O número de entradas de gambianos na Guiné-Bissau pode estar relacionado com a situação da Gâmbia.
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Na última semana entraram na Guiné-Bissau "cerca de 500 pessoas” provenientes da Gâmbia, segundo os dados atualizados à DW por Janaina Galvão, oficial de soluções duradouras do gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) na Guiné-Bissau.
Para já não há muitos detalhes sobre o perfil destas pessoas que entram no país:”não temos informação se são somente gambianos ou guineenses que residiam na Gâmbia”, explica a responsável do ACNUR.
Casa de amigos e familiares
O ACNUR acredita que as pessoas que estão a chegar à Guiné-Bissau estão a alojar-se em "casa de amigos ou familiares”
Segundo Janaina Galvão, "são pessoas que têm até ao momento algum tipo de contactos já na Guiné-Bissau, alguns familiares, ou são gambianos com antecedentes guineenses”. Uma possibilidade justificada pelo facto de essas pessoas se estarem a dirigir "já para as regiões de Bafatá, de Buba ou Bissau”.
Incertezas políticas podem justificar fluxoAs incertezas políticas vividas na Gâmbia podem justificar este elevado número de entradas na Guiné-Bissau em um curto espaço de tempo. O Presidente Yahya Jammeh recusa-se a deixar o poder. A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) tinha ameaçado com uma intervenção militar no país, caso o Presidente cessante não abandone o poder até ao próximo dia 19 de janeiro.
Janaina Galvão ressalva que a instabilidade na Gâmbia pode ser um motivo para a situação registada na Guiné-Bissau. "Imaginamos que esteja relacionada com a situação de instabilidade mas não temos informações sobre o motivo específico de que cada uma delas”.
Avaliar a situaçãoO ACNUR está já em campo a avaliar a realidade das fronteiras da Guiné-Bissau. Uma missão foi enviada para recolher informações sobre a intensidade do movimento de entradas e identificar possíveis locais de acolhimento, caso venha a ser for necessário.
Guiné-Bissau / Gambia - MP3-Mono
O gabinete da organização está a trabalhar em conjunto com a Comissão de Apoio aos Refugiados na Guiné-Bissau. O secretário executivo da comissão é que, esta semana, denunciou o caso. À Agência Lusa, Tibna Sambé Na Wana dava conta que 414 pessoas entraram "pelo posto de Djegue, em São Domingos”, na fronteira com o Senegal, entre os dias 6 e 9 de janeiro.
2016 em imagens: O que moveu África?
Entre o terror, a democracia e a imprevisibilidade, o ano no continente africano fica marcado por momentos de viragem. Acompanhe a DW África nesta viagem pelos acontecimentos mais marcantes de 2016.
Foto: Getty Images/AFP/M. Longari
Terror imprevisível
A África Ocidental ainda recuperava de um ataque a um hotel em Bamako, no Mali, quando os extremistas islâmicos voltaram a atacar: a 15 de janeiro, dezenas de pessoas morreram num atentado da Al Qaida no Magrebe Islâmico num hotel em Ouagadougou, no Burkina Faso. O cenário repete-se em março, com cerca de 20 mortos num ataque à estância balnear de Grand Bassam, na Costa do Marfim (na foto).
Foto: Getty Images/AFP/S. Kambou
Reconhecimento do genocídio
Depois de vários anos de indefinição e após a resolução sobre a Arménia no Parlamento alemão, Berlim classifica também como genocídio a morte de dezenas de milhares de pessoas Nama e Herero na Namíbia, no período colonial. Mantêm-se as divergências entre os dois países sobre reparações. As negociações são adiadas para 2017. Na foto: manifestantes na Namíbia lembram os crimes do passado colonial.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Gebert
Todos contra o TPI
Depois do julgamento do Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, o Tribunal Penal Internacional chega a um impasse também no processo contra o seu vice, por falta de provas. Na União Africana, Kenyatta relança a campanha anti-TPI. Com sucesso: o Burundi, a Gâmbia e a África do Sul anunciam que vão abandonar o TPI. No entanto, enquanto forem membros, têm de continuar a cooperar com Haia.
