Benedito Daniel, cabeça de lista do PRS nas eleições gerais de Angola, foi apresentado, este fim de semana, na província angolana do Huambo. Benedito defende a implentação do federalismo como sistema de Governo.
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Na província angolana do Huambo, Benedito Daniel, atual presidente e cabeça de lista do Partido de Renovação Social (PRS), começou por ser apresentado ao governador da pronvíncia. Também manteve encontros com as autoridades tradicionais e eclesiásticas.
Na tarde de sábado (08.07), o líder da terceira maiora força política na oposição angolana apresentou o seu manifestou eleitoral aos estudantes universitários de diferentes instituições do ensino superior da região.
A implementação do federalismo - sistema político em que os estados conservam sua autonomia - é o cavalo de batalha dos renovadores sociais.
"O partido político que governa com um sitema unitário, pode chegar a uma fase do desenvolvimento da sua economia e perceber que pode evoluir para o sistema federal, fazendo uma reforma constitucional para garantir que as pronvíncias ou os estados federais possam tomar medidas sem recurso à consulta ao Presidente," explicou o canditado Benedito Daniel.
Mais liberdade
Em Angola, o desemprenho da imprensa, principalmente dos orgãos públicos de comunicação social, é, muitas vezes, questionado. O PRS propõe garantir maior liberdade de imprensa e de relegião, caso vença as eleições. O partido defende ainda que órgãos privados, como a Rádio Eclesia e a Rádio Despertar, poderão emitir para todo territorio nacional.
"Para que seja efectiva a sua responsabilidade como orgão de interesse coletivo, viabilizar incondicionalmente a expansão nacional da comunicação social para a diversificação da informação, pondo a serviço dos angolanos as novas tecnologias, criando uma estação televisiva exclusivamente para a Igreja," disse.
Depois da apresentação do seu manifesto eleitoral, os estudantes manifestaram algumas inquietações. Por exemplo, Francisco João, queria saber como o PRS vai resolver a questão da crise caso venças as eleições de 23 de Agosto.
"É trabalhar. É diversificar a economia para que não se possa depender sempre do petróleo. Não podemos acabar com a fome, se dependermos sempre de Luanda para nos trazer fertilizantes, por exemplo," respondeu Benedito Daniel.
Depois do Huambo, onde foi apresentado, o candidato do PRS segue, nos próximos dias, para as províncias do Bié, Cuando Cubango, Cunene, Huíla, Namibe e Benguela. Nestas regiões do país, o cabeça de lista e candidato presidencial do PRS vai também apresentar o seu manifesto eleitoral aos potenciais eleitores.
CASA-CE também marca presença no Huambo
Abel Chivukuvuku, cabeça de lista da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE) também deslocou-se à provincia angolana do Huambo para transmitir a sua mensagem eleitoral aos pontenciais eleitores da cidade e dos municipios do Catchiungo e Bailundo.
"Nós queremos transmitir uma mensagem de fé, mensagem de esperança, de tranquilidade e serenidade para que tenhamos umas eleições que se transfomem em festa pacífica, ordeira, positiva, inclusiva," disse.
No habitual contacto com o cidadão nas ruas da cidade, Chivukuvuku também falou sobre a constituição do seu futuro governo.
"Ninguém estará fora da futura governação que o país vai ter, porque todos juntos podemos construir um país melhor," garantiu.
MPLA em Benguela
Ainda no âmbito da pré-campanha eleitoral, o candidato a Presidente da República do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), o partido no porder, João Lourenço, realizou, no sábado (08.07), um comício em Benguela.
Durante o seu discurso, o cabeça de lista dos "camaradas" disse que o seu partido vai criar condições para que a província de Benguela volte a ser forte na indústria têxtil e contribua para o crescimento da economia nacional, caso vença as eleições gerais de 23 de agosto próximo.
José Eduardo dos Santos deixará saudades?
Dos Santos anunciou no início de 2017 que deixará o poder ao fim de 38 anos. Será que os angolanos terão saudades? Os comícios e as manifestações no país e fora de Angola nos últimos anos não deixam chegar a um consenso.
Foto: Getty Images/AFP/A. Pizzoli
Setembro de 2008 - Luanda
Este comício do MPLA em Kikolo, Luanda, foi assistido por milhares de pessoas durante a campanha para as eleições de 2008, as primeiras em 16 anos. O MPLA obteve 82% dos votos, tendo conquistado 191 dos 220 lugares da Assembleia Nacional de Angola.
Foto: picture-alliance/ dpa
Março de 2011 - Angola
No entanto, e apesar da maioria conseguida nas eleições de 2008, nos anos seguintes realizaram-se várias manifestações, em Angola, e não só, contra o Governo. A 7 de março de 2011, teve início no país uma onda de manifestações inspiradas na Primavera Árabe. Na organização destas manifestações estava o Movimento Revolucionário de Angola, também conhecido como "revús".
