Camarões: Paul Biya poderá concorrer a mais um mandato
Bouba Jalloh
17 de janeiro de 2025
O Presidente dos Camarões, Paul Biya, de 92 anos, pode voltar a concorrer a mais um mandato de sete anos. A concretizar-se, será o oitavo consecutivo de Biya, há mais de 42 anos no poder. Oposição está fragilizada.
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Os camaroneses vão a votos no final deste ano. O académico e analista político John Akpo acredita que Paul Biya vai concorrer pa mais um mandato. "Não há dúvidas sobre a candidatura do Presidente Paul Biya às próximas eleições. Membros do seu partido já escreveram moções de apoio pedindo-lhe que se candidate", lembra.
O governante mais antigo de África anda com problemas sérios de saúde. Ainda assim, não parece estar disposto a abandonar o poder, contra a expetativa de muitos camaroneses.
"Muitos camaroneses esperavam que Paul Biya iria dizer que já não quer candidatar-se à presidência. Mas infelizmente vimos mais ambição do lado dele para continuar e o povo não está orgulhoso por isso", comenta o académico.
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Oposição "satélite"
Paul Biya governa os Camarões há mais de 42 anos. É reconhecido por ter instaurado uma democracia multipartidária no país. Para as eleições deste ano, o líder nonagenário conta com o apoio de alguns partidos da oposição que endossaram a sua candidatura para mais um mandato, que poderá terminar em 2032. Nessa altura, Biya terá 99 anos.
"Os partidos da oposição que pedem o regresso do Presidente Paul Biya são partidos satélite criados pelo mesmo partido no poder para combater a oposição" real, explica John Akbo.
Akbo acrescenta que os verdadeiros partidos da oposição camaronesa "ainda sofrem intimidação e qualquer pessoa com opiniões diferentes é presa ou intimidada".
Oposição é silenciada nos Camarões
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O governo de Paul Biya é acusado pelos seus críticos de detenção arbitrária de centenas de manifestantes pacíficos, incluindo o segundo classificado nas eleições presidenciais de 2018, Maurice Kamto, que passou nove meses na prisão sem acusação em 2019 e só foi libertado após forte pressão internacional.
Conjuntura económica frágil
O país também enfrenta problemas de inflação e recessão económica, em parte causada pela guerra civil que durou sete anos, liderada por separatistas anglófonos nas regiões sudoeste e noroeste.
Cerca de 23% da população a viver abaixo do limiar de pobreza extrema. Os recentes índices de corrupção classificaram os Camarões como uma das nações mais corruptas do mundo.
John Akpo sublinha que a corrupção está na medula óssea de todos os seres políticos dos Camarões. "Os projetos do Estado foram abandonados em favor de projetos pessoais, os camaroneses não têm que comer e os professores dos Camarões não conseguem ter condições de vida básicas", destaca o analista.
Os chefes de Estado há mais tempo no poder
São presidentes, príncipes, reis ou sultões, de África, da Ásia ou da Europa. Estes são os dez chefes de Estado há mais tempo no poder.
Foto: Jack Taylor/Getty Images
Do golpe de Estado até hoje - Teodoro Obiang Nguema
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo assumiu a Presidência da Guiné Equatorial em 1979, ainda antes de José Eduardo dos Santos. Teodoro Obiang Nguema derrubou o seu tio do poder: Francisco Macías Nguema foi executado em setembro de 1979. A Guiné Equatorial é um dos países mais ricos de África devido às receitas do petróleo e do gás, mas a maioria dos cidadãos não beneficia dessa riqueza.
Foto: DW/R. Graça
O Presidente que adora luxo - Paul Biya
Paul Biya é chefe de Estado dos Camarões desde novembro de 1982. Muitos dos camaroneses que falam inglês sentem-se excluídos pelo francófono Biya. E o Presidente também tem sido alvo de críticas pelas despesas que faz. Durante as férias, terá pago alegadamente 25 mil euros por dia pelo aluguer de uma vivenda. Na foto, está acompanhado da mulher Chantal Biya.
