1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

CEDEAO cumprirá meta de lançar moeda em 2027?

Eddy Micah Jr. | Privilege Musvanhiri | Isaac Mugabi
27 de agosto de 2025

Apesar dos anteriores atrasos e das questões que ainda estão a ser debatidas, a CEDEAO planeia introduzir a moeda única, denominada eco, até julho de 2027. Divergências entre países tem sido um dos desafios.

Visita dos Ministros dos Negócios Estrangeiros Steinmeier e Fabius à CEDEAO, Nigéria, 2014
CEDEAO espera que uma moeda única impulsione o comércio transfronteiriço e o desenvolvimento económicoFoto: Michael Gottschalk/photothek/picture alliance

O plano para a nova moeda foi adotado em junho de 2019 para facilitar o comércio e a integração económica em toda a África Ocidental e servir como um meio de troca unificador.

Os planos para introduziro eco em 2020 depararam-se com problemas significativos durante as fases iniciais de desenvolvimento, incluindo disparidades económicas entre os membros da CEDEAO, desafios fiscais, desacordos políticos, quedas de governos e instabilidade regional, sem mencionar a pandemia do coronavírus.

No entanto, as maiores questões são os desafios e as dúvidas sobre a integridade da própria Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), depois da saída do Burkina Faso, Mali e Níger em janeiro de 2024 - em resposta às sanções impostas após uma série de golpes militares nesses países.

Á DW, o economista ganês, Tsonam Akpeloo, explica que são estas diferenças que estão a impedir a implementação da moeda eco.

"Não se pode ter uma moeda comum e um banco central comum, uma política monetária comum, sem se estar politicamente unido, sem ter politicamente o mesmo entendimento e concordar com o mesmo".

CEDEAO sem o Mali, Níger e Burkina Faso?

01:45

This browser does not support the video element.

Alguns Estados-Membros testemunharam grandes recessões económicas, como a Nigéria e o Gana, que sofreram uma inflação de dois dígitos nos últimos anos, levando a níveis recorde de dívida pública.

Apesar destes contratempos, Akpeloo entende que a Nigéria e o Gana podem ser os dois melhores países para lançar inicialmente a moeda.

Segundo este analista, "para que uma implementação política tão importante a nível regional ocorra, pode ser necessário um impulso significativo, e a Nigéria encaixa facilmente nesse critério. O Gana também está bastante estável neste momento".

Para além destes dois países, continua, "a Gâmbia tem sido fundamental para garantir que cumpre os critérios de convergência. Por isso, também incluiria a Gâmbia. Considero ainda Costa do Marfim como um país potencial para a implementação, porque tem uma economia bastante estável".

Lições a aprender com o euro

Para que a experiência da união monetária seja bem sucedida, terá de seguir o exemplo de vários Estados-Membros da União Europeia que introduziram o euro como moeda única há mais de 25 anos.

Isto é especialmente crucial a longo prazo, uma vez que se espera que as economias mais fortes da CEDEAO apoiem as economias mais fracas como parte de um mecanismo de solidariedade - especialmente em tempos de crise.

Presidente da CEDEAO Omar Alieu Touray anunciou em julho que moeda única será uma realidade nos próximos dois anosFoto: Guo Jun/Xinhua/picture alliance

Fatou Elika Muloshi, correspondente da DW na Gâmbia, salienta que, no contexto da União Europeia, a Alemanha - a economia mais forte do bloco - teve de intervir sempre que as economias mais fracas do bloco não conseguiram "reunir as condições ideais para uma zona monetária boa".

"Esperamos o mesmo de grandes economias como o Gana e a Nigéria", disse.

Alguns membros da CEDEAO manifestaram a sua preocupação de que as economias maiores do bloco possam exercer mais influência sobre a moeda única, sinalizando isso como uma desvantagem.

"Voz mais forte para África"

Outros, no entanto, acreditam que, se o seu processo de implementação for bem-sucedido, a adoção do eco só poderá fortalecer a região como um todo, conferindo aos Estados-Membros da CEDEAO um papel mais importante no cenário geopolítico.

Akpeloo disse que a moeda poderia dar à comunidade uma voz mais forte em questões de comércio internacional e finanças. "Uma moeda unificada poderia permitir à CEDEAO desempenhar um papel mais importante na definição da posição coletiva de África em fóruns como o FMI, o Banco Mundial, a OMC", disse.

UE: Saída de países da CEDEAO dificulta cooperação no Sahel

03:38

This browser does not support the video element.

Para quando o lançamento do eco?

O presidente da CEDEAO, Omar Alieu Touray, anunciou no passado mês de julho, que a moeda única da África Ocidental será uma realidade nos próximos dois anos.

O líder da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental salientou, no entanto, que é necessário delinear critérios de convergência, e alguns desses critérios podem estar fora do controlo dos Estados-Membros, referindo-se aos pontos fortes e fracos dos desequilíbrios na CEDEAO.

Embora os detalhes para a implementação em 2027 ainda estejam a ser finalizados, espera-se que o lançamento do eco siga o seu plano original de 2019 e 2020, que inclui duas fases.

Primeiro, os Estados-Membros da Zona Monetária da África Ocidental - composta pela Gâmbia, Gana, Guiné, Libéria, Nigéria e Serra Leoa - deverão adotar o eco como moeda.

Na segunda fase, o eco fundir-se-ia com o franco CFA, que é atualmente utilizado por oito nações francófonas da África Ocidental dentro da União Económica e Monetária da África Ocidental (UEMOA): Benim, Costa do Marfim, Guiné-Bissau, Senegal e Togo, bem como as três nações separatistas da CEDEAO: Mali, Níger e Burquina Faso.

Esta transição foi concebida para conceder aos países da UEMOA mais tempo para alcançarem a sua total independência fiscal e monetária da França, promovendo simultaneamente uma integração económica regional mais profunda no seio da CEDEAO.

UA e CEDEAO perdem relevância num mundo em mudança?

01:37

This browser does not support the video element.

Saltar a secção Mais sobre este tema