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Estado de DireitoBurkina Faso

CEDEAO não impõe sanções ao Burkina Faso após golpe

Lusa
3 de fevereiro de 2022

Líderes da África Ocidental vão dar "oportunidade" aos militares golpistas burquinabés, mas alertam para "tendência perigosa" de "contágio" na região. Cimeira teve lugar dois dias após tentativa de golpe na Guiné-Bissau.

Foto ilustrativa: Cimeira extraordinária da CEDEAO para discutir a transição no Mali, a 9 de janeiroFoto: IVORY COAST PRESIDENTIAL PRESS SERVICE/REUTERS

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) decidiu esta quinta-feira (03.02) não impor sanções ao Burkina Faso pelo golpe de Estado do passado dia 24 de janeiro, mas pediu uma "transição curta" e a libertação do deposto Presidente Roch Kaboré.  

"Vamos dar-lhes uma oportunidade", declarou à imprensa a ministra dos Negócios Estrangeiros do Gana, Shirley Ayorkor Botchwey, no final da segunda cimeira extraordinária da CEDEAO para examinar o golpe no Burkina Faso, realizada hoje em Acra.

A ministra ganesa salientou que foram feitos pedidos aos militares golpistas. "Os pedidos foram feitos. Os chefes de Estado vão voltar a reunir-se para decidir se seguem o caminho das sanções ou outra abordagem", afirmou, destacando que é necessária "uma transição muito curta", de "algumas semanas".

Da mesma forma, Botchwey, cujo país detém a presidência rotativa da CEDEAO, recordou a ameaça 'jihadista' no Burkina Faso, país que faz fronteira com quatro Estados costeiros da África Ocidental aos quais deve ser impedido o acesso aos terroristas.

Nana Akufo-AddoFoto: Nipah Dennis/AFP

"Tendência perigosa" de contágio

No seu discurso na abertura da cimeira extraordinária, o chefe de Estado do Gana e presidente da CEDEAO, Nana Akufo-Addo, recordou a tentativa falhada de golpe de Estado na Guiné-Bissau, na passada terça-feira, e aplaudiu o Presidente daquele país, Umaro Sissoco Embaló, "por manter as instituições democráticas da República".

Akufo-Addo alertou que esta é uma "tendência perigosa", que deve ser enfrentada "coletiva e resolutamente, antes de varrer toda a região", depois de o Mali ter sofrido dois golpes de Estado desde agosto de 2020, de ter ocorrido um outro na Guiné-Conacri (em setembro de 2021) e mais um no Burkina Faso, a 24 de janeiro.

"Estes desenvolvimentos desafiam o modo de vida democrático que escolhemos", acrescentou o líder, cujo país detém a presidência rotativa do bloco regional de 15 nações, observando que esta é uma questão de "grande preocupação".

"Normalidade constitucional" só cumprindo exigências do povo

Paul-Henri Sandaogo DamibaFoto: Facebook/Präsidentschaft von Burkina Faso

Na sua primeira mensagem ao país, através da televisão nacional, o líder dos golpistas burquinabé, tenente-coronel Paul Henri Sandaogo Damiba, pediu à comunidade internacional que apoie o Burkina Faso "para que possa sair da atual crise o mais rápido possível e retomar a sua via para o desenvolvimento".

Na mesma ocasião, alertou que a "normalidade constitucional" só voltará quando as condições estabelecidas pelo povo burquinabê forem cumpridas.

A CEDEAO tinha já realizado uma cimeira extraordinária a 28 de janeiro, para analisar a situação após o golpe perpetrado quatro dias antes, na qual os seus líderes decidiram suspender a participação do país nas suas instituições e enviar duas missões - uma militar e uma ministerial - à capital daquele Estado, Ouagadougou, para falar com os autores do golpe de Estado.

Os militares tomaram o poder no Burkina Faso, no dia 24 de janeiro, após um tiroteio do dia anterior em vários quartéis, em Ouagadougou e outras cidades, incidentes que foram inicialmente descritos como um alegado motim para exigir melhoria das condições nas Forças Armadas.

O golpe foi confirmado depois de membros da junta militar terem aparecido na televisão estatal RTB a anunciar que tinham deposto o Presidente Roch Kaboré, bem como outras medidas, tais como a dissolução do governo e do Parlamento e a suspensão da Constituição (que foi parcialmente restaurada a 31 de janeiro).

18 meses de golpes e tentativas de golpe na África Ocidental

07:57

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