Foto: Reuters
Mudou a Constituição para viabilizar a reeleição - Yoweri Museveni
Yoweri Museveni já foi confirmado seis vezes como Presidente do Uganda. Para poder concorrer às eleições de 2021, Museveni mudou a Constituição e retirou o limite de idade de 75 anos. Venceu o pleito com 58,6% dos votos, reafirmando-se como um dos líderes autoritários mais antigos do mundo. O candidato da oposição, Bobi Wine, alegou fraude generalizada na votação e rejeitou os resultados oficiais.
Foto: Getty Images/AFP/I. Kasamani
"O Leão de Eswatini" - Mswati III
Mswati III é o último governante absolutista de África. Desde 1986, dirige o reino de Eswatini, a antiga Suazilândia. Acredita-se que tem 210 irmãos; o seu pai Sobhuza II teve 70 mulheres. A tradição da poligamia continua no seu reinado: até 2020, Mswati III teve 15 esposas. O seu estilo de vida luxuoso causou protestos no país, mas a polícia costuma reprimir as manifestações no reino.
Foto: Getty Images/AFP/J. Jackson
O sultão acima de tudo - Haji Hassanal Bolkiah
Há quase cinco décadas que o sultão Haji Hassanal Bolkiah é chefe de Estado e Governo e ministro dos Negócios Estrangeiros, do Comércio, das Finanças e da Defesa do Brunei. Há mais de 600 anos que a política do país é dirigida por sultões. Hassanal Bolkiah, de 74 anos, é um dos últimos manarcas absolutos no mundo.
Foto: Imago/Xinhua/J. Wong
Monarca bilionário - Hans-Adam II
Desde 1989, Hans-Adam II (esq.) é chefe de Estado do Liechtenstein, um pequeno principado situado entre a Áustria e a Suiça. Em 2004, nomeou o filho Aloísio (dir.) como seu representante, embora continue a chefiar o país. Hans-Adam II é dono do grupo bancário LGT. Com uma fortuna pessoal estimada em mais de 3 mil milhões de euros é considerado o soberano europeu mais rico.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Nieboer
De pastor a parceiro do Ocidente - Idriss Déby
Idriss Déby (à esq.) foi Presidente do Chade de 1990 a 2021. Filho de pastores, Déby formou-se em França como piloto de combate. Apesar do seu autoritarismo, Déby foi um parceiro do Ocidente na luta contra o extremismo islâmico (na foto com o Presidente francês Macron). Em abril de 2021, um apenas dia após após a confirmação da sua sexta vitória eleitoral, Déby foi morto num combate com rebeldes.
Foto: Eliot Blondet/abaca/picture alliance
Procurado por genocídio - Omar al-Bashir
Omar al-Bashir foi Presidente do Sudão entre 1993 e 2019. Chegou ao poder em 1989 depois de um golpe de Estado sangrento. O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu em 2009 um mandado de captura contra al-Bashir por alegada implicação em crimes de genocídio e de guerra no Darfur. Em 2019, foi deposto e preso após uma onda de protestos no país.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
O adeus - José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos foi, durante 38 anos (de 1979 a 2017), chefe de Estado de Angola. Mas não se recandidatou nas eleições de 2017. Apesar do boom económico durante o seu mandato, grande parte da população continua a viver na pobreza. José Eduardo dos Santos tem sido frequentemente acusado de corrupção e de desvio das receitas da venda do petróleo. A sua família é uma das mais ricas de África.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Novais
Fã de si próprio - Robert Mugabe
Robert Mugabe chegou a ser o mais velho chefe de Estado do mundo (com uma idade de 93 anos). O Presidente do Zimbabué esteve quase 30 anos na Presidência. Antes foi o primeiro-ministro. Naquela época, aconteceram vários massacres que vitimaram milhares de pessoas. Também foi criticado por alegada corrupção. Após um levantamento militar, renunciou à Presidência em 2017. Morreu dois anos mais tarde.