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Caso Cafunfo: Advogado desmente notícias falsas sobre réus

Nelson Camuto (São Paulo)
31 de março de 2022

Zola Bambi esclareceu, esta quinta-feira, que acusados que defendeu, julgados a 25 de fevereiro, encontram-se em liberdade - ao contrário do que foi divulgado inicialmente.

Angola | Jurist | Zola Bambi
Zola BambiFoto: privat

Esta quinta-feira (31.03), o Observatório para a Coesão Social e Justiça (OCSJ) realizou uma conferência de imprensa em Luanda para desmentir notícias falsas.

Segundo o presidente do OCSJ, a suposta circulação de informações na imprensa angolana dando conta de que os 22 arguidos do caso Cafunfo a quem prestou assistência jurídica ainda estariam presos estaria a prejudicá-los.

Em entrevista à DW África, Zola Bambi, que é também advogado, diz ainda que os seus clientes são vítimas da "manipulação dum processo político fabricado".

DW África: Quais são as acusações que pesavam sobre os arguidos a quem prestou assistência jurídica?

Zola Bambi (ZB): Nós atendemos as pessoas que supostamente foram publicamente tidas como participantes numa rebelião armada, com o intuito de ocupar uma esquadra na vila de Cafunfo e criar também um movimento com o interesse de dividir o país. Foram 22 pessoas que nós realmente defendemos. O processo tinha 23 pessoas. O líder do movimento foi defendido por outro escritório.

DW África: Qual foi a decisão do acórdão em relação às pessoas a quem prestou assistência jurídica?

(ZB): A sociedade em si, do momento em que se ditou o acórdão, no dia 25 de fevereiro, nós ficamos todas essas semanas a responder a todos que vinham até nós a dizer que estavam soltos. Enquanto os média públicos oficiais publicaram que foram condenados a quatro anos e três meses de prisão e que estavam todos presos. Realmente não estão. Foi uma das razões que me levou a realizar essa conferência de imprensa. Todas as 22 pessoas que defendemos foram soltas.

DW África: Que esclarecimentos gostaria de prestar em relação a este acórdão e porque só agora, mais de um mês após o julgamento?

(ZB): No dia 25 de fevereiro, o juiz veio com um acórdão rasurado e disse claramente que deveria trabalhar no mesmo e depois passar aos advogados para poderem defender os interesses dos seus mandantes conforme o procedimento. Esse acerto que o juiz solicitou à sala levou mais de uma semana. Depois que se passou essa semana, um escritório recebeu o acórdão e o nosso escritório recebeu muito mais tarde esse resultado. Uma coisa é o que se ouviu no primeiro dia, outra coisa é o que se publicou no acórdão, quase duas semanas depois - não sendo o resultado do acórdão no seu todo o que foi dito e o que se ouviu também a imprensa que esteve presente. Então, era necessário também dizer porque se estava a dizer e a prejudicar as pessoas que nós defendemos, dizer que estavam condenados a quatro anos de prisão e que estavam detidas, enquanto estão soltas e foram condenadas a menos de um ano de reclusão. Outros foram inocentados, absolvidos e praticamente uma ou duas pessoas tiveram as penas suspensas.

DW África: Ficou satisfeito com a absolvição dos réus?

(ZB): Sim, porque para nós não havia crime. Eles até são inocentes. São vítimas daquilo que foi uma manipulação de um processo fabricado e um processo político, com interesses que têm a ver com a região em si. Por ser uma região que faz parte das zonas mineiras e, sobretudo, o diamante. E foi no intuito de calar aqueles que ainda reclamam pelo bem-estar da população e que ainda se apõem aos comportamentos de certas empresas e certos interesses que estão ligados com o regime no poder.

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