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Tempestade destrói orla marítima na ilha de Santiago

Lusa
16 de setembro de 2018

O muro da orla marítima da Cidade Velha, em Cabo Verde, foi destruído pelo mar durante um forte temporal que atingiu recentemente o arquipélago.

Kap Verde - Fortaleza Real de São Filipe
Foto: DW/J. Beck

Depois de um fim de semana de fortes ventos e chuvas, o mar junto à costa da Cidade Velha, na ilha de Santiago, ficou especialmente agitado na manhã de segunda-feira (10.09), ao ponto de destruir um muro de pedras ali edificado há 17 anos. Sem obstáculos, o mar galgou a terra e avançou para dentro dos restaurantes localizados junto à orla, levando pedras, terra e transportando para longe mesas e cadeiras. Algumas paredes dos estabelecimentos comerciais ficaram totalmente destruídas.

"Esta tempestade trouxe alguns estragos significativos, ao ponto de invadir o nosso restaurante, levando mesas e cadeiras, recuperadas pelos trabalhadores da Câmara Municipal" da Ribeira Grande de Santiago, conta Nelson Alfama, da gerência do Restaurante Pelourinho, um dos mais emblemáticos da Cidade Velha, património da humanidade desde 2009.

Preocupados com a instalação da eletricidade

No chão do restaurante Pelourinho, ainda há terra, mas a limpeza do espaço proporciona agora algum espaço limpo, onde as mesas já estão de novo à espera de clientes. No entanto, outros estabelecimentos não tiveram a mesma sorte e permanecem encerrados.

Luciano Barbosa já tem as mesas preparadas para receber os clientes do Restaurante Penedinho, que devido à tempestade deixou de ter esplanada. "A subida do mar deixou assim o pavimento, deixou-nos sem a esplanada, coisa que nunca vi na vida", afirmou, referindo que em 17 anos de muro foi a primeira vez que o mar o conseguiu destruir.

Neste local, foram precisas muitas mãos e horas para retirar "as pedras, areia e lama" que o mar trouxe para o interior do restaurante. Recomeçou a funcionar na quinta-feira e o seu proprietário espera agora que as obras de reconstrução do muro avancem brevemente. "Nunca vi uma tempestade tão forte", disse Luciano Barbosa, há oito anos à frente do estabelecimento comercial. E aos turistas mais curiosos, que o questionam sobre o estado da orla marítima desta cidade histórica, responde apenas: "Foi a natureza”.

Mar ameaça agora área que é património da UNESCOFoto: DW/J. Beck

Para Bertoni, do Restaurante Praça do Mar, junto ao qual o muro ainda está erguido, por estar localizado num local mais alto, a agitação marítima impediu o funcionamento do espaço durante três dias. Afastadas das mesas já postas para o almoço, são ainda visíveis centenas de pedras que para ali foram atiradas após serem retiradas da esplanada do restaurante. "O mar encheu todo este lugar de pedras. Tivemos de retirar as cadeiras, mesas, para evitar prejuízos maiores. Ainda assim, o muro ajudou a travar o mar e as pedras", disse.

Bertoni congratula-se com o facto de os clientes continuarem a chegar e afirmou mesmo que muitas pessoas se deslocaram até ao restaurante, por estarem preocupadas e quererm saber o que tinha acontecido. O susto foi grande, o maior desde que está à frente do restaurante, e Bertoni diz que "mesmo as pessoas bem mais velhas ficaram assustadas. Há muito tempo que não viam uma coisa assim".

Fazer contas ao prejuízo

Para a Câmara Municipal da Ribeira Grande, a hora é de fazer contas aos estragos. A presidente da câmara Cláudia Almeida revelou que estão contabilizados 10 milhões de escudos cabo-verdianos (cerca de 90 mil euros) de prejuízos. A tempestade "trouxe enormes prejuízos para o município da Ribeira Grande de Santiago, não só atingiu a orla marítima da Cidade Velha, mas também provocou estragos em outras localidades: Porto Mosquito, Pico Leão e localidade de Santana", diz Cláudia Almeida.

Para a autarca de Ribeira Grande, a câmara não tem condições para abarcar o custo da obra de recuperação do muro destruído e de outras intervenções necessárias e que estão a contar com o apoio do Governo, ao qual vão enviar informação detalhada sobre os estragos e os montantes necessários para os reparar.

Segundo Cláudia Almeida, esta tempestade teve "um impacto diferente, mais forte" e a previsão de mais chuva aumenta a preocupação dos responsáveis autárquicos.

"A orla marítima está completamente destruída e não tem proteção e temos habitações e estabelecimentos de serviços e hotelaria que ficaram completamente destruídos. Até põe em causa o sítio histórico, onde a inundação causou estragos", disse.

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