A uma semana para as eleições autárquicas de 10 de outubro em Moçambique, a RENAMO, o maior partido da oposição, continua a atrair massas populares nos desfiles e comícios na autarquia de Lichinga, no norte do país.
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A poucos dias do fim da campanha eleitoral nas 53 autarquias do país, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) continua a arrastar massas populares em Lichinga. Em entrevista à DW África, o cabeça de lista Saíde Fidel mostra-se confiante na vitória na próxima semana. "As pessoas querem uma mudança e as mudanças só podem vir com o partido RENAMO", diz.
Saíde Fidel já promete mudanças na cidade, como o combate à criminalidade e o fim da corrupção: "O município mais corrupto da República de Moçambique foi a província do Niassa, o que quer dizer que as contribuições dos nossos munícipes não chegaram aos cofres do Estado para o seu funcionamento. Queremos incentivar uma política de gestão transparente da coisa pública."
Requalificar bairros
O cabeça de lista do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Yassine Abilo, tem apostado em contactos com pessoas casa a casa. E se ganhar as eleições de 10 de outubro promete que vai requalificar os bairros de Mitava e Ntoto: "Queremos requalificar o bairro de Mitava, também há muitos espaços aqui para vocês viverem, têm o direito de ter um espaço grande para viverem."
Campanha eleitoral em Lichinga
Luiz Jumo, o cabeça de lista da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), tem estado a fazer campanha em Lichinga com o reforço permanente de Agostinho Carlos do Rosário, membro do comité central do partido.
O também chefe da brigada da comissão política da FRELIMO para o Niassa tem-se desdobrado em contatos para tentar conquistar o eleitorado e promete dar continuidade ao que tem sido feito na cidade.
CNE condena subversão da ordem pública
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique condenou, entretanto, atos de perturbação da ordem pública durante a campanha para as eleições autárquicas do próximo dia 10. "Eleger é festa, todos querem eleições livres, justas e credíveis", afirmou o porta-voz do órgão. Paulo Cuinica considerou "esporádicos" os incidentes durante a campanha, assinalando que a mesma têm decorrido de forma ordeira.
Os 53 municípios de Moçambique vão a votos dentre de precisamente uma semana para a escolha dos presidentes dos conselhos autárquicos e dos membros das assembleias municipais.
Produção de tijolos: Combate ao desemprego tem custo ambiental
Em Lichinga, muitos jovens vêm na produção de tijolos uma forma de escapar ao desemprego. Mas a prática traz consequências para o solo, levando ao risco de erosão e desabamento.
Foto: DW/M. David
Matéria-prima muito usada
Em Moçambique, a produção de tijolos é uma atividade tradicional no seio das comunidades. A maior parte das casas convencionais existentes, sobretudo de pessoas com baixos rendimentos, usa este tipo de tijolos queimados na construção.
Foto: DW/M. David
Garantir a subsistência e evitar a marginalidade
Muitos jovens estão envolvidos na produção dos tijolos. Afirmam que a atividade é dura, mas garante a sobrevivência e é uma forma de evitar o caminho da marginalidade. Produzem, em média, entre dois a três mil tijolos. No final de cada dia, as vestes estão totalmente sujas, da cor da terra.
Foto: DW/M. David
Empilhar tijolos em fornos
Depois de se ter moldado a terra em forma de tijolos, estes são arrumados em fornos. Por baixo, vêm-se as "bocas" dos fornos onde depois se colocará a lenha. A formação destes fornos é um processo trabalhoso que exige muita força física. Por vezes, até as crianças trabalham nesta atividade.
Foto: DW/M. David
Lenha para cozer tijolos
Depois de se empilhar os tijolos, segue-se o processo de cozedura. Para isso, há que recolher lenha seca para colocar nas "bocas" dos fornos. Cada um destes fornos deverá ter à volta de 30.000 tijolos.
Foto: DW/M. David
Tijolos prontos para a venda
Depois da cozedura, o forno leva uma semana para poder arrefecer as "bocas". Daí, os tijolos seguem para a sua comercialização. Os tijolos desta imagem já estão prontos.
Foto: DW/M. David
Tijolos usados na construção
Na imagem, vemos os tijolos a serem usados na construção de uma habitação. O preço dos tijolos varia, dependendo da época. Cada tijolo queimado custa cerca de um metical e meio [cerca de dois cêntimos de euro] no tempo seco. No período chuvoso, o valor pode atingir dois meticais [cerca de três cêntimos de euro] por cada tijolo.
Foto: DW/M. David
Risco de erosão
O processo de produção dos tijolos faz que com que se criem grandes bruracos no solo. Caso não sejam tomadas medidas que regulem esta prática, muitas casas podem desabar nos próximos anos, devido à erosão,
Foto: DW/M. David
Custo ambiental
O enorme buraco nesta imagem ilutra as ameaças que esta atividade traz. Há risco de erosão e formação de charcos com águas estagnadas. Este é o outro lado da "indústria" de produção e comercialização dos tijolos.