RENAMO queixa-se de "ladroagem". Mas direção do MDM não abre mão de uma indemnização a membros do partido, que afirma terem sido injuriados pelo edil de Quelimane, Manuel de Araújo.
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Está instalado um braço de ferro entre a direção do partido da oposição Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e o presidente do Conselho Autárquico de Quelimane, Manuel de Araújo. O edil foi processado por difamação, após nomear membros do MDM como eventuais autores, caso sofresse um atentado.
De Araújo acabou por ser abrangido por uma amnistia presidencial de abril de 2020, no âmbito do combate à pandemia de Covid-19, para condenados a menos de um ano de prisão. Ainda assim terá de pagar uma indemnização.
Estava previsto para esta sexta-feira (14.05) o desfecho do caso com a definição do valor a ser pago pelo edil às partes ofendidas, José Lobo, ex-líder da bancada do MDM na Assembleia da República e Domingos de Albuquerque, ex-presidente da Assembleia Municipal de Quelimane. Mas mais um desentendimento entre os litigantes adiou o encerramento do processo pela terceira vez.
Críticas ao juiz
Os ofendidos saíram do recinto muito agitados e ameaçaram recorrer se o juiz, Manuel Nopeia, favorecer Manuel de Araújo. Domingos de Albuquerque afirmou-se desapontado porque quis ser ouvido durante a audiência, mas o juiz não permitiu.
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De Albuquerque rejeita a argumentação do magistrado. "O juiz alega que as pessoas ofendidas são abstratas. Mas o Albuquerque que foi ofendido sou eu, é a minha pessoa. Na altura da tomada de posse, eu era presidente interino do Conselho Municipal de Quelimane. Quando o juiz diz que não era este Albuquerque, era outro Albuquerque, fica complicado", desabafou, acrescentando: "Pretendemos ver que a justiça seja bem feita. Caso contrário vamos recorrer a outras instâncias, vamos interpor recurso."
Sete milhões de meticais de indemnização
O outro ofendido, José Lobo, mostrou-se surpreendido com as declarações do juiz.
"É o tribunal que nós temos. Mas fica um alerta para toda sociedade moçambicana que, ao continuarmos assim, essa sociedade vai continuar torta. As pessoas vão cometer desmandos sem desfecho."
À saída do tribunal, Manuel de Araújo não quis prestar declarações. "Cabe ao tribunal dar qualquer explicação sobre o caso", justificou.
Os injuriados pedem uma compensação de sete milhões de meticais, (cerca de 100 mil euros) pelos danos morais causados.
Maria Elisa, a delegada provincial da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) - o partido de Araújo -, saiu em defesa do edil ao criticar o montante.
"Isso é ladroagem, não é possível pedir sete milhões, querem-se aproveitar", afirmou.
O desfecho do caso está agora previsto para os dias 18 ou 19 de maio.
Autárquicas: Quem venceu nas principais cidades de Moçambique
Os resultados eleitorais das eleições autárquicas moçambicanas dão a vitória ao partido no poder em 44 municípios. A RENAMO, a principal força da oposição, venceu em sete autarquias. O MDM conquistou apenas a Beira.
Foto: DW/S. Lutxeque
Eneas Comiche, edil da capital entre 2004 e 2008, venceu em Maputo
Segundo o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e a Comissão Nacional de Eleições (CNE), a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) saiu como grande vencedora em Maputo com 56,95% dos votos, contra os 36,43% da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) foi a terceira força política mais votada com 5,13%.
Foto: DW/R. da Silva
Com margem estreita, Calisto Cossa conquista segundo mandato na Matola
No município da Matola, a FRELIMO foi considerada vencedora com 48,05% dos votos, contra os 47,28% da RENAMO, uma diferença inferior a um ponto percentual. A vitória da FRELIMO foi, no entanto, contestada pela oposição. Membros da Comissão Distrital de Eleições disseram mesmo que houve fraude eleitoral.
Foto: DW/Leonel Matias
Emídio Xavier, da FRELIMO, eleito pelo município de Xai-Xai
Na província de Gaza, concretamente na cidade de Xai-Xai, a FRELIMO venceu com 81,21% dos votos contra apenas 12,36% da RENAMO. Em 134 mesas, Xai-Xai registou 53,90% de votos válidos e uma abstenção de 43,86%.
Foto: DW/C. Matsinhe
Benedito Guimino, da FRELIMO, reeleito em Inhambane
Na cidade de Inhambane, capital provincial, a FRELIMO arrasou com 79,50% contra os 15,55% da RENAMO. Sobraram apenas 4,95% para o MDM. Inhambane contou com 65 mesas de voto e uma abstenção de 35,14%.
Foto: DW/L. da Conceição
Daviz Simango, líder do MDM, mantém-se na Beira
Na cidade da Beira, província de Sofala, o MDM conseguiu a única vitória neste sufrágio. A terceira força parlamentar arrecadou 45,77% dos votos. Em segundo lugar, ficou a FRELIMO com 29,26%. Em terceiro, surge a RENAMO com 24,57%. Neste município registou-se uma abstenção de 36,65%.
Foto: DW/A. Sebastiao
João Ferreira foi aposta da FRELIMO na cidade de Chimoio
Em Chimoio, província de Manica, a FRELIMO obteve maioria absoluta com 52,51% da votação. A RENAMO garantiu 44,51% dos votos válidos. Nesta cidade do centro do país havia 220 mesas e, curiosamente, não foram contabilizados quaisquer votos nulos ou brancos.
Foto: DW/M. Muéia
Manuel de Araújo reeleito em Quelimane - desta vez pela RENAMO
Na província da Zambézia, cidade de Quelimane, a RENAMO venceu com 59,17% da votação contra os 36,09% arrecados pelo partido no poder, a FRELIMO. Quelimane com 168 mesas de votos registou uma taxa de abstenção de 34,72%. Do total de votos, 61,39% foram considerados válidos.
Foto: picture-alliance/dpa
César de Carvalho volta à edilidade de Tete, que liderou entre 2004 e 2013
Na província de Tete, na cidade com o mesmo nome, a FRELIMO levou a melhor com 54,49% contra os 43,02% da RENAMO, num universo de 57,04% votos considerados válidos. Nesta província do Centro Norte de Moçambique havia 184 mesas de voto.
Foto: DW/A.Zacarias
RENAMO vence em Nampula com atual edil Paulo Vahanle
Em Nampula, a RENAMO obteve mais votos do que o partido no poder. 59,42% dos munícipes votaram no principal partido da oposição, contra os 32,20% que votaram na FRELIMO. O MDM surge em terceiro com 6,23%. Nesta cidade contabilizaram-se 196.230 votos válidos, o que corresponde a 57,30% do total da votação. Em Nampula havia 456 mesas de voto.
Foto: DW/S. Lutxeque
FRELIMO vence no município de Lichinga
Na cidade de Lichinga, na província do Niassa, a FRELIMO ganhou com 51,93% contra os 45,19% da RENAMO. O MDM garantiu o terceiro posto com apenas 2,88%. A abstenção situou-se nos 41,91%.
Foto: DW/M. David
Em Pemba, venceu Florete Simba Motarua da FRELIMO
Na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado, a vitória foi alcançada pela FRELIMO que arrecadou 54,21% dos votos. A RENAMO não foi além dos 39,01%. Pemba com 134 mesas de votos contabilizou 56,23% de votos válidos. A taxa de abstenção nesta cidade nortenha foi de 40,87%.