Chanceler alemã e ministro chegam a acordo sobre imigração
Reuters | AFP | DPA | Lusa | nn
3 de julho de 2018
Chanceler alemã, Angela Merkel, e ministro do Interior, Horst Seehofer, chegaram a um entendimento sobre a gestão dos fluxos migratórios. Merkel suspira de alívio - para já.
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O entendimento entre a chanceler alemã Angela Merkel e Horst Seehofer, da União Social-Cristã (CSU), precisa ainda do aval do outro parceiro de coligação, o Partido Social-Democrata (SPD).
A presidente do partido, Andrea Nahles, felicitou o partido de Merkel, a União Democrata-Cristã (CDU), e conservadores bávaros de Seehofer pelo acordo alcançado, mas pediu tempo para analisar os termos do pacto.
"É bom que os dois partidos-irmãos estejam agora alinhados em relação a uma questão que parece ter sido controversa. É bom porque voltamos ao trabalho substancial que perdemos nas últimas semanas", afirmou Nahles na segunda-feira à noite (02.07). "Ainda há muitas questões que têm de ser esclarecidas e é por isso que nós levaremos o tempo necessário para chegar a uma decisão."
"Centros de trânsito"
O compromisso alcançado entre Merkel e Seehofer prevê que os requerentes de asilo que chegam à Alemanha, mas que já estejam registados noutros Estados-membros da União Europeia, sejam conduzidos para centros de trânsito na fronteira. Dessa forma, deixam de ser repartidos pelo país. Depois da análise caso a caso, os migrantes serão reenviados para os países europeus de onde vieram.
Seehofer, ministro do Interior e líder da CSU, congratulou-se com o compromisso alcançado.
"Temos um acordo claro sobre como evitar no futuro a migração ilegal nas fronteiras da Alemanha e Áustria. Estou feliz por termos chegado a este acordo. Mais uma vez isto mostrou que vale a pena lutar por uma convicção", disse.
Chanceler alemã e ministro chegam a acordo sobre imigração
Horst Seehofer continua como ministro
O parceiro histórico de Angela Merkel estava em confronto direto com a chanceler quanto à questão da imigração. Seehofer queria recusar candidatos a asilo registados noutros Estados-membros. Merkel pedia uma solução conjunta à escala europeia.
Em desacordo, Seehofer chegou a oferecer a sua resignação da liderança do partido e enquanto ministro do Interior. Foi, no entanto, convencido a retomar o diálogo com Merkel. Horst Seehofer garante agora que já não tenciona demitir-se.
"Este acordo sólido, que corresponde às minhas ideias, permite-me permanecer enquanto ministro federal do Interior", garantiu.
Do outro lado da contenda, a chanceler Angela Merkel disse aos jornalistas que se obteve um bom compromisso.
"Com este entendimento, mantemos o espírito da parceria europeia e, ao mesmo tempo, organizamos e controlamos a migração secundária. É por isso que acredito que hoje, após difíceis discussões, chegámos a um bom acordo", afirmou Merkel.
Chefes de Governo da Alemanha: de Adenauer a Merkel
Desde 1949, a Alemanha teve oito chanceleres: sete homens e uma mulher. A chanceler atual, Angela Merkel, conseguiu um quarto mandato nas eleições legislativas de setembro de 2017.
Foto: picture-alliance-dpa/O. Dietze
Konrad Adenauer (CDU), 1949-1963
A eleição de Konrad Adenauer do partido democrata-cristão CDU como primeiro chefe de Governo da Alemanha, em 15 de setembro de 1949, marcou o início de um longo processo de reestruturação política no país. Reeleito em 1953, 1957 e 1961, renunciou ao cargo apenas aos 87 anos de idade, em 1963. Fortaleceu a aliança com os Estados Unidos da América. Na foto: no seu escritório em Bona.
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Ludwig Erhard (CDU), 1963-1966
O segundo chanceler da Alemanha também pertenceu à CDU, mas esteve apenas três anos no Governo. Erhard renunciou devido ao rompimento da coligação com o partido liberal FDP. Mesmo assim, participou de forma ativa da reforma monetária alemã do pós-guerra. O fumador convicto ficou famoso como "pai" da economia social de mercado ("Soziale Marktwirtschaft") e do milagre económico alemão.
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Kurt Georg Kiesinger (CDU), 1966-1969
Foi eleito por uma grande coligação dos dois partidos CDU e SPD (de esquerda). O seu Governo teve que combater uma crise económica. Kiesinger foi duramente criticado pelo seu passado como membro ativo do partido nacional-socialista NSDAP durante a ditadura fascista na Alemanha. Com a ausência de uma oposição forte no Parlamento, formou-se em 1968 um movimento de protesto estudantil na Alemanha.
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Willy Brandt (SPD), 1969-1974
A onda de protestos teve reflexos nas eleições: Willy Brandt tornou-se no primeiro chanceler social-democrata no pós-guerra. Melhorou as relações com os países comunistas do leste. Durante uma visita à Polónia, ajoelhou-se no monumento pelas vítimas do nazismo no Gueto de Varsóvia. Gesto que ficou famoso como pedido de desculpas. Renunciou ao cargo em consequência de um caso de espionagem.
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Helmut Schmidt (SPD), 1974-1982
Após a renúncia de Brandt, Helmut Schmidt prestou juramento como chanceler. O social-democrata teve de combater o terrorismo do grupo extremista de esquerda RAF. Negou negociar com os terroristas alemães. Enfrentou a oposição por causa do estacionamento de mísseis nucleares dos EUA na Alemanha. Depois da saída do Governo do parceiro FDP (liberais), perdeu um voto de confiança no Parlamento.
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Helmut Kohl (CDU), 1982-1998
Helmut Kohl formou uma nova coligação centro-direita com os liberais. Ficou 16 anos no poder, um recorde. Ficou famoso pela sua teimosia e por não gostar de reformas. Depois da queda do Muro de Berlim, Kohl consegui reunificar as duas Alemanhas, a RFA ocidental e a RDA oriental. Ficou conhecido como "chanceler da reunificação". T ambém é lembrado pelo seu empenho na construção da União Europeia.
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Gerhard Schröder (SPD), 1998-2005
Depois de quatro mandatos de Kohl, o desejo de mudança aumentou. Gerhard Schröder foi eleito primeiro chanceler de uma coligação de esquerda entre o SPD e os Verdes. Durante o seu Governo, o exército alemão, Bundeswehr, teve as primeiras missões no estrangeiro com a participação na guerra no Afeganistão. Reduziu os subsídios sociais, medida que foi criticada dentro do seu partido social-democrata.
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Angela Merkel (CDU), desde 2005
Em 2005, Merkel é eleita como primeira mulher na chefia do Governo alemão. Durante o primeiro e terceiro mandato, governou numa grande coligação com o SPD, no segundo mandato numa coligação de centro-direita com os liberais do FDP. Merkel é conhecida pelo estilo pragmático de liderança. Durante a crise financeira, assumiu um papel de liderança na UE. Em 2017, conseguiu o seu quarto mandato.