A disputa de terras na zona do Patriota, em Luanda, onde estão a ser construídas residências luxuosas, ganha novos contornos. A polícia angolana está a tentar expulsar os agricultores do local. Litígio tem quase 20 anos.
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A disputa de cerca de 310 hectares de terras no concorrido município do Talatona, sul de Luanda, obriga vários idosos a pernoitar ao relento como forma de evitar a usurpação do espaço, em litígio há quase 20 anos.
O litígio teve início em 2003 e o terreno que era lavra hoje é uma zona residencial com condomínios e mansões luxuosos onde residem figuras politicamente expostas.
Os agricultores reivindicam agora a titularidade de uma parcela de terra que terá sido concedida pelo Instituto Geográfico de Angola.
Os camponeses instalaram-se num dos quintais vedados onde restou o pouco do vestígio de cultivo que alegam ter iniciado depois da proclamação da independência de Angola em 1975. O acampamento visa impedir que se faça construções naquela superfície.
Agricultores torturados
O porta-voz da Associação dos Camponeses Anandengue, Agostinho Domingos, denuncia torturas físicas e psicológicas contra os agricultores, e acusa dirigentes do MPLA, o partido no poder, de estarem por detrás da expropriação das terras.
"Queremos que os deputados deixem o conforto da Assembleia Nacional para verem de perto como esse povo está a sofrer. Este povo está a ser maltratado pelos governantes do próprio MPLA. São eles que têm terrenos aqui. Pedimos também aos defensores dos direitos humanos que venham aqui assistir ao sofrimento dos camponeses", apela.
Angola: Continuam litígios com terrenos do "Lar do Patriota"
01:46
Os camponeses estão à espera da indemnização. Para além de dinheiro, receberiam cerca de 1.500 casas. O advogado Belo Mangueira, que representa a Cooperativa Lar do Patriota, diz que mais de 200 camponeses já foram indemnizados. "Este senhor aqui que representava os camponeses recebeu muito e temos as provas do pagamento", acrescenta.
Mas Agostinho Domingos e os camponeses têm uma outra versão. "Quando alegaram que a dona Madalena recebeu muito dinheiro, pedimos o comprovativo que atesta que indemnizaram a senhora com muito dinheiro, mas, infelizmente, o senhor Cristóvão que trabalha no Lar Patriota não nos apresenta o documento", lamenta.
"Vamos decidir aqui no terreno"
Em conferência de imprensa realizada na quarta-feira (12.08), o advogado da Cooperativa Lar do Patriota disse que o Governo da Província de Luanda concedeu-lhe uma superfície de 1.200 hectares, também para terceiros.
O advogado da cooperativa, Belo Mangueira afirma que os camponeses têm apenas um direito de superfície de 63 hectares e acusa-os de falsificação de documentos e de fazer negócio com o conflito de terras.
Por seu turno, os associados do Anandengue afirmam que não vão abandonar o espaço sem que sejam indemnizados e deixam um recado às autoridades.
"Como filhos dos camponeses, vamos decidir aqui no terreno. Enquanto militares, também demos as nossas vidas para conseguir libertar o país. Agora como filhos de camponeses, vamos tomar uma decisão. Todo aquele que tentar vir maltratar as nossas mães, vamos morrer com eles aqui no terreno", garantem.
Luanda é a cidade que cresce mais rapidamente em África
Não são necessariamente as cidades mais populosas de África, mas são as que crescem de forma mais rápida, segundo as Nações Unidas. Luanda lidera a lista das cidades com maior crescimento populacional no continente.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
1. Luanda, Angola
Nenhuma cidade africana está a crescer tão rapidamente como Luanda, a capital de Angola. Segundo dados da ONU, vivem aqui mais de 7,7 milhões de pessoas. A idade média dos luandenses é de 20,6 anos. A capital é uma das cidades mais caras do mundo. Mas apenas as elites de Angola beneficiam das grandes reservas de petróleo do país. A população fala em desigualdade social no país.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
2. Yaounde, Camarões
Com 3,6 milhões de habitantes, a capital dos Camarões é muito menor que a de Angola. Os serviços públicos e as representações diplomáticas estão principalmente concentrados na capital. É por isso que Yaoundé desfruta de um padrão de vida e segurança mais elevados do que o resto dos Camarões. É também um ponto central de transferência de mercadorias como café, cacau, tabaco e borracha.
