Cabo Verde: Primeiro-ministro assegura liberdade de imprensa
4 de março de 2017"Não há nenhum fato que demonstre que o Governo tem alguma intenção ou teve alguma ação que vai contra a liberdade de imprensa ou contra os jornalistas. Que me apresentem factos e evidências", afirmou aos jornalistas, esta sexta-feira (03.03), o primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva.
O chefe do executivo assegurou que, em nenhum momento, a liberdade de imprensa foi posta em causa. Direito esse essencial para que os jornalistas façam o seu trabalho de forma "tranquila, sem pressão e sem condicionamentos", completou Ulisses Correia e Silva.
As declarações acontecem depois da AJOC ter acusado, na quinta-feira (02.03), o ministro da Cultura das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, de querer instrumentalizar o setor público.
Em causa está um comentário que o ministro Abraão Vicente colocou na sua página na rede social Facebook, em que se referiu à Empresa Pública de Comunicação Social RTC como parte integrante do seu ministério.
"O Outro lado do MCIC: RTC Canal público de comunicação social! Estamos prontos para levar a todos os cabo-verdianos o grande desfile de Carnaval em direto de Mindelo, garantimos também cobertura com reportagens em todos os outros municípios", escreveu num texto acompanhado por várias fotografias da régie, incluindo uma do próprio ministro.
Ingerência governamental?
Em comunicado, a associação dos profissionais considera que o ministro Abraão Vicente insinua "um controle efetivo do trabalho dos profissionais" [...] "sugerindo que a ingerência não é apenas sobre a transmissão mas inclui, também, indicações diretas das reportagens que devem ser feitas pelos jornalistas".
Depois das críticas dos jornalistas, o ministro fez uma segunda publicação, justificando a sua intervenção com "o novo modelo de negócio" para o canal público, de que "o jornalismo e a informação são apenas uma parte muito pequena".
Abraão Vicente fez referência ainda a uma "nova geração de jornalistas que brevemente entrará no mercado" e que saberá "compreender e acompanhar melhor os novos tempos da empresa".
A AJOC entendeu a afirmação como uma ameaça de despedimento de "jornalistas que não concordem com tentativas de manipulação". A associação prometeu levar o caso junto de organizações internacionais de defesa da liberdade de imprensa.
O primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva saiu em defesa do ministro Abrão Vicente, sublinhando que em nenhum momento foi referido que vai haver despedimentos.