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CEDEAO apresenta plano para o Mali e ameaça com sanções

com agências | mp | rl
28 de julho de 2020

Com apoio do Conselho de Segurança da ONU, bloco regional africano apresenta um plano de ações para a resolução da crise política no Mali. Ameaça de sanções a quem se opor a implementação do plano é criticada.

Mali | Massenprotest gegen den Rücktritt des malischen Präsidenten Ibrahim Boubacar Keita in Bamako
Foto: Reuters/M. Rosier

Chefes de Estado da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) reiteraram apoio a permanência do Presidente Ibrahim Boubacar Keita no Governo do Mali. A cimeira extraordinária da CEDEAO, realizada nesta segunda-feira (27.07), foi dedicada à discussão da crise política no país.

Os representantes dos 15 países-membros da organização entendem que a retirada forçada de Keita do poder contraria regras democráticas em vigor na organização. O bloco, no entanto, apresentou um plano de ações a ser implementado em 10 dias para a resolução da crise política no país.

Consta no plano a rápida formação de um governo de unidade nacional que inclua integrantes do Movimento 5 de Junho – Reunião das Forças Patrióticas (M5-RFP) - composto por líderes religiosos, membros da oposição e da sociedade civil – reorganização do Tribunal Constitucional, criação de uma comissão de inquérito para determinar a responsabilidade pela violência durante as manifestações de junho e a demissão imediata dos 31 deputados cuja eleição está a ser contestada.

Em paralelo, o Conselho de Segurança da ONU também reunido esta segunda-feira para debater o mesmo tema apelou às várias partes para que sigam "sem demoras" as recomendações da CEDEAO.

Para acompanhar a implementação das medidas, o bloco regional africano sugeriu a criação de uma comissão, que teria a coordenação da própria CEDEAO e seria composto por representantes do Executivo, do Legislativo e do Judiciário do Mali; de setores da sociedade civil ligados a mulheres e à juventude, e do M5-RFP. A comissão também contaria com representantes da União Africana e das Nações Unidas.

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Ameaça polémica

A cimeira também reiterou solidariedade ao líder da oposição, Soumaila Cissé, que foi raptado no dia 25 de março e permanece desaparecido. Os líderes da CEDEAO apelam às autoridades malianas para que intensifiquem os esforços já em curso, com vista à sua libertação.

Os chefes de Estado da África Ocidental ameaçaram impor sanções "aos que cometerem atos contrários ao processo de normalização". Segundo Presidente do Níger, Mahamadou Issoufou, tais sanções devem ser aplicadas ainda nesta semana.

O Presidente Ibrahim Boubacar Keita criticou duramente os manifestantes, principalmente o imã Mahmoud Dicko, a liderança de maior destaque no movimento.

"Aqueles que tomam as ruas querem impor uma transição e levar a cabo um golpe de Estado arrepiante para desafiar o secularismo do país", disse Keita.

Para o sociólogo Bréma Ely Dicko, os comentários de Keita não deverão acalmar as pessoas no país. "É uma forma de dizer que o M5RFP é um pouco responsável pela situação em que se encontra o Mali e que seus integrantes devem eventualmente ser sancionados. Para mim, as palavras são demasiado fortes. Ele vira completamente as costas a todos os ativistas e ao Imã Mahmoud Dicko".

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