Foto: picture-alliance/dpa
Março de 2011 - Londres
No mesmo dia (7 de março), cerca de 30 pessoas sairam às ruas em Londres para protestar contra o Presidente José Eduardo dos Santos. Os manifestantes exigiram a saída do pai de Isabel dos Santos gritando "Zédu fora!" e "Zé tira o pé".
Foto: Huck
Fevereiro de 2012 - Benguela
Em 2012, ano de eleições no país, o número de manifestações organizadas pelos não apoiantes de José Eduardo dos Santos continuou a crescer. O protesto retratado na fotografia teve lugar em Benguela, a 13 de fevereiro. "O povo não te quer", gritaram os manifestantes.
Foto: DW
Junho de 2012 - Luanda
A 23 de maio de 2012, o presidente angolano anuncia que as eleições legislativas se irão realizar a 31 de agosto. Sensivelmente um mês depois, a 23 de junho, o Estádio 11 de Novembro, em Luanda, encheu-se de militantes e simpatizantes do MPLA para aplaudir José Eduardo dos Santos e apoiar a sua candidatura.
Foto: Quintiliano dos Santos
Julho de 2012 - Viana
Cartazes a favor de dos Santos num comício da campanha para as eleições de 2012 em Viana, arredores de Luanda. A 31 de agosto, o MPLA vence as eleições com mais de dois terços dos votos. Depois de uma mudança da Constituição, o Presidente já não é eleito diretamente, mas sim indiretamente nas legislativas. Como cabeça de lista do MPLA, José Eduardo dos Santos é eleito Presidente de Angola.
Foto: Quintiliano dos Santos
Maio de 2015 - Benguela
Nos anos seguintes continuaram os protestos contra o Presidente. Foram-se somando episódios de violência e detenções. 2015 torna-se-ia um ano complicado no que às críticas a JES diz respeito. No aniversário do "27 de maio", em Benguela, por exemplo, 13 ativistas foram detidos minutos depois de começarem um protesto. No mesmo dia, também houve detenções em Luanda.
Foto: DW/N. Sul d'Angola
Junho de 2015 - Luanda
Em junho de 2015, tem início um dos episódios da governação de José Eduardo dos Santos mais criticados. 15 ativistas angolanos, entre eles Luaty Beirão, foram detidos sob acusação de planeaream um golpe de Estado. Para além de terem despoletado muitas manifestações, estas detenções tiveram mediatismo um pouco por todo o mundo devido às greves de fome levadas a cabo por muitos dos detidos.
Foto: DW/P. Borralho
Julho de 2015 - Lisboa
No dia 17 de julho realizou-se, em Lisboa, a primeira manifestação em Portugal a favor da libertação destes jovens. "Basta de repressão em Angola", ouviu-se na capital portuguesa. Dias mais tarde, em Luanda, a polícia reagiu violentamente contra algumas dezenas de manifestantes que protestaram no Largo da Independência.
Foto: DW/J. Carlos
Agosto de 2015 - Luanda
A 2 de agosto e sob o lema "liberdade já", cerca de 200 pessoas, entre as quais vários artistas angolanos - poetas, políticos, atores e artistas plásticos - juntaram-se, em Luanda, para pedir a libertação dos 15 ativistas angolanos detidos. Sanguinário, Flagelo Urbano, Toti, Jack Nkanga, Sábio Louco, Zwela Hungo, Mona Diakidi, Dinameni, Fat Soldie e MCK foram alguns dos artistas presentes.
Foto: DW
Agosto de 2015 - Luanda
Dias mais tarde foi a vez das mães dos ativistas se fazerem ouvir. Nas ruas de Luanda, pediram a libertação dos seus filhos, mesmo depois da manifestação ter sido proibida pelo Governo.
Foto: DW/P. Ndomba
Agosto de 2015 - Lisboa
Nem no dia do seu aniversário (28 de agosto), José Eduardo dos Santos teve "descanso". Cidadãos descontentes, quer em Lisboa, quer em Angola, voltaram às ruas. Na capital portuguesa, voltou a pedir-se liberdade para os ativistas. Exigiu-se ainda liberdade de movimento, de pensamento, de expressão e de imprensa em Angola.
Foto: DW/J. Carlos
Novembro de 2015 - Luanda
No dia em que se celebraram os 40 anos da independência de Angola, proclamada a 11 de novembro de 1975, pelo então Presidente António Agostinho Neto, vários jovens voltaram a fazer ouvir-se. 12 manifestantes foram detidos.
Foto: DW/M. Luamba
Março de 2017 - Cazenga
No início de 2017, José Eduardo dos Santos anunciou a saída da Presidência. O cabeça-de-lista do MPLA às eleições gerais deste ano será o atual ministro de Defesa João Lourenço. O candidato foi recebido por centenas de apoiantes naquele que foi o seu primeiro ato de massas da pré-campanha, no município do Cazenga, em Luanda, a 4 de março.