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CDD acusa Cyril Ramaphosa de "interferência inaceitável"

DW (Deutsche Welle)
18 de setembro de 2024

O Centro para a Democracia e Direitos Humanos (CDD) condena a "interferência inaceitável" nas eleições em Moçambique do Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, que se encontrou com Daniel Chapo, candidato da FRELIMO.

Cyril Ramaphosa, Presidente da África do Sul
Cyril Ramaphosa recebeu Daniel Chapo em Pretória, na terça-feira (17.09)Foto: Themba Hadebe/AP/picture alliance

"É com grande indignação que condenamos, de forma veemente, a interferência inaceitável do Presidente da República da África do Sul, Cyril Ramaphosa, ao manifestar publicamente o seu apoio ao candidato da FRELIMO, Daniel Chapo, em plena campanha eleitoral para as eleições de Moçambique, agendadas para o próximo dia 9 de outubro", refere a organização não-governamental (ONG) numa carta aberta hoje divulgada.

A reunião entre Chapo e Ramaphosa realizou-se em Pretória, na África do Sul. "Um encontro frutífero e alinhado com o nosso projeto de levar Moçambique para a frente", descreveu o candidato da FRELIMO na sua página no Facebook.

"O encontro realizado ontem em Pretória, entre o Presidente Cyril Ramaphosa e o secretário-geral da FRELIMO, no qual o ANC [Congresso Nacional Africano] garantiu o seu apoio à FRELIMO, constitui uma clara violação do princípio da não-interferência nos assuntos internos dos estados soberanos, consagrados tanto pela SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral] quanto pela União Africana", critica o CDD.

Daniel Chapo, candidato presidencial da FRELIMOFoto: Sitoi Lutxeque/DW

Para a ONG liderada por Adriano Nuvunga, a intervenção do Presidente sul-africano a favor de Daniel Chapo "representa um flagrante abuso da sua posição de chefe de Estado e de líder de um partido dominante numa nação vizinha."

"Tal atitude interfere diretamente no processo democrático de Moçambique, colocando em risco a legitimidade das eleições e comprometendo o espírito de cooperação e neutralidade que deveriam prevalecer nas relações bilaterais e regionais", frisa-se na nota. 

O CDD apela à SADC e à União Africana (UA) para "tomarem uma posição firme" relativamente a este caso, de forma a assegurar que todos os líderes políticos respeitem os princípios de não interferência e "promovam um ambiente propício para eleições livres e justas, sem influências externas."

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