Foto: Dirke Köpp
3. Dar es Salaam, Tanzânia
A população da capital comercial da Tanzânia aumentou mais de seis vezes desde 1978. Dar es Salaam, com mais de seis milhões de habitantes, é a maior cidade da África Oriental e um importante centro económico e comercial para a região. De 2000 a 2018, a população cresceu 166%.
Foto: DW/E. Boniphace
4. Kumasi, Gana
A população da cidade ganesa de Kumasi aumentou onze vezes para três milhões entre 1970 e 2017. Ultrapassou o número de pessoas que vivem na capital, Accra, em 2014 para se tornar a maior cidade do país. A população do Gana está a crescer de forma rápida, especialmente em cidades como Kumasi. A metrópole económica atrai muitas pessoas do norte do país.
Foto: Imago Images/photothek/T. Imo
5. Kampala, Uganda
Kampala, a principal capital de Uganda, fica nas margens do Lago Vitória. A população total da região mais do que duplicou desde o início do século XXI. Muitas pessoas do interior estão a mudar-se para as cidades. Kampala tem uma das maiores taxas de crescimento em todo o mundo. Espera-se que mais de 40 milhões de pessoas vivam na cidade até 2100.
Foto: picture-alliance/AP Photo/R. Kabuubi
6. Lusaka, Zâmbia
Lusaka, o centro económico e político da Zâmbia, registou um boom demográfico nos últimos anos. O centro da cidade, nos arredores da Independence Avenue e da Cairo Road, é caracterizado por edifícios comerciais, companhias de seguros, bancos, bolsas de valores, hotéis e cadeias de "fast food" americanas. O setor industrial, os transportes e o artesanato também desempenham um papel importante..
Foto: DW/C. Chimbelu
7. Douala, Camarões
A maior cidade dos Camarões também está entre as dez cidades que mais crescem em África. Douala é o lar do maior porto da África Central, que é vital para a economia do país e toda a Comunidade Económica e Monetária da África Central. É um importante centro financeiro, industrial, comercial, cultural e de tráfego dos Camarões.
Foto: picture-alliance / maxppp
8. Mbuji-Mayi, República Democrática do Congo
Provavelmente não há outro lugar no mundo com tantos diamantes como em Mbuji-Mayi. Os comerciantes de diamantes da cidade congolesa pintam edifícios com imagens brilhantes e bonitas para atrair os mineiros. A cidade tinha apenas 30.000 habitantes em 1960. Até 2018, Mbuji-Mayi deverá ter 2,3 milhões de habitantes. A imigração em massa das áreas vizinhas aumentou drasticamente a população.
Foto: Imago Images/H. Hoogte
9. Antananarivo, Madagáscar
Antananarivo é a maior cidade e capital do Estado insular de Madagáscar. A maioria dos turistas entra e sai do país pelo aeroporto da capital. Apesar de um período de doenças e guerras no século XVIII, a população da cidade cresceu de forma constante. Esse crescimento populacional deve-se sobretudo à saída das pessoas do interior para a capital do país.
Foto: Imago Images/Xinhua
10. Pretória, África do Sul
Por último, mas não menos importante, no top 10 está a cidade de Pretória, uma das três capitais da África do Sul. É a capital administrativa, com reconhecimento também no campo do ensino superior e da investigação. Localizada a norte de Joanesburgo, Pretória é um importante centro comercial e industrial, onde são construídas ferrovias, carros, máquinas e aço.