Taça das Nações Africanas arranca esta sexta-feira. 24 equipas competem pelo título de campeão africano, incluindo Angola e Guiné-Bissau. Depois das complicações antes da prova, muitos só esperam ouvir o apito inicial.
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O percurso até ao início desta Taça das Nações Africanas foi pontuado por uma série de problemas - tantos que muitos adeptos já só esperam que se comece finalmente a jogar futebol, esta sexta-feira (21.06) à noite.
Só para dar alguns exemplos: primeiro, os Camarões não conseguiram preparar a CAN a tempo e foram afastados da organização da prova, por atrasos na preparação das infraestruturas e também por causa da crise política no país. Depois, as Comores fizeram queixa contra os Camarões, alegando que, se o país não conseguiu organizar o campeonato, também não deveria participar. A queixa foi rejeitada. A seguir, no início do mês, a meras duas semanas do início da prova, o presidente da Confederação Africana de Futebol, Ahmad Ahmad, foi interrogado em França devido a um caso de suspeitas de corrupção.
A competição começa (finalmente) esta sexta-feira às 22 horas (hora local) no Estádio Internacional do Cairo com um frente-a-frente entre o Egito (que assumiu entretanto o papel de anfitrião) e o Zimbabué.
Os favoritos
O Egito é apontado como um dos grandes favoritos: "Em África, pode-se sempre partir do princípio que o anfitrião é favorito. Com Mohamed Salah, o Egito tem um excelente jogador, no auge da carreira. E claro que o público egípcio também vai desempenhar um papel importante", afirma o comentador de futebol Zoubaier Baya.
Os "Faraós" certamente não dirão que não a uma conquista do oitavo título. Mas outras equipas também apresentam argumentos de peso - por exemplo, o Senegal, com trunfos como o defesa central Kalidou Koulibaly (que joga no Nápoles) e o avançado Sadio Mané (do Liverpool).
"O Senegal é uma equipa homogénea, com duas ou três estrelas num nível superior, mas que trabalham para o grupo. É o caso de Sadio Mané", acrescenta Baya.
E é claro, também não se pode perder Marrocos de vista, com uma peça muito forte nas suas fileiras, o médio Hakim Ziyech: "Marrocos tem uma equipa liderada por um treinador que já esteve na CAN de 2017 e no Mundial de 2018. É um grupo com muita experiência".
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O fator "surpresa"
Mas nem só de favoritos se faz a CAN. Se há uma coisa que o campeonato já mostrou é que, mesmo não sendo favorito, se pode sonhar alto. Basta olhar para o sucesso inesperado dos Camarões em 2017.
"Ninguém contava com que os Camarões vencessem em 2017. E o que aconteceu? Os 'Leões Indomáveis' ganharam", lembra o antigo avançado camaronês Patrick Mboma. No entanto, no futebol, tudo pode mudar rapidamente. "Todos pensavam que os Camarões se iriam qualificar para o Mundial de 2018, mas a equipa falhou redondamente", refere Mboma.
Ou seja, será preciso esperar para ver como será a prestação das equipas este ano. A Tunísia, no grupo de Angola, e a República Democrática do Congo também podem ter boas possibilidades, de acordo com os comentadores - tal como o Gana, no grupo dos Camarões e da Guiné-Bissau, a Nigéria ou a Argélia.
CAN2019: Guiné-Bissau quer passar a fase de grupos no Egito
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"Para mim, a Argélia é a equipa que pode trazer mais surpresas", afirma o comentador Zoubaier Baya. "O selecionador da Argélia é novo e não tem muita experiência internacional, mas é muito competente. E muitos jogadores da seleção argelina tiveram uma boa época - jogadores como Baghdad Boudjenah, com uma boa performance na Ásia, Sofiane Feghouli ou Brahimi, no Futebol Clube do Porto."
Quanto a Angola e à Guiné-Bissau, as expetativas dos comentadores são mais baixas: o que se espera é que, pelo menos, consigam passar da fase de grupos. Mas, como já ficou várias vezes provado, "a bola é redonda" - tudo pode acontecer.
Na fase final do Campeonato Africano das Nações jogam, pela primeira vez, 24 equipas, em vez das habituais 16. A final será a 19 de julho.
CAN 2019: As Principais Estrelas
A Taça das Nações Africanas (CAN) realiza-se no Egipto entre os dias 21 de junho e 19 de julho. Os Camarões defendem o título conquistado em 2017 e este é a primeira edição disputada durante o verão do hemisfério norte.
Foto: Reuters/T. Melville
Frédéric Mendy
O jogador da Guiné-Bissau fez uma época muito regular no Vitória Setúbal. Realizou 31 jogos, marcou seis golos e fez quatro assistências em todas as competições em Portugal. Durante a sua carreira jogou em Portugal, em França, na Coreia do Sul, na Tailândia e em Singapura. Pela Guiné-Bissau fez apenas 10 jogos e marcou três golos.
Foto: imago/MB Media Solutions/Bpa Agency
Gelson Dala
O jovem angolano esteve emprestado ao Rio Ave pelo Sporting na última temporada e realizou uma época muito regular, fez 26 jogos em todas as competições, marcou sete golos e fez 8 assistências. Pela seleção angolana o ponta de lança também tem números interessantes, vestiu 22 vezes a camisola dos palancas e marcou 11 golos.
