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Campanha dos partidos moçambicanos na África do Sul limitada

Milton Maluleque (Joanesburgo)
19 de setembro de 2019

A violência e a xenofobia na África Sul obrigaram os partidos moçambicanos a serem mais cautelosos nas suas ações de campanha. Apesar de existirem muitos emigrantes neste país, só um deputado é eleito nesse círculo.

Mosambik RENAMO Kampagne
Foto: DW/M. Maluleque

Os ataques xenófobos contra locais e estrangeiros na África do Sul fizeram cerca de 12 vítimas mortais e estão a condicionar a campanha eleitoral na província sul-africana de Gauteng para as eleições gerais em Moçambique.

Hélio David secretário da FRELIMO na África do SulFoto: DW/M. Maluleque

A província sul-africana de Gauteng, que engloba as cidades de Pretória, a capital, e a de Joanesburgo, foi o epicentro dos recentes ataques xenófobos. A província acolhe grande parte dos emigrantes moçambicanos na África do Sul.
Medo na África do SulCom receio de expor a sua nacionalidade nos locais, as representações dos partidos políticos moçambicanos em campanha na África do Sul e ouvidos pela DW África, como a FRELIMO e a RENAMO sentem-se desencorajados a realizar os comícios para divulgação das suas respetivas plataformas eleitorais com vista a ganhar para as suas fileiras cada vez mais apoiantes.

Hélio David, primeiro secretário da FRELIMO na África do Sul, fala do impacto desta medida na campanha do seu partido.

"Isso afeta negativamente a campanha eleitoral aqui na África do Sul, principalmente na província de Gauteng. Nós podemos ter situações em que possam ser confundidos com grupos de retaliação aos ataques xenófobos”, afirmou Hélio David.

Apesar de acolher um grande tecido demográfico de emigrantes moçambicanos, a diáspora na África do Sul só elege um deputado, daí que mesmo sem os recentes ataques xenófobos, a oposição não segue com muito entusiasmo este pleito eleitoral. Quem o diz é o deputado Muhamad Yassine, chefe nacional adjunto para relações exteriores da RENAMO, que recentemente esteve na África do Sul.

Campanha dos partidos moçambicanos na África do Sul limitada

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"Os partidos da oposição não têm tido grande vantagem nisto porque há manipulação direta por parte do partido no poder, que é quem controla os votos que dai advém. Então eu penso que a RENAMO não irá se ressentir tanto do voto que vem da África do Sul porque tem sido menos considerado”, disse o deputado.
Política ativaQuestionado sobre a existência de simpatizantes da RENAMO, com um número capaz de eleger um deputado, Yassine destacou.

"A África do Sul tem uma base considerável de membros da RENAMO, que são as pessoas que estão descontentes com o sistema usado para a recolha dos seus fundos, a maior parte os mineiros, e as taxas que o Governo cobra. E por outra são aquelas pessoas que se for ver, são pessoas desavindas com o regime que saíram do país já faz muito tempo”, esclareceu Yassine.

Depois de semanas de violência caraterizada por assassinatos, saques de lojas e residências de estrangeiros, nos últimos dias tem-se registado uma ligeira acalmia. Face a este novo quadro o primeiro secretário da FRELIMO na África do Sul, apresenta alguns progressos na sua campanha.

"A FRELIMO tem entrado para o terreno em vários bairros da província de Gauteng, como de algumas províncias e temos feito a campanha de porta-a-porta, a campanha interpessoal. Aproximamos a pequenos grupos e tem decorrido num ambiente tranquilo”, destacou o secretário.

Antes dos ataques xenófobos, dados das Nações Unidas indicavam que viviam na África do Sul cerca de 400 mil moçambicanos, dos quais cerca de 30 mil na província de Gauteng.

Entretanto, apesar de vários contactos mantidos até à hora do fecho desta peça a terceira força política moçambicana, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), não conseguiu indicar um porta-voz que pudesse falar sobre a forma como está a decorrer a campanha eleitoral moçambicana junto dos simpatizantes e militantes do partido, residentes na África do Sul.

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