A nacionalização por Portugal da participação de Isabel dos Santos na Efacec gera debate. Alguns entendem que Luanda devia defender a empresária, como ocorreu com Manuel Vicente, ex-vice-Presidente angolano.
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O debate sobre a nacionalização pelo Estado português dos 71,7% que a angolana Isabel dos Santos detinha na empresa portuguesa Efacec continua, sobretudo nas redes sociais.
No Facebook, por exemplo, multiplicam-se os comentários que mencionam um tratamento diferenciado por parte do Estado angolano na proteção dos direitos dos cidadãos.
"Nós temos assistido neste país dois pesos e duas medidas no que diz respeito a cidadãos do MPLA que desviaram o erário", diz Serafim Simeão, antigo secretário provincial da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE) na Huíla.
Serafim Simeão aponta o exemplo da "Operação Fizz", em que Manuel Vicente, ex-vice-Presidente de Angola, é suspeito de ter corrompido o ex-procurador português Orlando Figueira e cujo processo foi transferido para Angola, em 2018. Lembra que este caso constituiu um "irritante" que colocou em causa as relações bilaterais entre Angola e Portugal.
"O engenheiro Manuel Vicente, há menos de dois anos, foi defendido a ferro e fogo pelo Presidente da República por este estar indiciado em Portugal por corrupção, lavagem de dinheiro e suborno a um procurador português, mas tudo se fez, até as relações bilaterais dos dois países foram postas em causa, devido ao cidadão Manuel Vicente", afirmou.
Interesses de Angola em causa
Embora Isabel dos Santos esteja envolvida em vários processos judiciais em Angola e Portugal, por alegados desvios de erário público, Serafim Simeão defende a proteção dos direitos da empresária por parte do Estado angolano.
"No caso da engenheira Isabel dos Santos, podíamos usar a mesma metodologia. É verdade que também desviou o erário para Portugal e agora se vê metida num processo e nós, por conta de supostos problemas pessoais, não conseguimos defender a nossa compatriota e fazer com que os ativos voltem para Angola", diz Serafim Simeão.
Por seu lado, o jurista angolano Manuel Pinheiro lembra que a empresária será indemnizada pelo Estado português. "No caso vertente, a engenheira Isabel dos Santos vai obter uma indeminização. A única situação que pode existir é que essa indemnização sirva para os credores. Ou seja, dada como garantia aos credores que terão financiado os investimentos da Isabel dos Santos na Efacec", diz.
Questionado sobre se os interesses de Angola foram postos em causa no caso Efacec, Manuel Pinheiro não tem este entendimento. Mas acredita que este e outros casos podiam ser resolvidos sem o recurso a tribunais ou coerção.
"Parece-me que os interesses de Angola não foram postos em causa. Apenas o que se fez é que o procedimento é muito oneroso, uma vez que até havia meios mais consentâneos para resolver esta questão. Podia-se resolver por meio extrajudicial quer o Estado angolano quer Isabel dos Santos. Podiam ensaiar os meios extrajudiciais para a resolução deste dissídio", disse.
Pronunciando-se sobre este caso, o Presidente angolano, João Lourenço, disse que a nacionalização resultou da cooperação judiciária entre Angola e Portugal. Mas Manuel Pinheiro entende que não. "Neste caso concreto poderá haver uma coincidência de vontades entre o Estado angolano e o Estado português", sublinha.
O caso Efacec trouxe também ao debate a alegada seletividade de cidadãos no âmbito do combate à corrupção e à suposta perseguição à família Dos Santos. Esta segunda-feira (06.07), Isabel dos Santos disse que desejam silenciá-la "política e socialmente a todo custo".
Quem são as mulheres mais poderosas de África?
Nove mulheres africanas dão que falar no mundo da política e dos negócios, geralmente dominado por homens. Saiba quem são e como se têm destacado.
Foto: picture-alliance/dpa/epa/B. Fonseca
Primeira mulher Presidente em África
Ellen Johnson Sirleaf foi a primeira mulher eleita democraticamente num país africano. De 2006 a 2018, governou a Libéria, lutando contra o desemprego, a dívida pública e a epidemia do ébola. Em 2011, ganhou o Prémio Nobel da Paz por lutar pela segurança e direitos das mulheres. Atualmente, lidera o Painel de Alto Nível da ONU sobre Migração em África.
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Um grande passo para as mulheres etíopes
Sahle-Work Zewde foi eleita, em outubro, Presidente da Etiópia. O poder no país é exercido pelo primeiro-ministro e o Conselho de Ministros. Entretanto, a eleição de uma mulher para a cadeira presidencial é considerada um grande avanço na sociedade etíope, onde os homens dominam os negócios e a política. Mas isto está a mudar. Hoje em dia, metade do Governo é formado por mulheres.
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Mulher mais rica de África
Isabel dos Santos tem uma reputação controversa em Angola. É filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, que a colocou na administração da Sonangol em 2016. Mas o novo Presidente, João Lourenço, luta contra o nepotismo e despediu Isabel dos Santos. Mesmo assim, dos Santos ainda detém muitas participações empresariais e continua a ser a mulher mais rica de África, segundo a revista Forbes.
Foto: picture-alliance/dpa/epa/B. Fonseca
Magnata do petróleo e benfeitora da Nigéria
1,6 mil milhões de dólares norte-americanos é a fortuna da nigeriana Folorunsho Alakija. A produção de petróleo faz com que a dona da empresa Famfa Oil seja a terceira pessoa mais rica da Nigéria. Com a sua fundação, a mulher de 67 anos apoia viúvas e órfãos. Também é a segunda mulher mais rica de África, apenas ultrapassada pela fortuna de Isabel dos Santos de 2,7 mil milhões (segundo a Forbes).
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Oficial da dívida da Namíbia
Na Namíbia, uma mulher lidera o Governo: desde março de 2015, Saara Kuugongelwa-Amadhila é primeira-ministra – e a primeira mulher neste escritório na Namíbia. Anteriormente, foi ministra das Finanças do país e perseguiu uma meta ambiciosa: reduzir a dívida nacional. A economista é membro da Assembleia Nacional da Namíbia desde 1995.
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Discrição e influência
Jaynet Kabila é conhecida pela sua discrição e cuidado. Irmã gémea do ex-Presidente congolês Joseph Kabila, é membro do Parlamento da República Democrática do Congo e também é dona de um grupo de meios de comunicação. Em 2015, a revista francesa Jeune Afrique apontou-a como a pessoa mais influente do Governo na RDC.
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Triunfo diplomático
A ex-secretária de Estado do Ruanda, Louise Mushikiwabo, será secretária-geral da Organização Internacional da Francofonia em 2019. Isto, mesmo depois de o país ter assumido o inglês como língua oficial há mais de 10 anos. A escolha de Mushikiwabo para o cargo é vista como um triunfo diplomático. O Presidente francês, Emmanuel Macron, foi um dos apoiantes da sua candidatura.
Outra mulher influente: a nigeriana Amina Mohammed, vice-secretária-geral das Nações Unidas desde 2017. Entre 2002 e 2005, já tinha trabalhado na ONU no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio. Mais tarde, foi assessora especial do então secretário-geral, Ban Ki-moon, e, por um ano, foi ministra do Meio Ambiente na Nigéria.
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A ministra dos recordes no Mali
Recente no campo da política externa, Kamissa Camara é a mais jovem na política e primeira ministra do Exterior da história do Mali. Aos 35 anos, foi nomeada para o cargo pelo Presidente Ibrahim Boubacar Keïta e é agora uma das 11 mulheres no Governo. No total, o gabinete maliano tem 32 ministros.