As regiões de Galmudug e Puntland firmaram, este sábado (19.11), um cessar-fogo que pretende pôr termo a um longo conflito, que já matou centenas de pessoas e provocou milhares de deslocados.
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O acordo foi anunciado pelo primeiro-ministro da Somália, Omar Abdirashid Ali Sharmarke, e o ministro do Interior, Abdirahman Odowa, que mediaram os diálogos entre os líderes de ambas as partes.
A província de Galmudug e a região semi-autónoma de Puntland têm um longo historial de combates. Os últimos confrontos entre as forças regionais registaram-se, há duas semanas, na sequência de uma disputa sobre edifícios planeados em Galkayo, cidade que divide as duas regiões.
Mas o primeiro-ministro somali "viajou para Galkayo e, na última semana, trabalhou nas negociações de um cessar-fogo imediato e na iniciação de um acordo de paz permanente", segundo comunicado do seu gabinete.
O documento refere ainda que o chefe de Governo, Abdirashid Sharmarke, se reuniu com os presidentes das regiões de Galmudug, Abdikarim Hussein Guled, e de Puntland, Abdiweli Mohamed, e assistiu ao afastamento das tropas do local de confrontos, a fim de criar uma zona tampão de quatro quilómetros. Perante a retirada de tropas e de armamento, o primeiro-ministro somali pediu aos milhares de deslocados que voltem sem medo para os seus lares.
A missão de faz da Organização das Nações Unidas na Somália já saudou o acordo e enviou a Galkayo uma equipa de reconhecimento que trabalhará com representantes dos dois lados para executar o cessar-fogo.
No último dia 7 de novembro, um acordo de paz entre as partes colapsou e novos confrontos mataram, pelo menos, 29 pessoas e deixaram 50 feridos.
Na região do Corno de África, a Somália vive mergulhada no caos e na guerra desde 1991, quando o ditador Mohammed Siad Barre foi deposto do poder. O país ficou sem um Governo efetivo e nas mãos de milícias radicais islâmicas e de grupos criminosos. No centro da instabilidade na Somália está, há décadas, a milícia islâmica Al-Shabab.
Somália - Entre o terror e o quotidiano
O país, marcado pela guerra civil e confrontos com a milícia islâmica Al-Shabab, oscila entre o retorno à normalidade e ataques terroristas.
Foto: STUART PRICE/AFP/Getty Images
O regresso à normalidade?
A Somália, um país do Corno de África devastado pela guerra. Depois da brutal guerra civil e a queda do regime de Mohamed Siad Barre, em 1991, o país, já atingido pela pobreza e pelas secas, tornou-se um paraíso para os piratas e radicais islâmicos. A milícia Al-Shabab baniu o futebol. Hoje, este rapaz pode jogar com os soldados da missão da União Africana na Somália, a AMISOM.
Foto: STUART PRICE/AFP/Getty Images
Um novo parlamento para a Somália
Em 2012, as forças da AMISOM, apoiadas por unidades etíopes e somalis, expulsaram os islamistas da Al-Shabab de Mogadíscio e outras grandes cidades. Em Agosto do mesmo ano, o novo parlamento da Somália é juramentado – o primeiro, depois de oito anos de um governo de transição. Por razões de segurança, o evento não tem lugar no Parlamento, mas no aeroporto, um local mais seguro.
Foto: Mohamed Abdiwahab/AFP/GettyImages
Uma vitória de esperança
Em Setembro de 2012, pela primeira vez em 20 anos, o Parlamento elege um novo presidente, Hassan Sheikh Mohamud. Apenas dois dias após a tomada de posse, o presidente escapa a um ataque suicida: diante do seu gabinete improvisado, num hotel, dois bombistas fazem-se explodir. O professor universitário, de 56 anos, muçulmano moderado, foi várias vezes alvo de ataques.
Foto: ABDURASHID ABDULLE ABIKAR/AFP/GettyImages
Libertação das cidades costeiras
Pescadores somalis em Marka, a cerca de 100 km de Mogadíscio, assistem à chegada das tropas da União Africana, em Setembro de 2012. A cidade, no oceano Índico, foi, durante muito tempo, um ponto estratégico da Al-Shabab. No final do mês, os rebeldes deixam a cidade, após combates com soldados quenianos da UA. A missão expulsa também as milícias do seu último bastião, a cidade costeira de Kismayo.
Foto: SIMON MAINA/AFP/GettyImages
Fome, desespero e medo
Receando os radicais islâmicos, muitos civis fogem das áreas controladas pela Al-Shabab. Esta família carregou um camião com os seus pertences. Há quem transporte os seus bens em carros puxados por burros. Por causa da seca e da guerra, muitos somalis sofrem de fome: entre 2010 e 2012, cerca de 260 mil pessoas morreram de fome, de acordo com dados da ONU.
Foto: Mohamed Abdiwahab/AFP/GettyImages
Proteger a população
A presença das tropas da União Africana (UA) na Somália já é normal. As primeiras chegaram em 2007, após uma decisão do Conselho de Segurança da UA no país. Apoiar o governo de transição também fazia parte da missão. A UA garante a segurança dos habitantes de Afgoye, cidade localizada a oeste de Mogadíscio, bem como de 400 mil deslocados.
Foto: STUART PRICE/AFP/GettyImages
Recuperar as áreas rurais
Dezembro de 2012: as tropas da UA avançam para os bastiões rebeldes a norte. 17 mil soldados, no total, participam na luta contra a Al-Qaeda e as milícias da Al-Shabab. Pouco a pouco, as áreas rurais são retomadas pelas tropas e, no geral, a situação de segurança melhorou na Somália. Mas os ataques e atentados ainda são frequentes em Mogadíscio.
Foto: STUART PRICE/AFP/Getty Images
Bombas e tiros em Mogadíscio
Numa altura em que a Somália voltava à normalidade, vários meses depois, uma série de atentados atinge novamente o país. Dois veículos armadilhados explodem em abril de 2013, diante do Palácio da Justiça de Mogadíscio, matando 16 pessoas. Duas semanas mais tarde, um funcionário da justiça e um jornalista são mortos a tiro na rua.
Foto: Mohamed Abdiwahab/AFP/Getty Images
Passo a passo, em direcção à paz
Apesar dos incidentes, a Somália está no caminho da normalidade: desde o início do ano, vários cidadãos somalis regressaram ao seu país. O Reino Unido reabriu uma embaixada em Mogadíscio, depois de 22 anos de encerramento. A ONU decidiu, no início de maio de 2013, enviar peritos para a Somália. Também os ataques piratas ao largo do Corno de África diminuíram significativamente.