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Liberdade de imprensaAngola

Rosado de Carvalho barrado novamente em televisão angolana

Lusa
8 de outubro de 2020

O jornalista e economista Carlos Rosado de Carvalho voltou a ser barrado numa estação de televisão angolana, desta vez na Palanca TV, quatro dias depois de ter sido impedido de abordar o caso Edeltrudes Costa.

Foto: N. Sul d'Angola

Nas suas contas de Facebook e do Twitter, o jornalista e economista anunciou que foi  impedido de participar num debate sobre "O ambiente de negócios em Angola", com os empresários Jorge Batista e Bartolomeu Dias, às 21:00 desta quarta-feira (07.10), para o qual tinha sido convidado.

"Fazer o quê?", escreveu Carlos Rosado de Carvalho num 'post' acompanhado pelas fotografias dos convidados, onde a sua cara aparece traçada com um "x" e a legenda "Carlos Rosado de Carvalho not".

Questionado pela Lusa, o jornalista afirmou ter sido avisado em cima da hora pela produção do programa de que "já não poderia participar", sem mais explicações.

A Palanca TV era um órgão privado ligado ao antigo ministro da Comunicação Social do ex-Presidente José Eduardo dos Santos que ficou sob controlo do Estado angolano.

Carlos Rosado de Carvalho acusou recentemente a TV Zimbo, outro órgão privado que passou para o Estado angolano, de censurar a sua participação na rubrica "Direto ao Ponto" onde pretendia abordar, no sábado (03.10) passado, as alegações relacionadas com Edeltrudes Costa.

O chefe de gabinete do presidente João Lourenço terá sido favorecido, segundo uma reportagem da TVI, em contratos com o estado angolano, tendo transferido milhões de dólares de uma empresa sua para o estrangeiro, que serviram para comprar casas e outros bens de luxo.

"Cercear das liberdades" nos últimos meses

A direção da estação rejeitou as acusações de censura, mas não foi poupada por organismos como o Sindicato dos Jornalistas, o Instituto para a Comunicação Social da África Austral (MISA) e até a Ordem dos Advogados de Angola que se solidarizaram com Carlos Rosado de Carvalho.

Também a UNITA, principal partido da oposição angolana, mostrou preocupação com "o cercear das liberdades de expressão e de imprensa nos últimos meses" no país, apontando a "censura de conteúdos" na TV Zimbo como o caso mais recente.

A TV Zimbo, a Rádio Mais e o jornal O País, todas do grupo Media Nova, foram entregues ao Estado angolano no final de julho, no âmbito do processo de recuperação de ativos criados com fundos públicos, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR).

A Palanca TV, órgão integrante do grupo Interative Empreendimentos Multimédia, que incluía ainda a Rádio Global e Agência de Produção de Programas de Audio e Visual passou para as mãos do Estado a 28 de agosto, no âmbito do processo de recuperação de ativos constituídos com fundos públicos.

No início de setembro, o ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Manuel Homem, anunciou que a estação iria passar a produzir apenas conteúdos desportivos. E assegurou na altura que tal medida não afetava a pluralidade da informação. "A Palanca TV e outros órgãos afetos a este processo de recuperação de ativos são empreendimentos constituídos com fundos públicos e o Estado tem que ter uma estratégia de forma concreta se transforme num canal desportivo de emissão nacional", frisou.

Luanda: Angolanos pedem a demissão de Edeltrudes Costa

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