O Campeonato Africano das Nações, arranca este domingo, (09.01). Em Angola, adeptos já estão a afluir às casas de jogo para fazer apostas, embora a seleção nacional - os Palancas Negras – não se tenha qualificado.
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O Campeonato Africano das Nações (CAN) está à porta e decorre até 06 de fevereiro. Vinte e quatro equipas vão lutar pela conquista do troféu na posse da Argélia, vencedora da edição de 2019. Entre elas, estão as lusófonas Cabo Verde e Guiné-Bissau.
Em Angola as apostas nas casas de jogo já começaram. Joaquim André é um dos apostadores.
"Espero que as equipas que eu vou por nas minhas fichas ganhem o jogo" , diz confiante.
Angola – país que organizou o CAN de 2010 – não se qualificou para a edição deste ano. Rui Jorge, outro amante do futebol, culpa as más escolhas da Federação Angolana de Futebol.
"O que sabe jogar não apostam e o que não sabe jogar é que apostam. Como é que vamos ao CAN? É difícil. Vai ser difícil a nossa seleção ir ao CAN".
Aumenta febre do futebol
Mesmo assim, a febre do futebol aumenta no país. As seleções africanas estão cada vez mais fortes. Muitos jogadores atuam nas principais equipas dos campeonatos europeus - na Serie A italiana, na primeira liga alemã, a Bundesliga, na Premier League inglesa ou na La Liga espanhola.
António Francisco, outro apaixonado do chamado "desporto-rei", acredita que esta edição do CAN, nos Camarões, será renhida.
"Esse CAN vai estar mesmo muito complicado, vai estar forte. As equipas estão bastante bem preparadas. Os Camarões podem ganhar esse CAN".
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Campeonato "atípico"
Jardel de Andrade, editor desportivo da Rádio Nova – uma estação privada angolana – prevê, no entanto, um campeonato "atípico", sobretudo por causa da pandemia da Covid-19.
"Também pelo facto de o CAN ser realizado em janeiro, como tem sido hábito, vários clubes europeus não deixam sair os seus jogadores para as suas seleções. Vão deixando alguns, mas com algumas quezílias, com algumas situações não muito boas. Só para dar um exemplo, o Liverpool que é uma das equipas mais fortes a nível europeu, tem uma dependência muito forte dos jogadores africanos.”
É o caso do avançado Sadio Mané, que vai representar a seleção senegalesa, e de Mohamed Salah, da equipa egípcia.
Quem sairá vencedor?
O jornalista desportivo, Jardel Andrade, diz que é difícil prever, mas arrisca.
"Eu costumo dizer, em bom tom, que, após o Euro, o campeonato africano é o campeonato continental mais forte. Para mim, é mais forte que a Copa América, porque tem vários candidatos", afirma.
E acrescenta: "Nós temos, só no norte de África, candidatos como o Egipto, que é o maior conquistador dos campeonatos africanos, com sete títulos, há também a Argélia, que tem dois títulos, Marrocos, com um, e Tunísia, também com um título. São as principais candidatas. Depois, na África subsaariana, há várias seleções - os Camarões, a Nigéria, o Senegal. Agora, há que esperar também as surpresas."
Uma das surpresas foi logo na fase de apuramento, com a não qualificação da seleção da África do Sul, organizadora do único Mundial de futebol no continente, em 2010. A Zâmbia, que venceu a competição em 2012, também não se qualificou, sob a batuta do técnico francês Hervé Renard, selecionador de Angola em 2010.
Seleções africanas com mais presenças em mundiais de futebol
A seleção dos Camarões é o maior representante africano e o Egito foi o primeiro a jogar um mundial.
Foto: AP
Camarões | 1982, 1990, 1994, 1998, 2002, 2010 e 2014
É a seleção africana que mais vezes jogou o mundial de futebol. O melhor campeonato do futebol para os Camarões foi no Mundial de 1990, na Itália. A seleção camaronesa chegou até aos quartos de final, onde foi eliminada pela Inglaterra por 3-2. Nessa equipa mítica dos Camarões figurou Rogger Milla, uma lenda do futebol africano.
Foto: Liewig Christian/ABACA/picture alliance
Nigéria | 1994, 1998, 2002, 2010, 2014 e 2018
Nos último 30 anos, a Nigéria falhou apenas o Mundial de 2006! Na altura, perdeu o lugar para a Angola na fase de apuramento. No entanto, a seleção nigeriana de futebol nunca conseguiu passar dos oitavos de final.
Foto: Sports Inc/empics/picture alliance
Tunísia | 1978, 1998, 2002, 2006 e 2018
É uma das equipas africanas que disputou mais fases finais de campeonatos do mundo, mas nunca conseguiu passar a fase de grupos. A última participação foi no último mundial realizado na Rússia (2018), num grupo com Bélgica e Inglaterra, duas equipas que chegaram às meias-finais.
Foto: picture alliance / dpa
Marrocos | 1970, 1986, 1994, 1998 e 2018
Vinte anos depois, a seleção de Marrocos voltou a disputar um mundial de futebol. Neste momento, vive uma das melhos gerações da sua história, com jogadores como Hakimi, Harit ou Ziyech.
Foto: Karim Sahib/AFP/Getty Images
Argélia | 1982, 1986, 2010 e 2014
É o atual campeão africano e das melhores equipas a nível talento. A Argélia falhou o mundial e 2018, mas em 2014, foi um dos destaques no Brasil. Foi eliminada nos oitavos de final pela Alemanha, que viria a ganhar o "tetra" mundial, mas apenas no prolongamento. Com a atual equipa com jogadores como Brahimi, Mahrez, Slimani ou Benrahma, a Argélia está aí para as curvas...
Foto: Khaled Desouki/AFP
Gana | 2006, 2010 e 2014
Uma seleção com muito talento, mas com pouca história em provas FIFA. No entanto, em 2010, no Mundial da África do Sul, o Gana chegou ao quartos de final e a história podia ter sido diferente, não fosse Luis Suárez, jogador do Uruguai, ter metido a mão que impediu o golo da vitória ao Gana. Na altura, houve penálti, mas Gyan falhou...
Foto: Martin Bureau/AFP/Getty Images
Costa do Marfim | 2006, 2010 e 2014
É uma das seleções africanas mais talentosa desde a entrada no novo milénio. A Costa do Marfim, na era de Drogba, irmãos Touré, Kalou e muitos mais, conseguiu qualificar-se para três fases finais de Mundiais, mas foi sempre eliminada nas fases de grupos.
Foto: AP
África do Sul | 1998, 2002 e 2010
Foi na África do Sul que se jogou um dos campeonatos do mundo mais "queridos" pelos adeptos de sempre. EM 2010, o continente africano recebeu pela primira vez a maior competição de futebol do mundo. O primeiro momento guardado no baú das memórias é o golo de Tshabalala (foto), frente ao México. Nota: A África do Sul foi impedida de jogar provas FIFA entre 1966 e 1990 devido ao Apartheid.
Foto: AP
Egito | 1934, 1990 e 2018
O último Mundial foi para esquecer para o Egito, de "Moh Salah". O Egito terminou no último lugar do grupo A, perdendo inclusivé para a Arabia Saudita. A melhor campanha do Egíto foi logo na primeira vez que jogou o Mundial, em 1934, eliminado nos oitavos de final, pela Hungria. Mas, de notar, que o Egíto é a primeira seleção africana a jogar um mundial de futebol.