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CAN 2015: Guiné Equatorial "chuta" ébola para fora de campo

Linda Staude / Madalena Sampaio16 de janeiro de 2015

A Guiné Equatorial recebe, a partir deste sábado (17.01), a edição deste ano da Taça das Nações Africanas de futebol. Malabo implementou medidas para evitar a propagação do ébola no país e acredita ter tudo sob controlo.

Foto: picture alliance/ANP

O CAN 2015 deveria ter lugar em Marrocos, mas o país desistiu de organizar a competição por causa do ébola. Por isso, a Guiné Equatorial foi o país escolhido para acolher o torneio.

À chegada ao aeroporto da capital, Malabo, os passageiros são parados por Maria Reyes Santos. A jovem enfermeira tem nas mãos um aparelho para medir a temperatura de cada pessoa que chega ao país.

"Medimos a temperatura corporal dos viajantes, para ver se não está acima dos 38 graus. Desta forma, certificamo-nos de que ninguém tem febre", explica a enfermeria.

Teodoro Obiang Nguema, Presidente da Guiné Equatorial, no poder desde 1979, dirige o país com mão de ferroFoto: AP

A triagem de passageiros por causa do ébola tornou-se, nos últimos meses, parte do quotidiano da Guiné Equatorial. E já tinha funcionado bem na cimeira da União Africana (UA) realizada em junho do ano passado, lembra a embaixadora da Guiné Equatorial no Reino Unido, Mari-Cruz Evuna Andeme.

“Agora, com a realização do torneio, vamos redobrar estas medidas. Temos mais tendas, mais pessoal, mais enfermeiros nos aeroportos e nos postos de controlo para garantir que as pessoas são verificadas antes de entrarem na Guiné Equatorial", explica.

Nenhum caso de ébola detetado
Segundo a embaixadora, as autoridades do país estão muito confiantes porque desde o início da epidemia “felizmente ainda não houve um único caso de ébola". Mari-Cruz Evuna Andeme acredita que o cenário não vai mudar.”

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A epidemia de ébola na África Ocidental já matou mais de 8.400 pessoas e infetou mais de 21 mil, de acordo com os dados mais recentes.

O vírus veio também complicar a organização do Campeonato Africano das Nações. Marrocos desistiu de acolher o CAN 2015 apenas dois meses antes do apito inicial. Na altura, a África do Sul e o Sudão surgiram como eventuais alternativas. Mas, no final, a opção foi a Guiné Equatorial.

Guiné Equatorial, "a escolha perfeita"

Para o jornalista desportivo Emeka Enyadike, esta foi “a escolha perfeita”. “A Guiné Equatorial era um dos poucos países preparados para receber o campeonato. É um dos maiores projectos emblemáticos de África, que precisa de muita preparação. As opções eram cancelar ou realizá-lo nalgum país preparado para isso”, afirma.

A seleção da Guiné Equatorial defrontou a congénere do Gana no CAN 2012Foto: picture-alliance/dpa

O Qatar também estaria preparado. Mas realizar a Taça Africana noutro continente “seria o mesmo que realizar a Liga dos Campeões Europeus no Gabão", ou seja, “um escândalo”, defende o jornalista Yves Oyono.

Após a decisão, a organização envidou todos os esforços para o campeonato arrancar na data prevista. Um dos motivos foram as receitas consideráveis resultantes dos direitos de transmissão.

Junior Binyam, porta-voz da Confederação Africana de Futebol (CAF), diz não ter medo que o surto de ébola possa atrapalhar a Taça Africana. “Tivemos eliminatórias desde abril do ano passado e não houve um único caso de ébola relacionado com jogos de futebol.”

Guiné-Conacri no CAN

Entre os países mais afetados pelo ébola, a Guiné-Conacri é o único que participa na competição.

Nkosazana Dlamini-Zuma, presidente da Comissão da União AfricanaFoto: Issouf Sanogo/AFP/Getty Images

Mas todas as equipas, sem excepção, serão submetidas a exames de saúde completos. A começar pela Seleção de Cabo Verde, que se encontra na Guiné Equatorial desde terça-feira (13.01).

Para Nkosazana Dlamini-Zuma, presidente da Comissão da União Africana (UA), não há motivo para estigmatizar seja quem for. "Porque se nós próprios começarmos a fazê-lo, então toda a África será estigmatizada fora do continente", considera.

Também no aeroporto de Malabo, cada passageiro é verificado, sem exceção, não importa de que país vem. Há dúvidas sobre se chegarão ao país muitos fãs por causa do campeonato. Não tanto por causa do medo do ébola, mas porque as acomodações são escassas e os vistos são caros e difíceis de obter.


Vista parcial de Malabo, capital da Guiné EquatorialFoto: Alexander Joe/AFP/Getty Images
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