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PolíticaCabo Verde

Cabo Verde quer lugar para África no Conselho de Segurança

Lusa
23 de fevereiro de 2021

Presidente Jorge Carlos Fonseca defende uma reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas que "faça justiça" a África, o único continente sem representação permanente no mais importante órgão da organização.

Symbolbild UN-Sicherheitsrat
Foto: picture-alliance/dpa/A. Gombert

"É fundamental a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas para que possa haver uma representação mais justa e adaptada aos tempos de hoje. Tem de se fazer justiça a África, o único continente não representado de forma permanente", disse Jorge Carlos Fonseca, esta terça-feira (23.02).

O chefe de Estado cabo-verdiano falava no primeiro dia dos encontros "Triângulo Estratégico: América Latina - Europa - África", espaço de diálogo político e económico, promovido pelo Instituto para a Promoção da América Latina e Caraíbas (IPDAL).

Jorge Carlos Fonseca respondia, desta forma, quando questionado sobre as reformas necessárias no sistema multilateral para responder aos grandes desafios mundiais. "É a reforma mais emblemática e a que representa o maior desafio para o sistema multilateral", disse, assinalando os "interesses opostos" de vários grupos e os impasses que estes criam.

"A credibilidade do sistema multilateral está em jogo. É a própria declaração dos 75 anos das Nações Unidas que assume o compromisso de instilar essa reforma. É isso que pretendemos e para o qual queremos contribuir", sublinhou.

Países africanos alinhados contra a Covid-19

Os encontros "Triângulo Estratégico: América Latina - Europa - África", que este ano cumprem a sua décima edição e decorrem em formato online, têm como tema central a recuperação económica e na saúde global no pós-pandemia de Covid-19.

Jorge Carlos Fonseca, Presidente da República de Cabo Verde.Foto: DW/C. V. Teixeira

Neste contexto, Jorge Carlos Fonseca adiantou que Cabo Verde está alinhado com os países africanos da Comunidade Económica dos Países da África Ocidental (CEDEAO) e da União Africana (UA) na defesa do "acesso universal, equitativo e rápido" à vacina contra a Covid-19 em África.

Por outro lado, destacou a convergência entre países africanos também na proposta do perdão da dívida aos países pobres. "Devemos continuar a trabalhar conjuntamente de forma que nenhum país seja deixado para trás no que respeita à imunização da população e à retoma da economia", disse.

O chefe de Estado cabo-verdiano reconheceu a importância do mecanismo Covax, liderado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e Aliança para o Acesso às Vacinas (Gavi), mas reclamou "maior apoio internacional" à iniciativa que deverá permitir acesso a doses de vacinas para imunizar 35% da população dos países africanos. "Revela-se preocupante que o continente africano tenha de procurar mecanismos adicionais além do Covax para garantir que pelo menos 60% da população seja vacinada", disse.

"É preciso que a equidade seja um princípio vetor na distribuição do que é produzido em termos de vacinas", acrescentou.

O secretário-geral das Nações Unidas alertou esta segunda-feira que dez países administraram 75% das vacinas contra a covid-19 e que 130 não receberam uma única dose. Na segunda-feira, a Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou que Cabo Verde será um dos primeiros países africanos a receber vacinas contra a Covid-19 através da plataforma Covax, uma iniciativa conjunta da OMS e da Aliança para o Acesso às Vacinas (GAVI) para fornecer vacinas contra a Covid-19 a países de médio e baixo rendimento.

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