Foto: Getty Images/AFP/M. Beekman
Ex-ditadores não são intocáveis
De Kenyatta, no Quénia, a Al-Bashir, no Sudão: os chefes de Estado são os pesos pesados na mira do TPI. A condenação do ex-ditador do Chade, Hissène Habré (na foto), em maio, lança um aviso a outros ditadores da região. Habré é condenado a prisão perpétua e a decisão parte de um tribunal especial no Senegal, criando-se a estrutura para julgar outros ditadores no futuro, sem depender do TPI.
Foto: picture-alliance/dpa
Herança cultural não deve ser subestimada
Em 2012, extremistas islâmicos destruíram a mesquita de Sidi Yahya, em Tombuctu. Só a restauração da porta demorou cinco meses. Em setembro de 2016, a mesquita é reaberta - um sinal de esperança para o Mali. O julgamento no Tribunal Penal Internacional também serve de aviso: Ahmad Al Mahdi é condenado em outubro a nove anos de prisão pela destruição de património mundial.
Foto: Getty Images/AFP/S. Rieussec
Braços cruzados podem custar vidas na Etiópia
No Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, após cruzar a meta da maratona, o etíope Feyisa Lilesa protesta com os braços cruzados. Na Etiópia, o gesto de oposição ao regime é perigoso. Em outubro, em Bishoftu, a polícia dispersa um protesto e dezenas de pessoas morrem num tumulto. O grupo étnico Oromo diz-se marginalizado pelo Governo da Frente Democrática Revolucionária Popular da Etiópia (EPRDF).
Foto: picture-alliance/AP Photo
"Meninas de Chibok": a persistência compensa
Depois de dois anos e meio de incerteza, os pais de 21 alunas sequestradas em Chibok recebem as suas filhas de volta, em outubro. É o resultado das negociações do Governo da Nigéria com os extremistas islâmicos do Boko Haram. No entanto, quase 200 meninas continuam detidas. O Executivo de Muhammadu Buhari garante que vai libertar as estudantes que permanecem em cativeiro.
Foto: Picture-Alliance/dpa/EPA/STR
#ThisFlag: desafiar o poder
Com o seu movimento #ThisFlag ("Esta Bandeira"), o pastor Evan Mawarire torna-se a cara da contestação popular no Zimbabué. Mas Robert Mugabe anuncia que pretende recandidatar-se à Presidência em 2018 e continua a reprimir protestos. Na República Democrática do Congo, as eleições são adiadas e Joseph Kabila tenta manter-se no poder até 2018, contra a Constituição.
Foto: picture-alliance/AP Photo/T.Mukwazhi
Polémicas não demovem chefes de Estado
É "o Presidente dos escândalos" na África do Sul: acusações de violação e negação do HIV marcam os mandatos de Jacob Zuma, no poder desde 2009, juntamente com a restauração milionária da sua residência com fundos públicos. Mas Zuma mantém-se no poder, mesmo depois da divulgação de um relatório que levanta uma série de suspeitas de ligações entre a Presidência e a influente família indiana Gupta.
Foto: Reuters/P. Bulawayo
Presidenciais surpreendentes
Em Cabo Verde e no Benim, os cidadãos apostam na continuidade. Mas em outros países, como no Gana, vence a oposição: John Mahama aceita a vitória de Nana Akufo-Addo e promete uma transição pacífica. Na Gâmbia, o cenário parece, à partida, semelhante: Adama Barrow (na foto) vence as eleições. Após 22 anos no poder, Yahya Jammeh admite a derrota. Mais tarde, Jammeh recua e rejeita os resultados.
Foto: Getty Images/AFP/M. Longari
Adeus a Papa Wemba
Com 66 anos, "o rei da rumba congolesa" morre em abril,depois de perder os sentidos num concerto em Abidjan, na Costa do Marfim, tal como Miriam Makeba, oito anos antes. O mundo despede-se de um músico que dizia que não fazia música congolesa ou africana, "apenas música".