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Campanha de Lula terá recebido dinheiro da Sonangol

Luciano Nagel (Porto Alegre)20 de janeiro de 2016

A denúncia é de ex-responsável da Petrobras, no âmbito das investigações de corrupção na petrolífera brasileira (Operação Lava Jato). Advogado de um dos visados nas novas denúncias diz que se vive "fase dos boatos".

Ex-Presidente brasileiro Lula da SilvaFoto: picture alliance/Pacific Press Agency/V. Carvaho

O ex-diretor da área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, aceitou colaborar com as investigações da Procuradoria-Geral da República brasileira (PGR) em troca de benefícios para o seu caso na Operação Lava Jato e denunciou que a campanha do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, recebeu 50 milhões de reais (11,2 milhões de euros) da petrolífera estatal angolana Sonangol.

As informações foram divulgadas no Brasil, no início desta semana, pelo jornal Valor Econômico. Segundo a denúncia, o dinheiro teria saído de uma negociação para a compra, em 2005, de 300 milhões de dólares em blocos de petróleo em África.

Cerveró disse que teve conhecimento do pagamento através de Manuel Domingos Vicente, que presidiu o Conselho de Administração da Sonangol.

Sede da petrolífera estatal angolana Sonangol em LuandaFoto: DW/N. Sul d'Angola

Vicente teria sido "explícito em afirmar que desses 300 milhões de dólares pagos pela Petrobras à Sonangol [...] retornaram ao Brasil como propina para financiamento da campanha presidencial do PT valores entre 40 milhões e 50 milhões de reais", segundo o jornal brasileiro, que cita o antigo responsável da petrolífera brasileira.

"Boatos"

Além disso, ainda segundo o delator, o ex-ministro da Fazenda, Antônio Palocci, teria participado nas negociações. Em entrevista à DW, o advogado de Palocci, José Roberto Batochio, nega:

"Estamos vivendo uma fase judiciária nesta operação que é a fase dos boatos e não dos factos. O ministro Palocci, o cliente que defendo, nunca ouviu falar desse Manuel… Nunca conversou com esse sujeito - nem sobre esse, nem sobre qualquer outro assunto", diz Batochio. "Devo dizer que eu jamais assisti na história da justiça penal brasileira a uma fase tão volátil. Estamos valorando boatos."

A DW contactou a assessoria do Instituto Lula para obter um comentário sobre o assunto, sem sucesso.

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Durante a Operação Lava Jato houve outras denúncias relacionadas com Angola. Nomeadamente, que as construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez recorreram a contas bancárias em Angola para pagar "luvas" a executivos da Petrobras em troca da concessão de obras da petrolífera brasileira, lembra o site RedeAngola.

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