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Caso Max Love: Polícia condenado a 20 anos de prisão

9 de novembro de 2021

O agente foi julgado à revelia. Para além da pena atribuída pelo assassinato do jovem músico em 2013, o polícia terá ainda de pagar uma multa equivalente a 11 mil euros.

Mosambik | Gericht in Quelimane
Foto: Marcelino Mueia/DW

Oito anos depois do assassinato de Max Love, o agente acusado de matar o músico foi condenado a 20 anos de prisão e a uma multa de 800 mil meticais (cerca de 11 mil euros). O réu continua em parte incerta. O julgamento foi feito à revelia.

A sentença foi lida esta terça-feira (09.11) antes da hora marcada. Nem o Ministério Público, nem os familiares da vítima ou jornalistas estavam presentes. Saimon Macuiana, advogado da família, estranha tal cenário.

"A primeira estranheza que observámos na sala é que a leitura da sentença iniciou antes da presença da comunicação social. Em segundo lugar, a sentença foi lida na ausência do Ministério Público, uma novidade em relação a outros julgamentos em que já participei. O tribunal não toma decisões enquanto o Ministério Público não estiver presente", afirma.

Saimon Macuiana, advogado da familia de Max LoveFoto: Marcelino Mueia/DW

"Sala vazia"

O cantor Max Love foi morto a tiro em novembro de 2013 por um agente da polícia de proteção de altas individualidades. O músico integrava uma caravana que celebrava a vitória eleitoral do edil, Manuel de Araújo, na autarquia de Quelimane. Na altura, Araújo pertencia ao Movimento Democrático de Moçambique (MDM).

Pensou-se que o processo tivesse sido arquivado, supostamente porque a vítima apoiava um membro da oposição. Depois de muita pressão social, o caso chegou ao tribunal. Mas o desfecho não agrada a "Brisa", um amigo da vítima.

"Fui notificado como declarante e vim hoje para ouvir a sentença do julgamento", disse em declarações à DW África. "Eu contava que ia encontrar toda a gente aqui, a família, porque é o momento mais esperado, depois de oito anos, e senti-me muito mal quando vi a sala muito vazia. Não estava nenhum membro da família. As únicas pessoas presentes eram eu e o advogado".

Ainda não é conhecido o motivo para a ausência da família durante a leitura da sentença.

MDM contesta julgamento à revelia

Alguns membros do MDM dirigiram-se ao tribunal para assistir à sentença, mas ficaram de fora porque a juíza do caso, Natércia Gerónimo, chegou antes da hora marcada.

O delegado político do partido da cidade, Listano Evaristo, contesta o julgamento à revelia do acusado.

"Estão a tomar medidas e não se conhece o indivíduo", comenta. "Onde é que vão procurar a pessoa se, desde o julgamento à sentença, ele não foi encontrado?"

Evaristo diz-se incrédulo por perceber que este "assunto não tem desfecho", pois a quem "serão cobrados os 800 mil meticais se não conhecem a pessoa?"

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