Candidato do MDM escapa ileso a disparos em Maputo
Lusa
11 de outubro de 2019
A viatura do cabeça de lista do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) na província de Maputo, Augusto Pelembe, foi baleada quinta-feira durante uma ação de campanha. O candidato escapou ileso.
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"Apareceu uma viatura branca, com quatro pessoas, eles interpelaram-me para pedir camisetes e eu estacionei. Depois disso, baixei a cabeça para levar o carregador [do telemóvel] e quando me levantei só vi balas", explicou Augusto Pelembe, citado pelo canal televisivo STV.
O incidente ocorreu na estrada nacional 1, quando uma caravana da terceira força política parlamentar moçambicana saía de uma ação de campanha na Machava, província de Maputo.
A reportagem da STV mostrou a viatura de Augusto Pelembe alvejada a tiro, dois dos quais atravessaram o vidro da frente. "Eu próprio não sei como explicar concretamente o que aconteceu", acrescentou o candidato que, no momento do incidente, seguia na mesma viatura com outros dois membros do MDM.
"Atentado contra a democracia"
Falando num comício na Gorongosa, centro do país, o presidente do partido, Daviz Simango, condenou o ato, classificando-o como um atentado contra a democracia. "Estamos perante uma situação de captura do Estado", disse Daviz Simango, acrescentando que há motivações políticas no atentado.
Simango: "FRELIMO está em silêncio absoluto sobre violência"
05:03
"Eles estão a ver que o galo [símbolo do MDM] está a bater em Maputo", concluiu, falando diante de simpatizantes do partido. A polícia moçambicana remeteu declarações sobre o caso para sexta-feira.
Os últimos dias de campanha eleitoral, que termina no sábado, com as eleições gerais a acontecerem na terça-feira, têm sido tensos. Na segunda-feira, um observador eleitoral e diretor-executivo do Fórum das ONG (FONGA), Anastácio Matavel, foi morto a tiro em Gaza, sul de Moçambique, num crime que terá sido cometido por polícias, segundo anunciou a própria força de segurança que abriu um inquérito interno ao caso.
A morte motivou declarações de repúdio de várias organizações moçambicanas e internacionais, missões de observação eleitoral e representações diplomáticas da União Europeia, Canadá, Noruega e EUA que pedem apuramento de responsabilidades. O Governo moçambicano condenou esta quinta-feira o crime, pela voz do ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, José Pacheco, prometendo ainda garantir a segurança aos observadores eleitorais no país.
Um total de 12,9 milhões de eleitores moçambicanos vão escolher, na terça-feira, dia 15, o Presidente da República, 10 assembleias provinciais e respetivos governadores, bem como 250 deputados da Assembleia da República.
Os desafios dos edis de Maputo e Matola
Depois das autárquicas, é tempo de pôr mãos à obra. Desde a gestão do lixo aos problemas nos transportes públicos, passando pela construção desordenada, são inúmeros os desafios dos autarcas em Maputo e na Matola.
Foto: DW/Romeu da Silva
Um "amor" sem fim
As carrinhas de caixa aberta "mylove" (em português, meu amor) continuam a ser uma das soluções para o crónico problema da circulação ente as duas cidades. São visíveis nesta imagem, numa auto-estrada, os riscos deste meio de transporte. É um grande desafio para os dois municípios.
O problema do lixo
A gestão de resíduos sólidos é também uma dor de cabeça comum. Em Maputo, a lixeira de Hulene (na foto), onde 16 pessoas perderam a vida num desabamento, no início do ano, continua envolta em polémica. Apesar da promessa de encerramento, o local continua a receber muito lixo. Já na Matola, nas zonas suburbanas, o problema do lixo passa pela falta de contentores e viaturas de recolha.
Foto: DW/Romeu da Silva
Construção desordenada
A requalificação de alguns bairros de Maputo também deverá dar trabalho ao próximo edil. Em muitos, faltam mesmo vias para a entrada de viaturas para abrir canais de água e colocar postes de eletricidade. No passado, em Maputo e na Matola, o combate à ocupação ilegal e desordenada do espaço urbano incluiu a demolição de centenas de residências privadas, o que gerou muitas críticas.
Foto: DW/Romeu da Silva
Desorganização do setor informal
Em várias zonas de Maputo e na Matola, o comércio informal ganhou muita força, mas os municípios têm dificuldades em regular esta atividade. À falta de espaços convencionais, o setor informal domina as bermas de estradas e instala-se junto a escolas e residências – de forma desorganizada.
Foto: DW/Romeu da Silva
Xilequeni e o drama de vender na beira da estrada
No maior mercado informal da capital, Maputo, é grande a procura de espaços para exercer a atividade. Muitos vendedores acabam nas bermas das rodovias e já se registaram casos de atropelamentos. Os vendedores não querem instalar-se nos mercados convencionais, afirmando que nestes locais não há clientes.
Foto: DW/Romeu da Silva
Polana às moscas
Um exemplo é o mercado Polana, em Maputo. Na foto, vê-se que está praticamente vazio. O município de Maputo desdobra-se para construir ou melhorar as condições dos mercados com vista a retirar os vendedores das ruas. A guerra parece não ter fim à vista. Muitas vezes, a polícia municipal tem-se mobilizado, chegando a usar cães para retirar os vendedores dos passeios.
Foto: DW/Romeu da Silva
Pavimentar estradas
Ainda há muitas estradas por pavimentar no município da Matola. A cidade cresce e os bairros que vão surgindo clamam por vias de acesso para facilitar a mobilidade. Nos dias chuvosos, muitas rodovias ficam intransitáveis e as viaturas, incluindo as de transporte coletivo, não podem circular. Conseguirá o novo edil da Matola resolver o problema das vias de acesso?
Foto: DW/Romeu da Silva
O fim dos chapas?
Entre 2005 e 2009, o então edil de Maputo Eneas Comiche declarou "guerra" aos chapas. Queria autocarros mais espaçosos para acabar com o trânsito. Mas a gestão dos transportes ainda é uma dor de cabeça. Os munícipes chegam a fazer quatro ligações para chegarem ao trabalho. Os "mini-bus" são autênticos campeões de encurtar rotas. A polícia municipal é acusada de colaborar, em troca de dinheiro.
Foto: DW/Romeu da Silva
Um parque industrial criticado
A indústria é a maior fonte de receita para o Conselho Municipal da Matola. É um dos municípios que mais lucra no setor, dado que a maior parte das indústrias do país está aqui concentrada. Mas há muitas críticas à gestão das receitas. E as fábricas de alumínio na Matola contribuíram para o agravamento dos níveis de poluição. As partículas libertadas põem a saúde da população em risco.
Foto: DW/Romeu da Silva
Conflito de terras
É um problema interminável no município da Matola: o conflito entre camponeses e empresas que querem exercer a sua atividade nas terras de quem lá mora. São muitos os casos de disputa entre cidadãos e médias empresas para resolver no município.
Foto: DW/Romeu da Silva
Consequências das chuvas
Na periferia de Maputo, depois da chuva, as vias ficam intransitáveis. Esta é a saída de um dos bairros para a estrada principal, mas quando há chuva os moradores procuram outras soluções que os obrigam a fazer manobras que só criam congestionamento de trânsito. As inundações não afetam apenas a capital. Na Matola, tal como em Maputo, há bairros que ficam meses com água estagnada.
Foto: DW/Romeu da Silva
Faltam transportes públicos
Já se veem alguns autocarros, mas são poucos os transportes públicos coletivos nos bairros de expansão no município da Matola. O próximo edil terá a dura tarefa de encontrar uma solução para a deslocação dos munícipes.