Chanceler alemão defende Estratégia de Segurança Nacional
22 de junho de 2023Olaf Scholz disse esta quinta-feira (22.06) perante os deputados reunidos no Bundestag, o Parlamento alemão, que a Alemanha vai aumentar as despesas com a defesa, continuará a apoiar a Ucrânia e a pressionar a Turquia para que a Suécia adira à NATO, possivelmente a tempo da cimeira de líderes da aliança, no próximo mês, em Vilnius.
"A tarefa mais importante de cada Estado, de cada sociedade, consiste em garantir a segurança dos seus cidadãos. Sem segurança não pode haver liberdade nem prosperidade", disse o chanceler no início do seu discurso.
Medidas de "longo alcance"
Scholz disse ainda que a Alemanha respondeu à agressão da Rússia contra a Ucrânia de várias maneiras, "tomando decisões estratégicas de longo alcance".
O chanceler reiterou a posição da Alemanha de continuar a apoiar a Ucrânia "enquanto for necessário" na sua defesa contra a Rússia.
Até agora, revelou, a ajuda militar e económica alemã à Ucrânia totalizou 16,8 mil milhões de euros (cerca de 17 mil milhões de dólares). "E mostra claramente que estamos firmemente ao lado da Ucrânia", sublinhou Scholz.
A Alemanha também está a começar a assumir um "papel consideravelmente mais ativo" na proteção do seu próprio território e do território dos seus aliados da NATO, disse ainda o chanceler.
De forma coletiva, os governos europeus estão a "lançar as bases para uma Europa mais capaz de agir".
Estratégia de Segurança Nacional
"E faremos tudo o que for necessário para proteger a nossa segurança nacional contra qualquer ameaça", prometeu Olaf Scholz, referindo-se à publicação pelo governo, na semana passada, da Estratégia de Segurança Nacional, "a primeira do género" na Alemanha, como destacou o chanceler.
Olaf Scholz salientou que o documento de segurança nacional foi concebido antes da invasão da Ucrânia pela Rússia e de tudo o que se seguiu, mas tornou-se ainda mais necessário desde então.
"Estes acontecimentos alteraram profundamente o ambiente de segurança do nosso país no espaço de 16 meses", afirmou, defendendo que a proteção dos cidadãos "contra quaisquer potenciais ameaças" deve estar "no centro da arena política" da Alemanha.
2% do PIB para a defesa?
O chanceler agradeceu ao Parlamento a aprovação, na semana passada, de um projeto de orçamento que inclui a aquisição de novo equipamento militar para a Bundeswehr, o exército alemão. Segundo Scholz, Berlim está determinada a que a Europa "cumpra a sua responsabilidade de contribuir para a proteção no âmbito da NATO".
A Alemanha tem sido criticada há muito por Washington pelos seus gastos com a defesa, que há anos estão muito abaixo da meta da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) de 2% do Produto Interno Bruto (PIB). Mas a invasão da Ucrânia intensificou os apelos para que a Alemanha gastasse mais.
"Espero que os aliados concordem que 2% do PIB para a defesa tem de ser um mínimo", deixando de ser um objetivo não vinculativo, para "investir na nossa segurança partilhada", afirmou recentemente o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ao lado do secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg.
Scholz voltou hoje a dizer no Bundestag que o Governo alemão planeia gastar 2% do PIB em 2024 "pela primeira vez em décadas" - pelo menos se as atuais projeções orçamentais e do PIB se mantiverem.
"Sublinho o que disse nesta casa a 27 de fevereiro de 2022: A nossa promessa de defesa mútua na NATO é válida, sem 'ses' nem 'mas'", declarou o chanceler.
Suécia deve estar na cimeira da NATO
Olaf Scholz também afirmou esta quinta-feira que a cimeira dos líderes da NATO, a realizar no próximo mês na capital lituana, Vilnius, irá enviar "um forte sinal de cooperação transatlântica".
Segundo o chanceler, os líderes da NATO estão a planear uma série de novas medidas defensivas - por exemplo, no que se refere à proteção das principais infraestruturas submarinas, discutidas desde os danos causados aos gasodutos Nord Stream.
"Estou firmemente convencido de que, tal como o novo membro Finlândia, também a Suécia se deve sentar à mesa da cimeira", defendeu Scholz. "E apelo ao Presidente turco reeleito [Recep Tayyip] Erdogan para que abra caminho para isso, como todos acordámos coletivamente em Madrid, no verão passado", lembrou o chefe do Governo, referindo-se à cimeira de líderes da NATO de 2022.
A Turquia adiou durante meses uma decisão sobre as ambições da Finlândia no âmbito da NATO e continua a fazê-lo no caso da Suécia. Erdogan deu a entender várias vezes, durante a sua campanha presidencial, que poderia estar pronto para avançar após a votação, mas desde então tem manifestado ceticismo.