O presidente do Concelho Municipal da cidade de Maputo, atribuiu hoje a distinção de cidadão de honra ao Presidente da Guiné-Bissau. Razaque Manhique entregou a chave da cidade a Umaro Sissoco Embaló, que está em visita oficial ao país até esta sexta-feira.

"A chave que vos foi entregue neste ato simboliza o nosso reconhecimento pela especial amizade que sempre manifestou em relação a Moçambique e ao seu povo, em particular a nossa cidade", afirmou Manhique.

Críticas a Sissoco Embaló

A entrega da chave foi contestada pela Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM). Os partidos da oposição referem que não se pode atribuir uma distinção deste nível a um estadista que "não respeita" as instituições democraticamente eleitas.

Nem a RENAMO, nem o MDM estiveram presentes na cerimónia de atribuição da chave da capital.

Em declarações à DW, o ativista social André Cardoso entende que este ato pode colocar Moçambique mal na fotografia da política internacional: "Os Estados vão começar a prestar alguma atenção ao tipo de política que Moçambique está a perseguir, [classificado] negativamente por restrição das liberdades dos cidadãos", comenta.

Um sinal de alinhamento?

Segundo André Cardoso, esta distinção "demonstra claramente" que Moçambique não se importa com os problemas causados pelo Presidente Sissoco Embaló na Guiné-Bissau.

"E o presidente do município, que faz parte da estrutura governamental da FRELIMO [Frente de Libertação de Moçambique], demonstra que também está alinhado a esta ideia de que o poder tem de ser cada vez mais controlado de forma autoritária", diz o ativista.

A visita de Umaro Sissoco Embaló a Moçambique tem sido marcada por encontros de alto nível e discussões sobre cooperação bilateral, com um foco particular na estabilidade política e no desenvolvimento económico.

Na quarta-feira (19.06), o Presidente guineense encontrou-se com o homólogo moçambicano, Filipe Nyusi. Após a reunião, Embaló participou num banquete oferecido pelo Estado moçambicano. Nyusi assegurou que Moçambique continuará a apoiar a Guiné-Bissau no seu processo de estabilização socioeconómica.

O chefe de Estado moçambicano recordou que, para o desenvolvimento económico e social que a Guiné-Bissau necessita, é fundamental investir na estabilidade política e institucional.