Camarões: Eleições realizam-se depois de dois adiamentos
DPA | AFP | Lusa | rl
9 de fevereiro de 2020
Eleições legislativas e municipais realizam-se, este domingo(09.02), nos Camarões. Boicote da oposição e violência nas regiões anglófonas assombram votação. Urnas abriram sem imprevistos.
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Cerca de nove milhões de eleitores são, este domingo (09.02), chamados às urnas nos Camarões, para escolher os 180 deputados da Assembleia Nacional e também os próximos representantes municipais. Ambas as eleições - legislativas e municipais - ocorrem dois anos depois do inicialmente previsto, devido à crise anglófona, que fez já mais de 3.000 mortes e 500.000 deslocados.
A votação ocorre num clima de medo e instabilidade, devido ao apelo de boicote à votação por parte de um dos principais candidatos da oposição, Maurice Kamto, e ameaça de bloqueio à votação nas regiões anglófonas. No entanto, esta manhã, as urnas abriram sem incidentes.
Alegando que as eleições não serão livres nem justas, os separatistas prometeram boicotar a votação. Em resposta, o governo enviou centenas de militares para a região para reforçar a segurança.
Esta manhã, à hora de abertura das urnas, foi notória a presença dos polícias nas ruas de Buea, a capital da Região Sudoeste do país, uma das duas províncias dominadas pela violência separatista.
A participação das regiões anglófonas nas eleições presidenciais de 2018 ficou-se pelos 10%. Também, este domingo, a abstenção deverá ser elevada. Esta manhã, descreve a agência de notícias AFP, as mesas de voto da cidade estavam quase desertas.
Concorrem mais de 40 partidos
Estão na corrida aos lugares no parlamento mais de 40 partidos, mas tudo aponta que o Comício Democrático do Povo dos Camarões (CPDM, na sigla francesa), do Presidente Paul Biya, há 37 anos no poder, e que nas eleições legislativas de 2013 conquistou 148 lugares, conquiste facilmente mais uma maioria parlamentar.
A maior dúvida, devido à atual situação do país, é em quanto se fixará a abstenção eleitoral.
Na anterior legislatura, a Assembleia contou com sete partidos da oposição, cujo maior grupo parlamentar pertencia à Frente Social Democrática (SDF, na sigla inglesa), que historicamente representa as regiões anglófonas. Nas eleições deste domingo (09.02), a SDF ameaçou um boicote.
Também o Movimento para o Renascimento dos Camarões (MRC), do opositor Maurice Kamto, que ficou em segundo lugar nas presidenciais de 2018, não vai participar nas eleições, depois de o líder ter rejeitado a entrada do partido devido à violência no país.
"Poderíamos obter alguns lugares no parlamento e alguns conselheiros municipais, mas em que é que isso nos permitiria influenciar o que acontece nos Camarões?”, disse Kamto à AFP, numa entrevista o mês passad, em Paris.
Neste âmbito, o Partido dos Camarões para a Reconciliação Nacional (PCRN, na sigla francesa), do jornalista Cabral Libii, é apontado como um dos favoritos à conquista de lugares na Assembleia Nacional e espera ultrapassar o SDF e tornar-se o principal partido da oposição camaronesa.
Os chefes de Estado há mais tempo no poder
São presidentes, príncipes, reis ou sultões, de África, da Ásia ou da Europa. Estes são os dez chefes de Estado há mais tempo no poder.
Foto: Jack Taylor/Getty Images
Do golpe de Estado até hoje - Teodoro Obiang Nguema
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo assumiu a Presidência da Guiné Equatorial em 1979, ainda antes de José Eduardo dos Santos. Teodoro Obiang Nguema derrubou o seu tio do poder: Francisco Macías Nguema foi executado em setembro de 1979. A Guiné Equatorial é um dos países mais ricos de África devido às receitas do petróleo e do gás, mas a maioria dos cidadãos não beneficia dessa riqueza.
Foto: DW/R. Graça
O Presidente que adora luxo - Paul Biya
Paul Biya é chefe de Estado dos Camarões desde novembro de 1982. Muitos dos camaroneses que falam inglês sentem-se excluídos pelo francófono Biya. E o Presidente também tem sido alvo de críticas pelas despesas que faz. Durante as férias, terá pago alegadamente 25 mil euros por dia pelo aluguer de uma vivenda. Na foto, está acompanhado da mulher Chantal Biya.
