Campanha eleitoral em Nampula: RENAMO denuncia "arruaceiros"
9 de setembro de 2024Os partidos da oposição que concorrem para as eleições de 9 de outubro apontam a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder) como o maior constrangimento que encontram durante a campanha eleitoral.
A candidata a governadora de Nampula pela Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) acusa a FRELIMO de usar o seu braço juvenil, a Organização da Juventude Moçambicana (OJM), para criar escaramuças contra os seus membros.
Só que a RENAMO não responde, afirma Abiba Abá Linha: "Uma pequena resposta nossa, dirão que a RENAMO é confusa. Mas nós não somos confusos, queremos a paz e eleições livres, justas e transparentes."
Ainda assim, a cabeça de lista sugere à FRELIMO "para aconselhar os arruaceiros da OJM, se são eles que estão a mandatar, para que parem com este espírito. Nós não queremos demonstrar a força que a RENAMO tem. Não nos provoquem", ameaçou.
Aquimo Muatamuro, delegado político provincial do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), denuncia que o material de campanha do seu partido tem sido destruído. E cita um caso recente no distrito de Monapo.
"Em Carapira, por exemplo, destruíram a nossa bandeira e [colocaram] panfletos do Chapo [candidato presidencial da FRELIMO] na nossa delegação. Quem terá feito isto? É a FRELIMO. A FRELIMO já começou a provocar-nos", lamentou o responsável da segunda maior força da oposição no país.
A FRELIMO em Nampula rejeita todas as acusações da oposição: "Eles querem manchar a imagem da FRELIMO", diz Basílio Capuaneia, secretário do Comité Josina Machel.
"Nunca fizemos mal a nenhum partido nas nossas campanhas. Mesmo quando estamos em campanha, quando nos cruzamos em caravana, nunca fizemos mal aos outros. Se eles acusam, apenas pretendem denegrir a imagem da FRELIMO", frisou.
A polícia é cúmplice?
O cabeça de lista do partido Povo Otimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS) em Nampula, Dias Coutinho, acusa a polícia de estar a trabalhar a favor do partido no poder.
"Quando temos a nossa rotina e chegamos ao local, encontramos os membros da FRELIMO a querer [confusão], mas a polícia não consegue intervir, mostrando uma conivência", comenta o candidato, denunciando igualmente fraca proteção policial.
Rosa Chaúque, porta-voz do Comando Provincial da Polícia moçambicana em Nampula, refuta as alegações. Reitera ainda que a corporação é apartidária e está a proteger todos os partidos na mesma dimensão durante a campanha para as eleições gerais.
"Não constitui a verdade que a polícia não [tem acompanhado] alguns partidos", frisa Chaúque. "Já foram destacados oficiais para coordenar [os programas] com os partidos. Quando registamos situações de escaramuças, a polícia intervém de imediato para evitar a perturbação da ordem e tranquilidades públicas."
Por seu turno, a Comissão Provincial de Eleições de Nampula diz que não recebeu sequer uma denúncia a respeito destes temas. Aliás, segundo Daniel Ramos, presidente do órgão, a comissão tem mantido encontros semanais com os mandatários políticos.
"Enquanto não tivermos participação sobre um ilícito, não temos nada a tratar", afirma.
Daniel Ramos promete que a comissão vai continuar a sensibilizar os partidos políticos, para abandonarem todas as ações que violem as normas eleitorais.
Em geral, as autoridades de administração eleitoral avaliam positivamente os primeiros 15 dias da campanha eleitoral na província de Nampula.