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Cessar-fogo no Sudão do Sul violado em poucas horas

Lusa | mjp
30 de junho de 2018

A trégua foi sol de pouca dura no Sudão do Sul: as tropas governamentais e a oposição armada trocaram acusações mútuas de violação do cessar-fogo, com registo de confrontos no norte e sul do país.

Presidente Salva Kiir (à esquerda) e o líder da oposição, Riek Machar (à direita), durante as conversações de paz em Addis Abeba.Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Ayene

O episódio volta a ensombrar a tentativa de pôr fim à guerra civil, que, em cinco anos, já causou a morte a dezenas de milhares de pessoas, gerando a maior crise de refugiados desde o genocídio no Ruanda, em 1994, com milhões de pessoas famintas e obstáculos recorrentes à ajuda humanitária.

O Presidente Salva Kiir e o ex-vice-Presidente Riek Machar, que lidera a oposição a partir do Congo, decretaram, no primeiro encontro cara a cara em quase dois anos, realizado no início da semana, no vizinho Sudão, um cessar-fogo "permanente", dando ordens aos seus apoiantes para que o respeitassem.

Oposição fala em "forte ataque conjunto"

Soldados da oposição sul-sudanesaFoto: picture-alliance/AP Photo/S.Mednick

O porta-voz da oposição, Lam Paul Gabriel, disse que as forças governamentais e as milícias rebeldes apoiadas pelo vizinho Sudão desencadearam "um forte ataque conjunto" em Mboro, no Noroeste do país, ao início da manhã deste sábado (30.06).

"Os confrontos prosseguem enquanto vos escrevo", relatou o porta-voz à agência Associated Press, reclamando o direito à autodefesa da oposição e exigindo às Nações Unidas e à União Africana que investiguem o que aconteceu e punam os responsáveis pela violação do cessar-fogo.

"É uma desilusão que, mesmo quando o seu Presidente e comandante declara um cessar-fogo, as forças do regime o violem na mesma", criticou Gabriel, admitindo duas hipóteses sobre Salva Kiir: "Ou não controla as suas forças ou não quer efetivamente a paz".

Governo devolve acusações

Soldados do Exército do Sudão do SulFoto: picture alliance/AP Photo/J. Lynch

Já o porta-voz do Governo, Ateny Wek Ateny, atirou as culpas para a oposição, nas mãos de "uma liderança fraca".

Em declarações à agência de notícias Associated Press, garantiu: "As pessoas do Sudão do Sul devem ter a oportunidade de viver em paz e o exército está a cumprir a ordem dada pelo Presidente".

O anterior cessar-fogo, decretado em dezembro, foi igualmente rompido poucas horas depois, levando a comunidade internacional a ameaçar com sanções regionais e internacionais.

As últimas conversações entre as duas partes não resultaram num acordo sobre a divisão do poder, com o Presidente a rejeitar voltar a ter Machar como adjunto. 

A guerra civil começou em 2013, dois anos após a independência do Sudão do Sul em relação ao Sudão. Em 2015, um acordo de paz colocou Machar na vice-Presidência, mas ruiu em julho de 2016, com os confrontos a instalarem-se na capital, Juba, e Machar a exilar-se no Congo.

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