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Cresce abandono do tratamento à SIDA em Cabo Delgado

2 de agosto de 2021

As autoridades de Cabo Delgado estão preocupadas com o número cada vez maior de doentes por HIV/SIDA que abandonam o tratamento antirretroviral. Maior número de desistências é composto por homens que temem discriminação.

Humanprobe für das HIV-Testmodell
Foto: Imago Images/Westend61/A. Brookes

Cerca de 160 mil pessoas vivem com o HIV na província de Cabo Delgado, segundo dados da Secretaria de Estado. O sector da saúde diz ter diagnosticado, só no ano passado, mais 9.600 casos positivos. Esse aumento de infecções por HIV e abandono ao tratamento antirretroviral (TARV) estão a preocupar o Governo, afirma António Supeia, secretário de Estado em Cabo Delgado.

O maior número de desistências é composto principalmente por indivíduos do sexo masculino. Muitos homens temem que a sua seropositividade seja conhecida e com isso sejam estigmatizados e discriminados pela sociedade. Assim, depois dos diagnósticos positivos, não seguem com o tratamento. "É um medo de morte social”, afirma Supeia.

De acordo com o Secretário do Conselho Provincial do Combate ao HIV/SIDA (CPCS), Teles Jemusse, este grupo de indivíduos torna-se o principal motor de disseminação de mais infeções do vírus HIV, que causa a SIDA. Jemusse ainda explica que muitos dos portadores do vírus deixam de ir às unidades sanitárias e de fazer o teste pelo medo do estigma. E, por consequência de serem assintomáticos, seguem com a sua vida sexual ativa e se tornam um dos principais focos de disseminação da doença. "É que muitos deles têm mais medo da morte social do que da morte por doença”, clarifica Jemusse.

Campanha contra o HIV/SIDA lançada em Cabo Delgado em 2019Foto: DW

"É melhor seguir o tratamento"

Entretanto, há quem tenha vencido este medo. Os pacientes Átimo Omar e Mitilage Náutica descobriram que eram seropositivos há alguns anos. Ambos decidiram seguir rigorosamente com o tratamento.

Náutica diz que desde dia do diagnóstico, e durante o tratamento, não teve medo algum. "Eu já tinha decidido - eu tenho de viver neste mundo.”, afirma. Ele conta que muitos dos portadores de HIV acusam os profissionais da saúde de transmitir o vírus, mas relembra que "a SIDA não se dá com o pessoal de saúde. Eles [apenas] fazem o diagnóstico.”

Omar recomenda ser melhor seguir com os tratamentos médicos e não ter medo do diagnóstico positivo. "Há pessoas que têm vergonha, mas digo-lhes que vergonha mata”, declara.

Secretário Teles Jemusse revelou dados preocupantesFoto: DW/D. Anacleto

Como forma de sensibilizar a sociedade e as pessoas seropositivas sobre a importância dos testes e do tratamento, foi lançada recentemente em Cabo Delgado a campanha "Somos iguais”. Jemuse pontua que os objetivos da campanha são trazer mais homens ao tratamento antirretroviral, retê-los. Ele relembra que é fundamental reduzir o estigma e discriminação ligados ao HIV/Sida, já que essa tem sido a principal causa de abandono ao tratamento.

Os dados do Inquérito de Indicadores de Imunização, Malária e HIV/SIDA em Moçambique (IMASIDA), realizado no ano de 2015, indicam que a província de Cabo Delgado possui uma taxa de seroprevalência de VIH de 13.8 por cento, uma das mais altas do país.

Porque é que é tão difícil viver com VIH/Sida no Uganda?

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