Casal da Guiné-Conacri ajuda migrantes a integrar-se
Lina Jah | mb
12 de setembro de 2017
Casal de guineenses criou o "Campeonato da Integração" na Alemanha. A paixão pelo futebol minimiza as diferenças culturais entre africanos e alemães.
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Issa Touré e Amadou Touré vivem na Alemanha há 12 anos. Quando chegaram a Colónia, no oeste da Alemanha, perceberam de imediato que muitos migrantes africanos enfrentavam várias dificuldades no novo país - seja por causa da língua ou por causa das diferenças culturais.
"A maior parte destas pessoas fica no seu próprio canto", diz Amadou. Por isso, o casal resolveu fazer algo. Em 2015, Issa e Amadou Touré criaram uma associação, chamada "Promo Guinee Africa", para ajudar migrantes africanos na Alemanha. Recentemente, organizaram também um jogo de futebol intercultural em Colónia.
Futebol como forma de integração
O "Campeonato da Integração" juntou camaroneses, guineenses e alemães.
"Aproveitámos esta oportunidade para conversar sobre o que poderíamos fazer para melhorar a nossa integração na cultura alemã", diz René, um jovem dos Camarões de 32 anos. "O futebol une as pessoas e desempenha um papel importante no processo de integração."
Este foi o primeiro campeonato de futebol do género em Colónia e o casal Touré planeia organizar mais no futuro.
Amadou Touré quer ajudar os muitos guineenses que estão isolados e não vão à escola, não têm trabalho e estão perdidos: "Queremos melhorar a condição de vida dos migrantes da África, em especial dos guineenses, na Alemanha. Vamos com ele ao serviço de estrangeiros, a advogados, a médicos. Muitos africanos, particularmente os guineenses, procuram-nos para pedir ajuda. Estou sempre muito ocupado, mal tenho tempo para mim", conta Amadou.
Casal da Guiné-Conacri ajuda migrantes a integrar-se
Incentivo e solidariedade
O partido alemão dos Verdes também foi convidado a participar no campeonato. Michael Kaiser, membro da associação local dos Verdes, conta que apoiou desde logo a iniciativa: "Aceitámos quase de imediato, sem pensar muito. Há pouco tempo, também organizámos um campeonato de futebol, sobretudo com imigrantes. Entre eles, estavam alguns refugiados da Síria e também participaram equipas alemãs. Durante o jogo, foi fácil notar que o futebol realmente une as pessoas."
A associação dos Touré tem outros projetos. O casal acredita que os africanos de Colónia precisam de um "centro africano", um lugar onde eles se possam se reunir e falar livremente sobre os desafios que enfrentam na Alemanha. Com a criação desse centro, o casal acredita que os problemas possam ser resolvidos em grupo.
Copa dos Refugiados no Brasil
A Copa dos Refugiados juntou uma centena de atletas refugiados e migrantes no sul do Brasil. O objetivo: promover a integração.
Foto: DW/L. Nagel
Angolanos apoiam refugiados no Brasil
Tudo pronto para o pontapé de partida da Copa dos Refugiados em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O campeonato reuniu cerca de 100 atletas refugiados e migrantes no Brasil, promovendo a sua integração no país. Entre os participantes estiveram jovens angolanos, que vivem há pouco mais de três anos no sul do Brasil.
Foto: Luis Gressler
Uma arena só para a Copa
A Arena do Grêmio, na cidade de Porto Alegre, foi o palco da primeira edição da Copa dos Refugiados e Migrantes, em março deste ano. O campeonato juntou jogadores amadores do Senegal, República Democrática do Congo e Angola, além do Haiti, Venezuela, Colômbia, Peru e Síria que vivem em várias cidades do Rio Grande do Sul.
Foto: DW/L. Nagel
Concentradíssimos
Antes do jogo, a equipa de Angola presta atenção às orientações do técnico Januário Francisco Gonçalves, de 45 anos. Angola enfrenta o Coletivo, considerado um adversário forte, composto por jogadores do Senegal. Januário também é o presidente da Associação dos Angolanos em Porto Alegre.
Foto: Luis Gressler
Jogo renhido
A partida entre os jogadores de Angola e o Coletivo foi renhida. A equipa de senegaleses da cidade de Caxias do Sul fez marcação cerrada aos angolanos e acabou por vencer: 1-0 para o Coletivo. Mas o que importa é participar na Copa: "Apesar de a nossa equipa não ser de refugiados, é necessário dar-lhes apoio", diz o angolano Hélder Oliveira, de 21 anos.
Foto: DW/L. Nagel
A torcer por Angola
O jogo entre Angola e o Coletivo só durou 15 minutos, mas foi bastante animado. Várias pessoas vieram ao estádio torcer pelos estudantes angolanos, na sua maioria bolseiros da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e Pontifícia Universidade Católica do Rio do Grande do Sul (PUCRS).
Foto: DW/L. Nagel
Pelos refugiados
Mário Bravo, 21 anos, nasceu em Luanda e estuda atualmente Engenharia de Energia no sul do Brasil. "Viemos prestar a nossa solidariedade a todos os refugiados que vivem aqui", afirmou o estudante. Para Mário, o povo brasileiro identifica-se muito com os africanos: "Adoro o Brasil, a alegria das pessoas. Somos muito parecidos, somos irmãos".
Foto: DW/L. Nagel
Contra o preconceito
Hélder participou pela primeira vez num torneio deste género, para apoiar refugiados e lutar contra o preconceito. Ele vive há três anos no Brasil e já foi vítima de racismo. O angolano comenta que, infelizmente, há racismo até "por um negro ser mais negro do que o outro, por um branco ser mais branco do que o outro". Mas Hélder tenta ignorar: "Escolho as pessoas certas nas relações de amizade."
Foto: DW/L. Nagel
Um evento para todos
A Copa dos Refugiados foi organizada pela ONG "África do Coração", dirigida pelo refugiado congolês Jean Katumba, que vive em São Paulo. "O objetivo do evento é integrar todas as pessoas, independentemente da sua religião, credo, raça; mostrar que todos os refugiados e migrantes são bem-vindos aqui em Porto Alegre", diz Jean, que teve de sair do seu país após denunciar fraudes nas eleições.
Foto: DW/L. Nagel
"Fair-Play"
Também para estes adeptos haitianos, o que importa nesta Copa é participar. A sua equipa perdeu frente à Colômbia, mas mesmo assim não desanimaram. O Centro Ítalo-Brasileiro de Assistência e Instrução às Migrações estima que cerca de dois mil haitianos vivem em Porto Alegre.
Foto: DW/L. Nagel
Vitória!
A Colômbia seguiu para a final, mas foi derrotada pelo Coletivo, da cidade de Caxias do Sul. A equipa formada por imigrantes senegaleses foi a grande vencedora da Copa dos Refugiados e celebrou a vitória.
Foto: DW/L. Nagel
Para mais tarde recordar
Altura para a foto de grupo, no final da Copa. Na imagem, para a posteridade, a equipa de Angola. A competição foi realizada pela Associação Antônio Vieira (ASAV) com o apoio da Agência da ONU para Refugiados e de entidades e organizações da sociedade civil.
Foto: DW/L. Nagel
O troféu
A equipa Coletivo levou, este ano, a taça da Copa para casa. O torneio já teve três edições realizadas na cidade de São Paulo, no sudeste brasileiro, mas foi a primeira vez que Porto Alegre recebeu os jogadores. Quem serão os próximos vencedores?