País está a ser afetado por uma seca extrema provocada pela falta da chuva. A barragem do Poilão, a maior do país, secou completamente. FAO inclui Cabo Verde na lista de países que necessitam de ajuda alimentar extrema.
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Em Novembro de 2015, a barragem de Poilão, no interior da ilha de Santiago, estava pintada do verde de esperança. A água tinha transbordado levando até a passeios de bote naquela barragem. As zonas limítrofes estavam cheias de plantações agrícolas, uma variedade de produtos e uma competição de quem vendia mais barato.
Dois anos e meio depois, a barragem secou por falta de chuva. O verde de esperança deu lugar a um castanho agreste. Passear na localidade só se for a pé, de uma ponta a outra. Sem uma gota de água, os agricultores falam numa situação extremamente difícil: campos secos e animais que desfalecem por falta de pasto são relatos que se multiplicam.
Esta é uma das piores secas a afetar Cabo Verde nos últimos 40 anos. Em entrevista à Rádio de Cabo Verde, o ministro da Agricultura, Gilberto Silva, afirmou que a situação vigente "só é comparável à seca de 1977 e à seca de 1947, em que a situação foi muito complicada". "Em 1947, inclusive, houve fome e mortandade”, lembra.
Preocupação com o gado
Depois de ter visitado, recentemente, o Maio, o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Santos, considerou gritante a situação do gado na ilha: "Tivemos a oportunidade de falar com dezenas de criadores de animais, com agricultores e com pescadores e ficámos com uma grande preocupação: a fragilidade dos criadores de gado e também a situação do gado na ilha do Maio".
"Há sinais visíveis de má nutrição, poderia dizer de fome, nos animais, há falta de água, há falta de ração e pasto. Os produtores, os agricultores e criadores de gado no Maio precisam de soluções urgentes antes que haja uma catástrofe nacional. O problema já não é só apoiar com ração, esse gado está magro e sem condições, esse gado já não produz leite nem carne é preciso salva-lo de morrer", alertou Jorge Santos.
PM nega emergência
Cabo Verde sofre a pior seca desde 1977
A seca severa levou a FAO a incluir Cabo Verde na lista de países a necessitar de assistência alimentar externa. Porém, o Primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, garante que a situação não é de crise alimentar.
"Não há um problema de emergência alimentar, situações de crise de alimentos para os cabo-verdianos. Isto não existe, o que existe são efeitos fortes relativamente aquilo que é o impacto da produção agrícola e pecuária e o efeito direto nas pessoas que vivem dessas actividades", sublinha. Ainda assim, o país já está a preparar o novo ano agrícola tendo em conta todos os cenários.
Seca em África
Não chove, as colheitas são más, pouco há para comer, há quem consuma ervas para saciar a fome: É a pior seca das últimas décadas. 14 milhões de pessoas estão em perigo. Angola e Moçambique são dois dos países afetados.
Foto: Reuters/T. Negeri
À espera de água
Os jerricans estão vazios, não há água à vista. A Etiópia atravessa a pior seca das últimas três décadas, sem chover durante meses a fio. Segundo as Nações Unidas, mais de dez milhões de pessoas precisam urgentemente de assistência alimentar. Em breve, o número pode duplicar.
Foto: Reuters/T. Negeri
Sem fonte de sustento
Uma grande parte dos etíopes vive da agricultura e da criação de gado. Os animais são, muitas vezes, a fonte de sustento da família. "Vi as últimas gotas de chuva durante o Ramadão", conta um agricultor da região de Afar, no nordeste da Etiópia. O mês de jejum dos muçulmanos terminou em julho. "Desde essa altura, nunca mais choveu. Não há água, não há pasto. O nosso gado morreu".
Foto: Reuters/T. Negeri
Perigo para as crianças
Em 1984, mais de um milhão de pessoas morreu de fome na Etiópia. Pouco mais de três décadas depois, os etíopes voltam a correr perigo, sobretudo as crianças. Segundo o Governo etíope, mais de 400.000 rapazes e raparigas estão gravemente subnutridos e precisam de tratamento médico.
Foto: Reuters/T. Negeri
O El Niño
A colheita também foi magra no Zimbabué. Neste campo perto da capital, Harare, em vez de maçarocas de milho viçosas crescem apenas estes grãos secos. A seca foi agravada pelo El Niño. Noutros locais, o fenómeno meteorológico provocou chuvas fortes e inundações.
Foto: Reuters/P. Bulawayo
No limite
Esta vaca está no limite das suas forças, mal consegue manter-se em pé. Os agricultores de Masvingo, no centro do Zimbabué, tentam movê-la. Em 2015, choveu metade do que havia chovido no ano anterior. Os campos ficaram completamente secos.
Foto: Reuters/P. Bulawayo
Seca em Moçambique
"Lá no nosso bairro já perdi trinta e cinco cabeças", conta um criador de gado do distrito de Moamba, a 80 quilómetros da capital moçambicana, Maputo. Milhares de famílias estão em situação de insegurança alimentar. A seca afeta principalmente o sul do país. O norte e centro têm sido fustigados por chuvas intensas.
Foto: DW/R. da Silva
Ervas para combater a fome
A província do Cunene, no sul de Angola, também tem sido afetada pela seca. À falta de outros alimentos, há populares que comem ervas para saciar a fome: "Muitos morreram, não há comida. Mas, depois, estas ervas causam diarreia", contou um morador do município do Curoca.
Foto: DW/A.Vieira
Rio seco
Seria impossível estar aqui, não fosse a seca. O rio Black Umfolozi, a nordeste da cidade sul-africana de Durban, ficou sem água à superfície. Só cavando os habitantes conseguem obter o líquido vital.
Foto: Reuters/R. Ward
Seca inflaciona os preços
O Malawi também atravessa um período de seca. E isso reflete-se aqui neste mercado perto da capital, Lilongwe. Os preços de produtos básicos como o milho aumentaram bastante, porque a colheita foi má e é necessário importá-los. Muitas vezes, os habitantes mal conseguem pagar os alimentos que precisam para sobreviver.