Em quarentena há 12 dias, trabalhadores de hotel da ilha da Boa Vista, onde foram detetados dois casos de Covid-19, vão ser testados dentro de uma semana. Data de saída do estabelecimento ainda é uma incógnita.
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Os 210 trabalhadores que estão em quarentena há 12 dias num hotel na ilha da Boa Vista vão ser submetidos a testes dentro de uma semana.
A garantia foi dada na segunda-feira (30.03) pelo ministro cabo-verdiano da Saúde, Arlindo do Rosário, depois de os trabalhadores denunciarem a situação num vídeo publicado nas redes sociais, no domingo.
"Serão realizados testes a todos os funcionários e todo o pessoal que está lá dentro do hotel. Em função desses resultados, poderemos encontrar outras soluções em termos de saída do hotel", assegurou o ministro.
Os trabalhadores aplaudem a realização dos testes. Contudo, lamentam que as autoridades só tenham agido depois das queixas.
"Se ficarmos calados, eles não fazem nada", disse à DW África Ileia Morais, que está no hotel em quarentena e falou em nome dos colegas. Segundo ela, os trabalhadores só souberam que vão realizar o teste pela comunicação social.
Cabo Verde em alerta por causa do coronavírus, mas sem laboratórios
02:14
Saída do hotel é uma incógnita
Por enquanto, não se sabe quando os trabalhadores poderão deixar o hotel.
"Estavam a dizer que, se aparecer mais um caso, eram mais catorze dias. Se aparecer mais dois, mais catorze dias. Então, como é isto? Não estou a entender. A gente vai ficar aqui para sempre?"
Ileia Morais diz que tem um filho pequeno em casa: "Ele precisa de mim. Eu não posso ficar sujeita a esta situação", critica.
Os trabalhadores pedem que os testes sejam realizados mais cedo. Mas, segundo o ministro da Saúde, a realização dos testes deve seguir as orientações e diretivas técnicas para garantir que os resultados sejam fiáveis.
"Pode acontecer que, se não for na altura própria, no momento certo de fazer os testes, podemos ter um teste, eventualmente, com resultado negativo, mas que não nos dá segurança de que, de facto, a pessoa uns dias depois não pudesse dar positivo", afirmou Arlindo do Rosário.
"É conveniente falar a verdade às pessoas. Dizer às pessoas que estamos em contingência e que temos que lidar com ela", frisou.
Cabo Verde está em estado de emergência, contabilizando seis casos de infeção por Covid-19 e uma morte. Destes casos positivos, quatro são na ilha da Boa Vista e dois na Cidade da Praia.
No arquipélago há quatro casos suspeitos e centenas de pessoas em quarentena. Neste momento, o país tem capacidade para realizar três mil testes rápidos de Covid-19.
O que mudou em Cabo Verde com a Covid-19
Cabo Verde registou quatro casos de infeção por Covid-19 e uma morte. Todos os casos são importados. Centenas de pessoas estão em isolamento e os voos foram condicionados. O dia a dia também está a ser afetado.
Foto: DW/A. Semedo
Movimentação reduzida nas ruas
A chegada do novo coronavírus a Cabo Verde mudou a rotina dos cabo-verdianos, sobretudo nos centros urbanos, onde se tem notado a diminuição de movimentação e aglomeração de pessoas. Muitos preferem ficar em casa para diminuir o contacto social. Eventos com muitas pessoas foram suspensos em todo o país. Discotecas foram encerradas, bares e restaurantes passaram a fechar mais cedo.
Foto: DW/A. Semedo
Férias escolares antecipadas
Cabo Verde antecipou as férias escolares do ensino pré-escolar, básico e secundário para o dia 23 de março, como medida de contenção à Covid-19. As universidades também suspenderam todas as aulas e outras atividades formativas. Foram ainda estabelecidas medidas "excecionais e temporárias" para o funcionamento de creches, com a possibilidade do teletrabalho para os pais.
Foto: DW/A. Semedo
Informar com urgência a população
Campanhas de sensibilização e de esclarecimento à população sobre a Covid-19 estão a ser realizadas pelas autoridades em Cabo Verde. Carros passam informações à população sobre o que é a Covid-19, as formas de transmissão e como prevenir a doença. Estas viaturas circulam nos centros das cidades e bairros para reforçar a comunicação.
Foto: DW/A. Semedo
Transportes urbanos com lotação a 50%
Os transportes urbanos e interurbanos, como taxis e "hiaces", já estão a sentir os efeitos da Covid-19. A lotação passou para metade, com impacto direto no rendimento dos condutores. A medida visa aumentar o distanciamento entre os passageiros e evitar o contágio. "Hiacistas" e taxistas pedem apoio ao Governo para colmatarem as perdas, como a suspensão de impostos ou a facilitação de créditos.
Foto: DW/A. Semedo
Praias interditadas em todo país
As autoridades interditaram o acesso às praias do país para evitar a aglomeração de pessoas e, consequentemente, prevenir o contágio e a disseminação da Covid-19. A proibição durará enquanto se mantiver o plano de contingência a nível nacional decretado pelo Governo. A polícia está a patrulhar as zonas balneares para garantir o cumprimento da interdição.
Foto: DW/A. Semedo
Acesso limitado aos locais públicos
Mercados, bancos, farmácias, lojas e outras instituições estão a limitar a entrada de pessoas para prevenir a Covid-19, o que tem levado à criação de filas à porta destes espaços. Nos mercados da Praia, por exemplo, foi proibida a entrada de crianças e as vendedeiras com mais de 65 anos devem ficar em casa. Feiras e vendas de animais vivos são agora proibidas. Algumas lojas chinesas já fecharam.
Foto: DW/A. Semedo
Corrida aos supermercados
O anúncio do plano de contingência para a prevenção e controlo da Covid-19 e do primeiro caso da doença no país, disparou as compras em Cabo Verde. O medo de ficar sem alimentos levou as pessoas a comprarem grandes quantidades de comida e produtos de higiene. O Governo alertou a população para não açambarcarem os produtos e reforçou a fiscalização contra a especulação de preços.
Foto: DW/A. Semedo
O medo de ficar sem gás butano
O anúncio do primeiro caso de Covid-19 no país levou os cidadãos à compra desenfreada de gás butano para armazenamento, temendo a sua falta no mercado. Vários postos de venda ficaram sem este combustível para atender à elevada procura. Entretanto, as empresas de combustíveis garantem à população que têm stocks de gás suficiente para abastecer o mercado, afastando um cenário de escassez.
Foto: DW/A. Semedo
Faltam materiais de proteção individual
A falta de máscaras e álcool em gel no mercado tem deixado os cidadãos muito preocupados. A procura por estes produtos aumentou drasticamente com o registo do primeiro caso de Covid-19 no país. A empresa de medicamentos Inpharma passou a produzir álcool em gel para abastecer o país e já garantiu o fornecimento de máscaras às farmácias. Porém, a venda destes produtos está a ser racionada.