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ConflitosRepública Centro-Africana

Centenas de mercenários do grupo Wagner chegaram à RCA

AFP | Lusa
16 de julho de 2023

Grupo ligado à formação paramilitar diz que combatentes "experientes" do grupo Wagner vão "garantir a segurança" na República Centro-Africana, que se prepara para um referendo constitucional, a 30 de julho.

Monumento em Bangui, inaugurado em 2021, presta homenagem ao grupo WagnerFoto: Barbara Debout/AFP

Várias centenas de mercenários "experientes" do grupo Wagner chegaram à República Centro-Africana (RCA) para garantir a realização de um referendo a 30 de julho, informou este domingo (16.07) um grupo privado russo ligado àquela formação paramilitar.

O país africano, onde os mercenários Wagner já estão a apoiar o Governo no combate aos rebeldes, vai votar uma alteração constitucional que poderá permitir ao Presidente Faustin Archange Touadera candidatar-se a um terceiro mandato.

"Chegou a Bangui mais um avião com instrutores para trabalhar na República Centro-Africana", declarou a Comunidade de Oficiais para a Segurança Internacional (COSI), na rede social Telegram.

"A rotação prevista continua. Várias centenas de profissionais experientes da companhia Wagner juntam-se à equipa que trabalha na República Centro-Africana", diz o comunicado.

"Os instrutores russos continuarão a ajudar os soldados das forças armadas centro-africanas a garantir a segurança em antecipação ao referendo constitucional previsto para 30 de julho."

Juntamente com o comunicado, o COSI publicou uma fotografia que mostra pelo menos trinta pessoas mascaradas e com uniforme militar em fila, no que parece ser uma pista de aterragem de um aeroporto. 

Em março, manifestantes centro-africanos marcharam em Bangui num sinal de apoio aos mercenários russosFoto: Barbara Debout/​AFP/​Getty Images/AFP

Atividade em África continua após motim

Segundo os Estados Unidos, a COSI é uma empresa de fachada do grupo Wagner na RCA. É dirigida pelo russo Alexandre Ivanov, que foi alvo de sanções norte-americanas em janeiro.

No comunicado, o COSI declara que os seus instrutores estão a treinar as forças de segurança centro-africanas há "mais de cinco anos" e que ajudaram, assim, a "melhorar o nível geral de segurança" no país. 

Nas últimas semanas, várias fontes estrangeiras afirmaram que os mercenários do grupo Wagner estavam a abandonar a RCA, o que foi firmemente desmentido pelo Governo.

O futuro do grupo paramilitar privado liderado por Yevgeny Prigozhin é incerto, depois de ter lançado um breve motim contra o Governo do Presidente russo Vladimir Putin, a 23 e 24 de junho.

Os mercenários ocuparam instalações do exército russo e avançaram em direção a Moscovo, antes de se retirarem ao abrigo de um acordo estabelecido com Putin e mediado pelo líder bielorrusso Alexander Lukashenko, cujos pormenores permanecem por esclarecer.

No entanto, as suas atividades no estrangeiro, nomeadamente na Síria e em vários países africanos, não foram publicamente postas em causa. Logo após o anúncio do fim do motim, Bangui declarou que as atividades da Wagner "continuariam". 

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