A campanha do candidato Filipe Nyusi, da FRELIMO, terminou na quarta-feira (11.09) à noite em tragédia na cidade de Nampula. Pelo menos dez pessoas morreram e mais de 80 foram feridas. A FRELIMO garante apoio às vitimas.
Foto: DW/S. Lutxeque
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A campanha da FRELIMO, o partido no poder, no estádio 25 de junho na cidade de Nampula, que foi bastante concorrida, começou num ambiente de festa, mas terminou em tragédia.
Segundo Monteiro Luís, um dos guardas do recinto desportivo, tudo começou ‘‘dentro do comício quando o presidente e candidato presidencial discursava, enquanto os outros queriam sair e outros pretendiam entrar no interior [do estádio], e como era única porta e com aquela força outros começaram a cair.’’
A tragédia causou pelo menos dez mortes de membros e simpatizantes do partido FRELIMO, segundo o primeiro secretário do Comite Provincial do partido dos camaradas em Nampula, Agostinho Trinta, em comunicação a imprensa: ‘‘Deste incidente, 95 membros e simpatizantes do partido FRELIMO foram afetados. Destes, 85 ficaram feridos, 74 tiveram alta, estando ainda em cuidados onze pacientes. Infelizmente, registou-se a perda de vida de dez militantes do partido, sendo seis mulheres e quatro homens’’, disse.
Agostinho Trinta, da FRELIMO de Nampula, pede explicações à políciaFoto: DW/S. Lutxeque
O partido não avança efetivamente as reais causas, mas aguarda que as autoridades policiais investiguem e se pronunciem. Contudo, assegura que já foi criada uma comissão para prestar devido apoio às vítimas dos incidentes.
FRELIMO apresenta condolências às famílias das vítimas
Comício em Nampula termina em tragédia
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‘‘Neste momento de dor, o partido FRELIMO solidariza-se e lamenta a perda de vida e apresenta as sentidas condolências às famílias enlutadas dos seus membros e simpatizantes. Foi constituída uma comissão para o acompanhamento das família dos feridos e prestar todo a poio e solidariedade. A FRELIMO aguarda das autoridades policiais o esclarecimento real das causas deste incidente’’, disse Agostinho Trinta.
Nem a polícia, nem a direção do Hospital Central de Nampula se pronunciaram a respeito da tragédia.
Este é o maior incidente mortal desde que iniciou a campanha eleitoral em Moçambique a 31 de Agosto do ano em curso. De referir que antes do pronunciamento do partido, fazia-se sentir um ambiente bastante conturbado, no recinto do Hospital Central de Nampula, por parte dos membros e simpatizantes da FRELIMO.
Estes não admitiam sequer que os jornalistas captassem imagens no recinto do hospital, onde estão internados muitos dos seus correligionários. Houve mesmo agressões contra jornalistas e foi mesmo destruido o material dum repórter da Televisão Sucesso.
Campanha Eleitoral em Moçambique: Cartazes "ao sabor do freguês"
Em Manica, são vários os locais públicos onde podem ser vistos cartazes dos diferentes partidos que concorrem às eleições de outubro. No entanto, alguns foram afixados em sítios proibidos. Há também material danificado.
Foto: DW/B. Jequete
Afixação em locais públicos proíbidos
A colocação de cartazes propagandísticos dos diferentes partidos políticos em locais públicos, tais como, placas de informação e sinais de trânsito, é proibida pela lei eleitoral. No entanto, ao andar pelas ruas de Manica, veem-se alguns maus exemplos.
Foto: DW/B. Jequete
Placa informativa coberta
Em Manica, a RENAMO, o maior partido da oposição em Moçambique, colocou cartazes seus nesta chapa, onde deveria constar informação útil para a população.
Foto: DW/B. Jequete
Placas indicativas
As placas que indicam as direções também não são poupadas. Neste caso, volta a ser a RENAMO a "pousar a perdiz e o seu líder" em território proibido: uma placa informativa nas proximidades da Escola Primária do 1º grau de Nhamutoera, no distrito de Macate.
Foto: DW/B. Jequete
Mural da perdiz invadido
Por sua vez, a FRELIMO, partido no poder, aproveitou que o muro de vedação da atual delegação provincial da RENAMO estava limpo para colar o seu material propagandístico para as eleições de outubro. Quando se apercebeu, a RENAMO retirou parte dos panfletos do partido no poder e colou os dele. Como se costuma dizer: "camarão que dorme, a onda leva".
Foto: DW/B. Jequete
Aglomerado de cartazes
Durante esta campanha eleitoral, têm sido comuns os aglomerados de cartazes dos vários partidos. Quando um põe, o outro coloca em cima, ao lado ou por baixo. Neste caso, os cartazes foram colocados num poste da cidade, algo que não é considerado um ilícito.
Foto: DW/B. Jequete
Danificar o material
A falta de "fair-play" é também um problema. Existem membros, simpatizantes e fanáticos partidários que retiram ou danificam o material de propaganda dos opositores. Sobre esta realidade, a DW entrevistou responsáveis dos três partidos políticos, RENAMO, FRELIMO e MDM. Todos sublinham que compete às autoridades a fiscalização deste tipo de ação e a responsabilização dos culpados.
Foto: DW/B. Jequete
Cartazes resistem no ex-bastião da RENAMO
O bairro Francisco Manyanga, conhecido como a zona da Soalpo, nos arredores da cidade de Chimoio, foi outrora bastião da RENAMO. Em tempos, era muito difícil encontrar aqui um único panfleto da FRELIMO, pois eram retirados pelos simpatizantes da RENAMO. No entanto, nesta campanha eleitoral, os cartazes de propaganda ao partido no poder mantêm-se.