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Caso IURD: Luanda afasta diferendo do plano político

27 de julho de 2020

Depois de reunir com deputados, o Governo angolano disse que o conflito entre pastores angolanos e brasileiros da IURD não deve ser confundido com questões políticas. E sublinha que o assunto será tratado pela Justiça. 

Angola Luanda | Kirche Igreja Universal do Reino de Deus (DW/B. Ndomba)
Foto: B. Ndomba/DW

Pelo menos dois processos sobre os escândalos que envolvem os bispos da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Angola estão em instrução preparatória na Procuradoria-Geral da República (PGR), anunciou esta segunda-feira (27.07) o ministro angolano da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz. 

O anúncio foi feito no final do encontro entre o Governo e os deputados que abordaram o conflito na IURD à porta fechada. As autoridades angolanas afirmam que a discórdia não pode ser transformada em facto político. 

Sob alçada da justiça está a denúncia de 300 pastores angolanos que acusam a ala brasileira da igreja de praticarem crimes de evasão fiscal, branqueamento de capitais, racismo e outros atos que atentam contra os hábitos culturais de Angola, como por exemplo obrigar os pastores a fazer vasectomia. 

O ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz disse que a outra queixa foi feita pela direção da igreja contra os dissidentes.

"Estão neste momento em curso dois processos que estão em instrução preparatória, e que resultaram, um deles de uma denúncia de bispos da igreja que denunciaram práticas que indiciam crimes. O outro processo também por parte de bispos contra outros bispos que também indiciam crimes”, explicou o ministro.

Parlamento angolano, LuandaFoto: DW/B. Ndomba

Aspeto político?

Após o encontro desta segunda-feira (27.07), o ministro da Justiça e Direitos Humanos afirmou que a crise na IURD não deve ser confundida com questões políticas.

"O que se nota muita das vezes são tentativas de esconder o problema essencial, o problema de gestão, que opõe alas internas da igreja, e transformar isso num problema político. Não o é. É um problema interno que gerou uma crise”, defendeu Francisco Queiroz.

Assunto das autoridades

André Mendes de Carvalho, deputado e presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), a segunda maior força da oposição, defendeu maior atenção às denúncias de cometimentos de crimes na IURD.

Raúl Danda, deputado da UNITAFoto: DW/M. Sampaio

"Deixemos que as autoridades encarregues [tratem] do assunto depois de terem ouvido a Assembleia Nacional deem o tratamento adequado ao assunto”, afirmou o deputado da CASA-CE, defendendo que "há anos que já não há missas em latim em Angola, porque que temos que ter missas ‘em brasileiros'?”.

Proteção dos cidadãos

Por sua vez o deputado Raúl Danda, do maior partido da oposição, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), é a favor da proteção dos cidadãos, muitos dos quais fiéis "extorquidos” pela igreja liderada pelo brasileiro Edir Macedo.

"Se as pessoas que fazem a vasectomia o fazem por vontade própria, mas precisamos ver em que circunstâncias ocorrem. Pode parecer que cada um faz da sua vida o que quer, isso pode não parecer a pura verdade”, considerou. 

De acordo com Danda, "se cada cidadão fizesse da sua vida o que quer, não haveria regra numa sociedade”. "Não se pode permitir que se faça qualquer coisa ao Estado angolano. Este país, goste ou não, está mesmo independente desde 11 de novembro de 1975”, concluiu o deputado da UNITA.

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