O recenseamento geral da população arranca esta terça-feira (01.08) em Moçambique. Dezenas de recenseadores na província da Zambézia já se queixam da falta de organização no processo. E ameaçam fazer greve.
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O processo já começa com problemas. Dezenas de recenseadores na cidade de Quelimane queixam-se que não tiveram alimentação e parte do material durante a formação para o quarto Recenseamento Geral da População e Habitação. Por isso, ameaçam não ir para o terreno.
Censo geral em Moçambique começa com problemas
"O país ficou 10 anos a preparar este processo e, imagine só, não se consegue dar água aos formandos, nem material. Partilhamos um livro entre três e os lápis são nossos", contou um dos vários recenseadores que falaram à DW África sob condição de anonimato.
"Nem imaginamos o que será de nós depois de entrarmos no terreno para fazermos o trabalho", desabafa.
Os recenseadores ouvidos pela DW África dizem estar cansados de ser enganados. "A situação vai de mal a pior. Esperávamos que os nossos superiores nos viessem explicar o que está a acontecer", lamenta outro formando.
Sob protesto
Os recenseadores têm organizado protestos contra as condições em que decorreram as formações. "As manifestações amainaram quase na sua totalidade", afirma o delegado do Instituto Nacional de Estatística na Zambézia, Armando Terenha, que está ciente das dificuldades.
Explica que houve uma demora a transferir o dinheiro de Maputo para a província. Armando Terenha garante, no entanto, que a Zambézia terá recenseadores quanto baste para fazer o recenseamento. "Teremos 13.079 recenseadores, mas esse número vai subir, porque recrutamos cerca de 21 mil candidatos a controlador e recenseador. E 4.872 estarão a controlar recenseadores em campo", adianta.
Ainda assim, o líder comunitário Monte Tivir duvida que o recenseamento traga resultados fiáveis, porque os recenseadores estão desmotivados e a população não está informada sobre o processo. "Eu sou líder do 1º escalão, mas não sei como é que essa gente vai trabalhar. Os recenseadores passarão de casa em casa? Quem vai mobilizar as pessoas?", questiona.
O administrador de Quelimane, Carlos Carneiro, assegura, porém, que os líderes comunitários serão envolvidos no processo, a decorrer de 1 a 15 de de agosto. A província da Zambézia espera recensear perto de cinco milhões de habitantes em mais de 13 mil áreas.
Presidente pede colaboração aos moçambicanos
O Presidente Filipe Nyusi apelou aos moçambicanos a colaborarem com as equipas de recenseadores, lembrando que o quarto recenseamento geral vai recolher informações que irão ajudar as novas políticas de habitação do governo.
"O Censo é igualmente uma oportunidade para o Governo colher informações vitais que lhe permitem desenhar políticas públicas mais consentâneas com a realidade e necessidades da população, especialmente no que tange à políticas de emprego, e de desenvolvimento", explica o chefe de Estado moçambicano, numa mensagem distribuída à imprensa.
Espera-se que o censo geral abranja mais de cinco milhões de agregados familiares, prevendo-se o registo de mais de 27 milhões de pessoas. O custo do quarto Recenseamento Geral da População e Habitação está estimado em 75 milhões de dólares (66,5 milhões de euros).
Moçambique: Eleições autárquicas de norte a sul
As eleições autárquicas em Moçambique tiveram lugar na quarta-feira (20.11). Em muitos lugares registou-se uma grande afluência às urnas e um ambiente calmo, apesar do clima de tensão político-militar vivido no país.
Foto: DW/ER. da Silva
Longas filas para votar
As eleições autárquicas em Moçambique tiveram lugar no dia 20 de novembro. Em muitos lugares registou-se uma grande afluência às urnas e um ambiente calmo, apesar do clima de tensão político-militar vivido no país. Esta assembleia de voto na Gorongosa, no centro do país, é o exemplo mais marcante. Pois, foi neste município que a RENAMO teve a sua base, que foi tomada pelas forças governamentais.
