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Catoca: De mina de diamantes a atração turística

Borralho Ndomba
11 de maio de 2023

Em Angola, a Sociedade Mineira de Catoca prevê transformar a zona onde explora diamantes em espaços turístico e de preservação ambiental. O Governo vê o turismo como alternativa económica ao fim da produção diamantífera.

"É necessário que se faça recuperação da área para promover o turismo", diz ambientalistaFoto: Borralho Ndomba/DW

No balanço das operações de produção, comercialização e exportação de diamantes em 2022, o Governo angolano salientou que a mina de Catoca liderou a produção, com cerca de 64,82% do volume total.

A Sociedade Mineira de Catoca, que opera há 30 anos em Angola, diz que já tem planos para pôr em marcha com o fim da exploração de diamantes na mina de Catoca.

Impulsionar o turismo na zona onde explora diamantes é uma alternativa que se pretende implementar nos próximos dez anos, anunciou o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo. O discurso foi feito à margem da celebração do Dia do Trabalhador mineiro, na Lunda Sul.

"Todo o projeto Catoca está a ser implementado tendo em conta o cumprimento dos aspetos ambientais e tudo ligado ao encerramento da atividade mineira que acontecerá no futuro. E toda essa envolvente da Socidade Mineira de Catoca terá uso tanto para fins turísticos, como também para atividades económicas - como por exemplo a agricultura", explicou Azevedo.

O governante angolano diz estar satisfeito com o projeto da mineradora: "Estamos efetivamente regozijados por este facto e por este bom exemplo que, mais uma vez, a Catoca dá - porque a mineração é necessária, mas a preservação é possível".

"A mineração é necessária, mas a preservação é possível", comenta Diamantino Azevedo, Ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e GásFoto: Borralho Ndomba/DW.

Cuidar para promover

O ambientalista Léo Paxi defende a avaliação dos impactos ambientais resultantes da exploração de diamantes, antes da implantação do projeto que visa promover o turismo mineiro.

"É necessário que se faça recuperação da área. Estamos a falar em restauração dos solos, porque durante o tempo da exploração, eles contaminaram o solo, a água. A mineração poderá ter produzido algumas substâncias que contaminam o meio ambiente", ponderou o ambientalista.

A recuperação da biodiversidade despovoada da região e a educação ambiental às comunidades devem estar na agenda da mineradora. "Isso fará com que o espaço seja protegido e que os cidadãos tenham consciência sobre as questões ambientais", aconselha o ativista do meio ambiente, Léo Paxi.

Plano de mudança da Catoca

Desde 2010 que a empresa trabalha na construção de infraestruturas que poderão garantir a sua sustentabilidade e a continuidade da vida económica ativa da população ao redor da mina depois da exaustão das reservas.

O projeto consta do Plano Estratégico de Desenvolvimento da Catoca, executado entre 2010 e 2020, garante o presidente do conselho de gerência, Benedito Manuel.

"É neste sentido que naquele período, ainda em 2010, concebeu-se a necessidade de colocar estruturas que depois poderiam atender ao turismo mineiro. Foi por isso que o projeto do edifício administrativo foi concebido para que, no dia em que deixarmos de minerar aqui em Catoca, o edifício pudesse ser convertido em hotel", explanou Manuel.

Benedito Manuel, presidente do conselho de gerência da Sociedade Mineira de CatocaFoto: Borralho Ndomba/DW

Mais exploração subterrânea

Benedito Manuel diz que os estudos da empresa apontam que até aos 600 metros de profundidade e com o nível de reserva atualmente no quimberlito Catoca em exploração a céu aberto, a mineradora tem mais 13 anos para explorar diamantes. Contudo, afirma que ainda há mais diamantes em terrenos profundos.

"Temos também informação geológica de que abaixo dos 600 metros de profundidade temos diamantes.Agora, abaixo dos 600 metros as condições não são seguras para minerar a céu aberto. Ali teremos de pensar na possibilidade de uma mina subterrânea", explicou.

O presidente do conselho de gerência de Catoca avança que há perfurações em curso com intuito de estudar as possibilidades da construção de uma mina subterrânea. Segundo o gestor angolano, se a mina subterrânea for construída, vai aumentar o tempo de vida da Sociedade Mineira de Catoca em termos de exploração na mina localizada na Lunda Sul.

"Por outro lado, estamos a fazer prospeções na concessão Catoca, onde temos outros objetos mineráveis. Desde logo, podemos assegurar que as informações que temos permitem dizer que ainda temos algum tempo de vida para explorar diamantes aqui na concessão Catoca", disse Manuel.

Geração de riqueza

Os populares da Lunda Sul acreditam que há ainda muito diamante no solo do leste de Angola. De todo o projeto que for implementado na região, o povo da Lunda deve ser beneficiado, disse em entrevista à DW o músico Soba Sasa, integrante da banda Sassa Tchokwe.

"Já fiz a música sobre essa riqueza que sai nesta mina. A riqueza vai para outro sítio, mas nós que temos direito a esra mina ficamos sem nada. Até hoje, estamos abandonados pelos dirigentes desta mina. Essa mina aqui é nossa".

Em novembro do ano passado, a Empresa Nacional de Comercialização de Diamantes de Angola (SODiAM) arrecadou 28,7 milhões de dólares com a venda, em leilão, de 43 pedras de diamantes. A Sociedade Mineira de Catoca participou com 27 pedras de diamantes, que renderam 5,3 milhões de dólares.

 

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