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PolíticaCamarões

Camarões: Paul Biya poderá concorrer a mais um mandato

Bouba Jalloh
17 de janeiro de 2025

O Presidente dos Camarões, Paul Biya, de 92 anos, pode voltar a concorrer a mais um mandato de sete anos. A concretizar-se, será o oitavo consecutivo de Biya, há mais de 42 anos no poder. Oposição está fragilizada.

Paul Biya, Presidente dos Camarões, na Cimeira dos Líderes Africanos dos EUA em Washington DC, em dezembro de 2022
Membros do partido de Paul Biya já escreveram moções de apoio a pedir que se candidateFoto: Jemal Countess/UPI/newscom/picture alliance

Os camaroneses vão a votos no final deste ano. O académico e analista político John Akpo acredita que Paul Biya vai concorrer pa mais um mandato. "Não há dúvidas sobre a candidatura do Presidente Paul Biya às próximas eleições. Membros do seu partido já escreveram moções de apoio pedindo-lhe que se candidate", lembra.

O governante mais antigo de África anda com problemas sérios de saúde. Ainda assim, não parece estar disposto a abandonar o poder, contra a expetativa de muitos camaroneses.

"Muitos camaroneses esperavam que Paul Biya iria dizer que já não quer candidatar-se à presidência. Mas infelizmente vimos mais ambição do lado dele para continuar e o povo não está orgulhoso por isso", comenta o académico.

Oposição "satélite"

Paul Biya governa os Camarões há mais de 42 anos. É reconhecido por ter instaurado uma democracia multipartidária no país. Para as eleições deste ano, o líder nonagenário conta com o apoio de alguns partidos da oposição que endossaram a sua candidatura para mais um mandato, que poderá terminar em 2032. Nessa altura, Biya terá 99 anos.

"Os partidos da oposição que pedem o regresso do Presidente Paul Biya são partidos satélite criados pelo mesmo partido no poder para combater a oposição" real, explica John Akbo.

Akbo acrescenta que os verdadeiros partidos da oposição camaronesa "ainda sofrem intimidação e qualquer pessoa com opiniões diferentes é presa ou intimidada".

Oposição é silenciada nos Camarões

02:01

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O governo de Paul Biya é acusado pelos seus críticos de detenção arbitrária de centenas de manifestantes pacíficos, incluindo o segundo classificado nas eleições presidenciais de 2018, Maurice Kamto, que passou nove meses na prisão sem acusação em 2019 e só foi libertado após forte pressão internacional.

Conjuntura económica frágil

O país também enfrenta problemas de inflação e recessão económica, em parte causada pela guerra civil que durou sete anos, liderada por separatistas anglófonos nas regiões sudoeste e noroeste.

Cerca de 23% da população a viver abaixo do limiar de pobreza extrema. Os recentes índices de corrupção classificaram os Camarões como uma das nações mais corruptas do mundo.

John Akpo sublinha que a corrupção está na medula óssea de todos os seres políticos dos Camarões. "Os projetos do Estado foram abandonados em favor de projetos pessoais, os camaroneses não têm que comer e os professores dos Camarões não conseguem ter condições de vida básicas", destaca o analista.

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