Foto: Reuters
Mudou a Constituição para viabilizar a reeleição - Yoweri Museveni
Yoweri Museveni já foi confirmado seis vezes como Presidente do Uganda. Para poder concorrer às eleições de 2021, Museveni mudou a Constituição e retirou o limite de idade de 75 anos. Venceu o pleito com 58,6% dos votos, reafirmando-se como um dos líderes autoritários mais antigos do mundo. O candidato da oposição, Bobi Wine, alegou fraude generalizada na votação e rejeitou os resultados oficiais.
Foto: Getty Images/AFP/I. Kasamani
"O Leão de Eswatini" - Mswati III
Mswati III é o último governante absolutista de África. Desde 1986, dirige o reino de Eswatini, a antiga Suazilândia. Acredita-se que tem 210 irmãos; o seu pai Sobhuza II teve 70 mulheres. A tradição da poligamia continua no seu reinado: até 2020, Mswati III teve 15 esposas. O seu estilo de vida luxuoso causou protestos no país, mas a polícia costuma reprimir as manifestações no reino.
Foto: Getty Images/AFP/J. Jackson
O sultão acima de tudo - Haji Hassanal Bolkiah
Há quase cinco décadas que o sultão Haji Hassanal Bolkiah é chefe de Estado e Governo e ministro dos Negócios Estrangeiros, do Comércio, das Finanças e da Defesa do Brunei. Há mais de 600 anos que a política do país é dirigida por sultões. Hassanal Bolkiah, de 74 anos, é um dos últimos manarcas absolutos no mundo.
Foto: Imago/Xinhua/J. Wong
Monarca bilionário - Hans-Adam II
Desde 1989, Hans-Adam II (esq.) é chefe de Estado do Liechtenstein, um pequeno principado situado entre a Áustria e a Suiça. Em 2004, nomeou o filho Aloísio (dir.) como seu representante, embora continue a chefiar o país. Hans-Adam II é dono do grupo bancário LGT. Com uma fortuna pessoal estimada em mais de 3 mil milhões de euros é considerado o soberano europeu mais rico.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Nieboer
De pastor a parceiro do Ocidente - Idriss Déby
Idriss Déby (à esq.) foi Presidente do Chade de 1990 a 2021. Filho de pastores, Déby formou-se em França como piloto de combate. Apesar do seu autoritarismo, Déby foi um parceiro do Ocidente na luta contra o extremismo islâmico (na foto com o Presidente francês Macron). Em abril de 2021, um apenas dia após após a confirmação da sua sexta vitória eleitoral, Déby foi morto num combate com rebeldes.
Foto: Eliot Blondet/abaca/picture alliance
Procurado por genocídio - Omar al-Bashir
Omar al-Bashir foi Presidente do Sudão entre 1993 e 2019. Chegou ao poder em 1989 depois de um golpe de Estado sangrento. O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu em 2009 um mandado de captura contra al-Bashir por alegada implicação em crimes de genocídio e de guerra no Darfur. Em 2019, foi deposto e preso após uma onda de protestos no país.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
O adeus - José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos foi, durante 38 anos (de 1979 a 2017), chefe de Estado de Angola. Mas não se recandidatou nas eleições de 2017. Apesar do boom económico durante o seu mandato, grande parte da população continua a viver na pobreza. José Eduardo dos Santos tem sido frequentemente acusado de corrupção e de desvio das receitas da venda do petróleo. A sua família é uma das mais ricas de África.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Novais
Fã de si próprio - Robert Mugabe
Robert Mugabe chegou a ser o mais velho chefe de Estado do mundo (com uma idade de 93 anos). O Presidente do Zimbabué esteve quase 30 anos na Presidência. Antes foi o primeiro-ministro. Naquela época, aconteceram vários massacres que vitimaram milhares de pessoas. Também foi criticado por alegada corrupção. Após um levantamento militar, renunciou à Presidência em 2017. Morreu dois anos mais tarde.