Cabo Verde pede maior presença da Greenpeace no país
Lusa | rl
27 de fevereiro de 2017
O ministro da Agricultura e Ambiente de Cabo Verde entende que a organização não-governamental pode ajudar a reforçar a monitorização das águas e a exploração dos recursos de pesca do arquipélago.
Publicidade
O ministro da Agricultura e Ambiente de Cabo Verde, Gilberto Silva, pediu, esta segunda-feira (27.02) uma maior presença da organização não-governamental (ONG) Greenpeace no país no sentido de ajudar a reforçar a monitorização das águas e a exploração dos recursos de pesca do arquipélago.
"Cabo Verde tem uma Zona Económica Exclusiva (ZEE) que é cerca de 180 vezes mais extensa do que a parte terrestre, o que significa que precisamos de ter uma atitude responsável e monitorizar as nossas águas", afirmou o governante, que falava a bordo do navio Esperanza da organização ambientalista Greenpeace, que está em Cabo Verde, pela primeira vez, no âmbito de uma campanha para promover a pesca sustentável na costa Ocidental Africana.
Para Gilberto Silva, "a atuação da Greenpeace e de outras organizações, em parceria com entidades públicas, seria uma boa coisa para o controlo das nossas águas e para exploração dos recursos".
O barco da Greenpeace está atracado no porto da cidade da Praia desde a semana passada, tendo recebido esta segunda-feira entidades governamentais, organizações ligadas à pesca e à gestão dos portos cabo-verdianos, pescadores, peixeiras e estudantes. O objetivo é sensibilizar para as questões ambientais, como as más práticas pesqueiras, pesca ilegal e impacto das mudanças climáticas.
Salientando a importância desta "boa iniciativa", o ministro cabo-verdiano lembrou que a Greenpeace é uma organização que "tem feito muitas lutas em prol do ambiente no planeta e tem contribuído de forma substancial para a elevação da consciência ambiental no mundo".
"Para nós, é um motivo de regozijo estarem aqui com um projeto desta natureza", enfatizou o governante, que pediu ainda à Greenpeace que coopere mais com as organizações não-governamentais do país e reforce a educação ambiental das pessoas. "Com a globalização, os problemas são globais e as soluções devem ser globais, daí a importância da cooperação entre os países e organizações, no sentido de salvaguardar aquilo que temos de maior valor, que é mar", afirmou.
Greenpeace incentiva a solução conjunta
O gestor da campanha "Oceanos" da Greenpeace África, Ibrahima Cisse, alerta para a dimensão da sobrepesca e da pesca ilegal na zona da África Ocidental e defende uma abordagem regional que envolva seis países da região – Cabo Verde, Mauritânia, Guiné Bissau, Guine Conacri, Serra Leoa e Senegal – , locais por onde o barco irá passar durante as 11 semanas previstas para esta missão.
"Estamos aqui para reforçar uma abordagem regional e para ajudar os países a trabalharem em conjunto, porque alguns têm zonas económicas exclusivas enormes e não têm capacidade para as vigiar. Se pusermos estes países a trabalharem juntos, podemos melhorar a gestão das pescas, tendo em mente que a forma como se pesca, as mudanças climáticas e a poluição terão um impacto direto nas populações", explicou o responsável, acrescentando que "a pesca em excesso e a pesca ilegal nas águas oeste africanas constitui uma ameaça à segurança alimentar, às reservas de peixe e à saúde dos oceanos".
O navio Esperanza, o maior de três da Greenpeace, visitará quarta-feira (01.03) a Mauritânia. Segue depois para a Guiné-Bissau, Guine Conacri, Serra Leoa e Senegal.
Lago Tanganica: um grande lago em perigo
Um grupo ambientalista alemão elegeu o Lago Tanganica como "o lago em perigo de 2017". Faz parte dos Grandes Lagos e é partilhado pela Tanzânia, República Democrático da Congo, Burundi e Zâmbia.
Foto: NASA
Lago Tanganica
A Global Nature Fund, uma ONG com sede na Alemanha, nomeou o Lago Tanganica, localizado na África Central, como o "Lago Ameaçado de 2017". Em conjunto com parceiros locais, esta organização pretende alertar para a necessidade da adoção de medidas que levem à preservação deste lago, partilhado por quarto países africanos, nomeadamente, República Democrática do Congo, Tanzânia, Zâmbia e Burundi.
Foto: picture alliance/dpa/C. Frentzen
Poluição – uma das muitas ameaças
Poluição, sobre-exploração e sedimentação são alguns dos problemas que ameaçam a diversidade de espécies neste vasto lago africano. Resíduos industriais e domésticos, provenientes das cidades e aldeias localizadas no litoral, são descarregados nesta água. Também os "ferry" e os pescadores, que utilizam óleo para os geradores e para as luzes de pesca noturna, poluem o lago.
O Lago Tanganica possui 1.470 metros de profundidade, o que faz dele o segundo lago mais profundo do mundo. É também o segundo maior lago de água doce em volume. Só aqui estão aglomerados quase 17% dos recursos de água doce não congelada existentes no planeta. Milhões de pessoas dependem do lago para o seu sustento.
Foto: SeaWiFS Project
Crescimento da população aumenta pressão
O crescimento da população no Burundi, na República Democrática do Congo, na Tanzânia e na Zâmbia tem aumentado a pressão sobre os recursos do Lago Tanganica. Um milhão de pessoas vive na bacia deste reservatório e depende da pesca: cerca de cem mil são pescadores. Quanto maior a população, mais bocas são necessárias alimentar.
Foto: Getty Images/AFP/J. Cendon
Famoso pela biodiversidade
Crocodilos do Nilo, garoupas gigantes, medusas de água doce e enguias são apenas alguns dos exemplos da biodiversidade do Lago Tanganica. No total, possui mais de 1.500 espécies de plantas e animais, das quais 40% não podem ser encontradas em qualquer outra parte da Terra.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Fischer
Pesca excessiva
Os recursos naturais do Lago Tanganica estão a ser explorados em demasia. A pesca excessiva no lago levou a uma dramática redução nas capturas. Entre 1995 e 2011, o número de pescadores quadruplicou, enquanto o número total de peixes diminuiu cerca de um quarto. A quantidade de peixe capturada, por ano, por cada pescador individualmente desceu 81% no mesmo período de tempo.
Foto: Brent Stirton/Getty Images for WWF-Canon
Os desafios ambientais
Pius Yanda, professor especialista em alteracões climáticas da Universidade de Dar Es Salaam, na Tanzânia, entende que é importante que se discuta sobre como se deve responder às ameaças à integridade ecológica do lago. "Se as pessoas participarem ativamente no processo de discussão sobre as ameaças ambientais que o lago enfrenta será melhor", afirma.
Foto: Imago
Alterações climáticas
Em 2016, um estudo da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, mostrou que a escassez de pescado no lago não se deve apenas à pesca excessiva, mas também às alterações climáticas. O aumento da temperatura da água, registado desde 1800, está a contribuir também para o declínio das algas, o principal alimento dos peixes.