Foto: Reuters
À espera desde a madrugada
Eleitores fazem fila para votar em assembleia de voto em Pemba, Cabo Delgado. Em muitos lugares, formaram-se filas antes das 05h00. Em todo o país, alguma lentidão e realização de campanha junto às filas são alguns dos incidentes registados. No escrutínio participam 18 partidos, grupos de cidadãos e associações, para a eleição de edis e membros das assembleias municipais.
Foto: DW/E. Silvestre
Identificação à entrada
Funcionário eleitoral confere listas à entrada de uma assembleia de voto em Maputo, a capital moçambicana. Em alguns locais, houve problemas nos livros de registo de algumas assembleias de voto, onde os números não correspondiam exactamente aos nomes das listas.
Foto: picture-alliance/dpa
CNE garante condições do sufrágio
Biombo com o símbolo da Comissão Nacional de Eleições (CNE) protege a privacidade dos eleitores nesta escola em Pemba, Cabo Delgado. De acordo com a CNE, a afluência da população às eleições municipais é "muito grande". Nas últimas eleições, em 2008, a taxa de abstenção foi de 53,6%. Na altura, participaram apenas 43 municípios. Este ano, as eleições abrangem mais dez municípios (um total de 53).
Foto: DW/E. Silvestre
Como votar?
Funcionário eleitoral mostra o boletim de voto a um eleitor numa assembleia, em Maputo. Na cidade de Nampula, registou-se uma irregularidade: Filomena Mutoropa, candidata a presidente do município pelo Partido Humanitário de Moçambique (PAHUMO), foi deixada de fora do boletim de voto.
Foto: picture-alliance/dpa
Guebuza vota e apela ao voto
Um dos primeiros votantes foi o Presidente da República de Moçambique. Armando Guebuza votou na escola secundária Josina Machel, no centro da capital moçambicana. Guebuza exortou todos os moçambicanos a votaram nas eleições municipais, apelando ao eleitorado para exercer o seu direito da "melhor forma". A FRELIMO, o partido do Governo de Guebuza, tem sido o partido dominante nos últimos pleitos.
Foto: picture-alliance/dpa
Oposição tenta aumentar número de autarquias
Nas últimas eleições de 2008, a FRELIMO ganhou 42 dos 43 municípios. O MDM – Movimento Democrático de Moçambique ganhou na cidade da Beira. Depois da renúncia do edil da cidade de Quelimane, houve eleições intercalares em 2011, que acabaram com a vitória de Manuel de Araújo do MDM (na foto). Ele conquistou a segunda autarquia para o MDM e tenta defender a sua maioria nas eleições de 2013.
Foto: picture-alliance/dpa
O receio de votar num dos bastiões da RENAMO
Um eleitor vota na Gorongosa, um dos focos de tensão da crise político-militar moçambicana. À tarde, homens armados, alegadamente da RENAMO, atacaram a vila de Gorongosa, em Sofala, centro de Moçambique, "sem criar distúrbios" aos eleitores, de acordo com uma fonte do governo. O receio de ir votar é significativo, nesta região que tem sido palco de confrontos entre FRELIMO e RENAMO.
Foto: Reuters
Fraca participação em Metangula
Secretária de uma mesa de voto em Metangula, na província do Niassa no norte de Moçambique, espera por eleitores à entrada da assembleia de voto. Nesta região a afluência às urnas era baixa depois do pico das primeiras horas da manhã. A maior parte das assembleias de voto estão vazias, chegando a registar-se períodos de 10 a 15 minutos sem que um eleitor apareça.
Foto: DW/E. Saul
Ambiente de calma um pouco por todo o país
Um eleitor posa para a fotografia numa assembleia de voto da capital moçambicana. O ambiente de tranquilidade contrasta com o atual clima de tensão político-militar que se vive em Moçambique. Estas são as quartas eleições do género na história do país, ensombradas pelo boicote da RENAMO, o principal partido da oposição em Moçambique.