Na foto, moradores do bairro Castelão, na capital cabo-verdiana, compram água no chafariz público - um dos poucos que ainda restam no país. Cada bidão de cerca de 30 litros de água custa 20 escudos cabo-verdianos (cerca de 0,20 euros). O valor é considerado alto por muitos cabo-verdianos.