Foto: Daniel Mendes
Mohamed Salah
O jogador da seleção egípcia e do Liverpool é a principal estrela desta Taça das Nações Africanas (CAN). Tem como objetivo levar a sua seleção à conquista do título, sobretudo depois de ter ganho a Liga dos Campeões este ano ao serviço do Liverpool. Em 2017 e 2018 foi eleito o Futebolista Africano do Ano, um prémio atribuído pela Confederação Africana de Futebol (CAF).
Foto: Reuters/H. Romero
Alex Iwobi
O jogador da seleção nigeriana e do Arsenal teve uma época com muitos jogos, foi uma das peças chave da equipa arsenalista e fez 51 jogos. O avançado marcou na final da Liga Europa, a segunda maior competição europeia, mas o Arsenal perdeu 4-1 para o Chelsea. O jogador fez toda a sua formação no Arsenal, chegou mesmo a representar as camadas jovens de Inglaterra, mas depois optou pela Nigéria.
Foto: picture alliance/empics/J. Walton
Chadrac Akolo
O jogador do Estugarda é uma das grandes esperanças da seleção do Congo para chegar longe na CAN. O extremo-direito teve uma época de pouca utilização, realizou 16 jogos e fez apenas uma assistência. Contudo é dos poucos jogadores africanos a jogar na Bundesliga e isso pode dar-lhe uma frescura física importante para a CAN.
Foto: picture-alliance/Pressefoto Rudel/R. Rudel
Keita Baldé
O jogador do Inter de Milão vai representar Senegal e é um das atacantes que pode causar maior perigo durante esta competição. O seu percurso recente no futebol italiano e a formação no futebol espanhol, onde passou pelas escolas do Barcelona, fazem de Keita Baldé um jogador com vários recursos. Já vestiu a camisola do Senegal por 24 vezes e marcou quatro golos.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Woitas
Sadio Mané
A par de Mohamed Salah, Sadio Mané foi uma das figuras mais importantes do Liverpool esta época e uma das peças chave para a conquista da Liga dos Campeões. Na liga inglesa foi o melhor marcador, com 22 golos, juntamente com Salah e Pierre-Emerick Aubameyang. Na seleção do Senegal já marcou 16 golos e vai fazer uma dupla avançada muito perigosa com Keita Baldé.
Foto: Reuters/C. Garcia Rawlins
Sofiane Feghouli
O médio argelino é uma peça central no meio do campo da Argélia. Feghouli já passou por campeonatos competitivos como o espanhol, onde jogou no Valência, e o campeonato inglês onde jogou no West Ham. Atualmente representa o Galatasaray, clube onde está desde 2017. Na seleção já tem 51 internacionalizações e já marcou 11 golos.
Foto: picture-alliance/dpa
Islam Slimani
O jogador argelino do Fenerbahce é um avançado possante e letal. Jogou no Sporting Clube de Portugal, onde despertou atenção dos clubes ingleses. O Leicester não hesitou em pagar 30 milhões de euros pelo seu passe. Na seleção mostra números interessantes, já vestiu a camisola do seu país 60 vezes e marcou 26 golos.
Foto: Getty Images/M. Hangst
Victor Wanyama
O defesa-central do Tottenham não jogou muito esta época, mas sua equipa esteve em grande nível, tendo inclusive chegado à final da Liga dos Campeões. O jogador queniano fez grande parte da sua carreira no Reino Unido, onde representou o Celtic e o Southhampton. Pela seleção do Quénia tem 52 internacionalizações e marcou 7 golos, vai ser o patrão da defesa do Quénia na CAN.
Foto: Getty Images/Bongarts/M. Hangst
Moussa Marega
O jogador maliano é uma das referências do ataque do FC Porto e fez uma grande época. Na última temporada realizou 47 jogos, marcou 21 golos e fez 11 assistências, em todas as competições. Estreou-se na seleção apenas em 2015, realizou 18 jogos e marcou 2 golos. Vai ser uma das esperanças do Mali para chegar longe no Egipto.
Foto: Reuters/M. Vidal
André Onana
É dos raros casos de jogadores africanos a jogar à baliza, ainda por cima num clube de topo como o Ajax. O seu clube fez uma grande época a nível interno, ganhou o campeonato e a taça. A nível europeu também estiveram em boa forma, chegando à meias-finais da Liga dos Campeões, eliminando equipas como a Juventus pelo caminho. O jogador dos Camarões fez 55 jogos esta época e em 26 não sofreu golos.
Foto: Reuters/A. Lingria
Thomas Partey
O jogador ganês já é uma das peças fundamentais do meio-campo do Atlético de Madrid de Diego Simeone. Esta época não ganhou nenhum troféu, mas fez 42 jogos e marcou 3 golos, mostrando ser um dos jogadores de maior confiança para o técnico argentino. Pelo Gana já tem 20 internacionalizações e marcou 7 golos. Com o Atlético de Madrid ganhou a Liga Europa em 2017/2018.