Cabo Verde: Protesto por melhores condições laborais
Lusa | cvt
11 de janeiro de 2020
Dezenas de trabalhadores marcharam, este sábado (11.01) na cidade da Praia, exigindo "aumentos salariais" e "liberdade sindical", no primeiro de dois protestos que também marcam divisão na maior central sindical do país.
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A primeira destas manifestações decorreu esta manhã, ao som dos batuques e com paragem em frente ao Palácio do Governo, tendo sido organizada pela direção da União Nacional dos Trabalhadores Cabo-verdianos - Central Sindical (UNTC-CS), a maior do país.
A reposição do poder de compra, a denúncia de despedimentos sem justa causa, promoções baseadas em favores políticos e nepotismo, assédios nos locais de trabalho ou incumprimentos dos acordos rubricados na concertação social foram alguns dos motivos levantados no protesto.
"Ainda assim, valeu a pena. Os trabalhadores não querem dar a cara com medo, medo de represálias", comentou aos jornalistas a secretária-geral da UNTC-CS, Joaquina Almeida, a propósito da reduzida mobilização para a manifestação.
Cabo Verde: Uma carpinteira de sucesso
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Mais protestos
Para segunda-feira, 13 de janeiro, feriado nacional, dia da Liberdade e da Democracia, está convocado novo protesto, desta vez envolvendo 12 dos 13 sindicados filiados na UNTC-CS, que vão também sair às ruas em todo o país, não só para chamarem atenção para a situação sócio-laboral, mas também em discórdia com a maior central sindical.
"Não fui ainda convidada, aguardo até ao último momento o convite para estar presente", disse ainda Joaquina Almeida, que explicou anteriormente que só na semana passada deu a indicação do dia da realização da manifestação, mas que já tinha convidado todos os sindicatos da ilha de Santiago para se reunirem e decidirem a ação reivindicativa em conjunto.
Para a secretária-geral, todas as manifestações dos trabalhadores têm razão de existir e serão sempre apoiadas pela central sindical.
Divisão sindical
Antes da marcha de hoje, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Financeiras (STIF) de Cabo Verde, Aníbal Borges, disse que a manifestação da UNTC-CS, onde é filiado, é uma "fuga em frente" e um "sinal de desespero" por parte da direção da maior central sindical do país.
O sindicalista, que anunciou a manifestação de 13 de janeiro ainda no mês de dezembro, salientou que a direção da UNTC-CS "sentiu-se ultrapassada e desautorizada" pela esmagadora maioria dos sindicatos nela filiados e que convocaram aquele protesto.
Governo nega "razões" para protestos
O Orçamento do Estado de Cabo Verde para 2020 não contempla aumentos salariais na Função Pública, mas o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, considerou anteriormente que não há razões para as manifestações. Apontou que o seu Governo tem criado mais empregos, mais rendimento e tem melhorado as condições de vida das famílias.
O chefe do Governo sublinhou o direito dos sindicatos, mas disse que não é suportando a reivindicação na atualização salarial que os sindicatos conseguem convencer os cabo-verdianos da bondade da manifestação.
A UNTC-CS, com mais de 40 anos, é a maior central sindical cabo-verdiana conta com mais de 35 mil membros inscritos.
A dura vida dos trabalhadores informais de Moçambique
O trabalho informal é fonte de renda de muitos moçambicanos. Seja vendendo produtos ou serviços, a prática de atividades nas ruas é o ganha-pão de muitas famílias, mas impõe uma série de dificuldades e riscos.
Foto: DW/B. Jequete
Lavagem de carros
Por falta de emprego, muitos jovens decidiram atuar como empreendedores. Alguns ganham a vida a lavar carros nas ruas, bermas e esquinas da cidade de Chimoio, capital provincial de Manica. Muitas viaturas já não vão para as empresas que atuam no setor, porque os jovens oferecem o serviço a preços baixos, conquistando assim os clientes.
Foto: DW/B. Jequete
Água difícil de encontrar
Os lavadores de carros, que fazem do seu ganha-pão a atividade de lavar viaturas nas ruas, passam imensas dificuldades para encontrar uma fonte de abastecimento de água ou um poço tradicional. Percorrem longas distâncias para encontrar um local onde possam adquirir a água necessária para o trabalho, muitas vezes longe da zona de cimento.
Foto: DW/B. Jequete
Iniciate em ação
Salvador Manuel, de 26 anos de idade, diz ser novo na atividade de lavagem de viaturas nas ruas. "Eu não fazia nada, e um dia meu amigo convidou me para lhe ajudar a lavar carros aqui na cidade. Tive muita vergonha nos primeiros dias, mas tempos depois engrenei-me e agora já faço sozinho o trabalho," revela.
Foto: DW/B. Jequete
Odor desagradável
As principais ruas e avenidas da cidade ficam alagadas, resultado da lavagem das viaturas. Como não há sistema de esgoto, a água acaba formando pequenas poças que tendem a exalar um odor desagradável. O fato leva a edilidade a voltar as costas para os empreendedores. Caso sejam interpelados pelos fiscais, são aprendidos os materiais usados no trabalho como forma de desencorajar a prática.
Foto: DW/B. Jequete
Gravar a matrícula
Carlos Vasco, de 34 anos de idade, prefere dedicar-se à gravação da matrícula de viaturas e motorizadas. Ele diz estar a ganhar um "bom dinheiro" com o trabalho, suficiente para sustentar sua família. Há quem financie os estudos e outras necessidades com esta atividade. Alguns possuem formação académica, outros ainda estão a frequentar o ensino superior.
Foto: DW/B. Jequete
Roupas usadas
Em Chimoio, a roupa usada é vendida nos passeios, à beira das estradas e debaixo de árvores de sombra. Os empresários da urbe estão contra a atividade, devido à concorrência. "Na rua", os clientes também encontram boa roupa e a preço baixo. No entanto, quando os fiscais aparecem, recolhem toda a mercadoria – um risco diário para quem opta pela atividade.
Foto: DW/B. Jequete
Vender alimentos
Muitas vendedoras de alimentos alegam ter abandonado os mercados por "falta de movimento". Dizem que os clientes já não se fazem sentir nos mercados. Esta camada vende tomate, tubérculos, verduras, pepinos, feijões, entre outros produtos. A má conservação dos produtos atenta a saúde pública. Outro problema é que ocupam os passeios, obrigando os cidadãos a circular nas faixas de rodagem.
Foto: DW/B. Jequete
Vidas em risco
Produtos são vendidos também na via pública. Para além das principais artérias da cidade, muitos vão de estabelecimento em estabelecimento a oferecer os seus produtos, conquistando a clientela. Outros, caminham mesmo entre os carros, na esperança de encontrar os seus clientes em pleno trânsito e, ao mesmo tempo, colocando a própria vida em risco.
Foto: DW/B. Jequete
Recarga de telemóvel
A maior parte dos vendedores de cartões de recarga de telemóvel na cidade de Chimoio são adolescentes e jovens que perambulam pelas artérias da cidade. Muitos pernoitam nas ruas e trabalham sem folgas. Estão sempre atentos à chamada dos clientes, alguns destes automobilistas – o que tem gerado um número de acidentes.
Foto: DW/B. Jequete
À espera de um emprego
A atividade informal mais concorrida é o comércio - trabalho pelo qual optam, enquanto aguardam por um emprego formal. Muitos estão a investir o lucro para pagar os estudos, além do próprio sustento. Não é novidade encontrar um jovem com curso superior a vender nas ruas de Chimoio. Alguns têm vergonha de fazer o negócio e acabam se envolvendo em atos criminosos ou com as drogas.