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Capulana pode trazer mais ganhos à economia de Moçambique

Eleutério Silvestre (Pemba)18 de outubro de 2013

Pemba, na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, acolhe o Festival Mundial da Capulana esta semana, considerado o maior certame mundial dedicado a este pano africano. Mas economicamente não é bem aproveitado

Uma montra de capulanas em Pemba, MoçambiqueFoto: DW/E. Silvestre

Em quase todas as comunidades de Cabo Delgado, província moçambicana no norte de Moçambique, é atribuído um enorme valor à capulana, considerada há muito um símbolo multicultural.

A capulana é um tecido muito usado em África pelas mulheres à volta do corpo. O pano costuma ser colorido e com padrões muito diversificados. Para além de ser usado como vestuário, o tecido é também utilizado para outros fins.

Em algumas etnias, a capulana constitui uma peça indispensável para a mulher. Mas para a economia moçambicana ela pouco contribui porque a indústria têxtil praticamente perdeu a robustez durante a guerra civil, que aconteceu de 1979 a 1992, e até hoje não ganhou um novo impulso.

Entretanto, em termos de comércio, nem mesmo a guerra conseguiu afastá-la dos mercados e do quotidiano das mulheres.

Indústria têxtil adormecida

Para o economista Florêncio Chavango, chegou o momento de serem envidados esforços para atrair investimentos por forma a tornar viável e sustentável a produção local da capulana.

Em entrevista à DW África, o economista defende que é preciso desenhar estratégias para tirar maior proveito do potencial económico da capulana: "Em termos ecnonómicos o potencial da capulana é grande."

Chavango recorda que a capulana é um produto que obedece a todos os processos industriais para a sua produção: "Quer a montante quer a jusante tem impactos no crescimento na economia e nos rendimentos das empresas e das pessoas."

E para conferir o respetivo valor e garantir a preservação histórica e cultural junto da população é necessário disseminar o multiuso da capulana nas suas formas mais diversas, sustenta o economista Florêncio Chavango.

E em termos económicos Chavango explica como outros setores económicos podem obter ganhos: "Estão também envolvidos nesta cadeia os serviços de gráfica, serviços artísticos, design e a própria cultura."

Mulheres de Pemba, trajando capulanas e apreciando outras capulanasFoto: DW/E. Silvestre

As múltiplas utilidades

Para o coordenador do Festival Mundial da Capulana, Assifo Sadrudini, são inúmeras as inovações no uso da capulana verificadas atualmente, com destaque para a produção de peças de roupa para homens e mulheres feitas deste tecido africano.

Assifo Sadrudine destaca um facto relativamente novo: "O homem moçambicano já começa a vestir a capulana, em forma de calças, calções ou camisas. E isso está a ser bem aceite pela população, cada um com a sua capulana, cada um com a sua história."

Relativamente a esse primeiro Festival da Capulana, (17 e 18 de outubro) o organizador diz: "Será uma beleza mundial jamais vista no mundo, é a primeira vez que acontece no mundo. E Moçambique é o maior palco de desfile de capulanas e cada uma com a sua história."

Sadrudini lembra também que Moçambique dispõe de extensas áreas de terras aráveis para a produção de algodão, usado para produzir a capulana. Recorde-se que o país está a relançar a cultura de produção de algodão, mas o processo vive altos e baixos.

E o coordenador do Festival manifestou ainda preocupação face à fraca aposta do empresariado moçambicano na indústria têxtil: "O nosso povo compra e veste a capulana. Infelizmente não temos uma produção local. Importamos ainda de outros países, como a Indonésia, e os agentes económicos é que fazem negócio, vendendo milhões e milhões de capulanas a Moçambique."

As capulanas são vendidas também nas ruas e nos mercados informaisFoto: DW/E. Silvestre

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