Número de casos de paludismo em Cabo Verde subiu para 201, com a situação na cidade da Praia a ser considerada pelas autoridades de saúde como uma epidemia.
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Segundo o mais recente boletim do Serviço de Vigilância Integrada e Resposta a Epidemias (SVIRE), até domingo (10.09.) registaram-se em Cabo Verde 201 casos de malária, 189 dos quais locais e 12 importados. A situação da cidade da Praia (capital), na ilha de Santiago, com 193 casos (189 locais), está a ser tratada como uma epidemia pelas autoridades.
Numa carta endereçada aos delegados de saúde e diretores dos hospitais centrais e regionais, a médica epidemiologista da Direção Nacional de Saúde Maria de Lourdes da Silva Monteiro sublinha que a epidemia de paludismo afeta somente o concelho da Praia.
"O concelho da Praia regista uma situação quatro vezes maior do que o total de casos registados no ano passado (48), o que, de per si, já era um aumento anormal, quando comparado com a média de casos ocorridos no período entre 2007 e 2015. É claro que estamos perante uma epidemia de paludismo no concelho da Praia", adianta a médica. São Vicente (6 e um morto), Sal (1) e Santo Antão, (1) são outras ilhas onde foram registados casos de paludismo.
Novos casosOs dados do boletim revelam que durante a semana de 04 a 10 de setembro foram registados 34 novos casos da doença, abaixo dos 53 registados na semana anterior, mas acima dos 32 registados na penúltima semana de agosto.
Durante a semana que terminou no domingo, foram registados em média quase cinco casos diários, sendo que só no domingo foram diagnosticados 10 casos.
O maior número de casos desde o início do ano ocorreu na semana de 28 de agosto a 03 de setembro, com 53 casos notificados.
Cabo Verde regista este ano um número recorde de casos de malária, já que o maior número até agora registado desde 1991 tinha sido de 140 casos, em 2000.
A maior incidência de casos é na cidade da Praia, com 193, sendo que o máximo até agora tinha sido 102 em todo o ano de 2001.
OMS vai apoiar o arquipélagoO representante da OMS em Cabo Verde, Mariano Castellón, disse, na segunda-feira, à saída de uma audiência com o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, que a OMS vai apoiar Cabo Verde, estando prevista a chegada de uma missão de assistência técnica, com especialistas que vão acompanhar a resposta nacional ao surto de malária que se intensificou em meados de julho.
O representante indicou que o país vai receber equipamentos para tratamento, testes rápidos, mosquiteiros, afirmando que tudo está a ser tratado com as sedes regional em Brazzaville (Congo) e mundial em Genebra, e com outros países africanos que também podem ajudar, como Senegal, Angola, Moçambique ou Guiné-Bissau.
As autoridades cabo-verdianas intensificaram a luta contra os mosquitos, com pulverização espacial e dentro das casas e com campanhas de sensibilização da população para a importância de manter as casas e ruas limpas.
Em janeiro, Cabo Verde foi distinguido pela Aliança de Líderes Africanos contra a Malária (ALMA) com o prémio Excelência 2017, pelos resultados alcançados no combate à doença.
A OMS estima que o país tenha reduzido a sua taxa de incidência e de mortalidade associada à malária em mais de 40% no período decorrente e prevê também que tenha capacidade de eliminar a transmissão regional até 2020.
Carências do principal hospital de Bissau
O Hospital Nacional Simão Mendes é considerado a unidade hospitalar de referência na Guiné-Bissau. Mas falta quase tudo: pessoal especializado, medicamentos básicos, aparelhos de diagnóstico.
Foto: Gilberto Fontes
Crise política deixa hospital a meio gás
Com a instabilidade política agravaram-se as necessidades no principal hospital da Guiné-Bissau e caíram por terra as expectativas da equipa hospitalar que esperava mais atenção por parte das autoridades. A Cruz Vermelha e os Médicos Sem Fronteiras prestam apoio. Mas, mesmo assim, perdem-se muitas vidas por falta de condições básicas de assistência.
Foto: Gilberto Fontes
À espera da hemodiálise...
O país ainda não consegue tratar doentes com insuficiência renal. O hospital tem estas instalações novas para iniciar tratamentos. Só falta a máquina da hemodiálise. Curioso é que o equipamento está no hospital, fechado há anos numa sala, cuja chave está com o Ministério da Saúde, segundo fonte hospitalar. Um nefrologista e vários técnicos fizeram formação em diálise, que ainda não podem aplicar.
Foto: Gilberto Fontes
Enquanto isso a população sofre
Doentes, como esta senhora, só podem receber tratamentos de hemodiálise no Senegal. No entanto, cada sessão chega a custar 150 euros. O que é insustentável para muitos doentes que, normalmente, necessitam de várias sessões semanais. Quando a doença é detetada numa fase inicial, aciona-se a evacuação para Portugal. Mas o processo é moroso. Muitos doentes acabam por falecer por falta de tratamento.
Foto: Gilberto Fontes
Há equipamentos novos parados...
O técnico de radiologia Hécio Norberto Araújo lamenta que este aparelho novo de radiografias esteja praticamente parado. Só faz alguns exames, em casos de urgência. Também o equipamento de mamografia nunca funcionou devido à falta de acessórios, como o chassi e o aparelho de revelação. O hospital militar continua a ser o único no país a fazer mamografias e tomografias, que podem custar 100 euros.
Foto: Gilberto Fontes
E máquinas obsoletas em uso
Na falta de opções, este velho aparelho de raio x continua a ser muito requisitado. Ninguém sabe quantos anos tem o equipamento que funciona com arranjos improvisados de fita-cola. A pequena sala de diagnóstico está desprovida de qualquer proteção contra as radiações. O único avental de proteção está estragado. Os técnicos de radiologia estão diariamente expostos a radiações eletromagnéticas.
Foto: Gilberto Fontes
Sem mãos a medir na pediatria
Esta unidade costuma estar cheia, principalmente na época das chuvas, com o aumento de casos de malária ou paludismo e diarreia nas crianças. Neste serviço com 158 camas, há apenas nove médicos efetivos e quase 40 enfermeiros. Entre o pessoal médico, conta-se um único especializado em pediatria. A falta de um eletrocardiograma é responsável pelo diagnóstico tardio de cardiopatias entre os menores.
Foto: Gilberto Fontes
Nem medicamentos para emergências
Nos cuidados intensivos há apenas um cardiologista. A maioria do pessoal médico são clínicos gerais. Por vezes, em plena situação de paragem cardíaca, falta medicação de urgência que os familiares do doente têm de se apressar em providenciar. A equipa hospitalar quer mais investimento em formação e em condições de trabalho. Só assim pode salvar mais vidas e diminuir a evacuação para o exterior.
Foto: Gilberto Fontes
Faltam lençóis e comida
O Hospital Nacional Simão Mendes tem mais de 500 camas. Mas não tem lençóis que cheguem para fazer a cobertura de todas elas. Devido à falta de pijamas, muitos doentes ficam hospitalizados com a roupa que trazem no corpo. Além disso, não há como providenciar alimentação aos pacientes que, na maior parte das vezes, ficam dependentes da comida que os familiares conseguem fazer chegar.