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ConflitosIsrael

Chefe da ONU "horrorizado" com ataque em Gaza

nn | com agências
4 de novembro de 2023

A ONU condenou o bombardeamento aéreo das tropas de Israel contra um conjunto de ambulâncias em Gaza. Exército israelita já chegou ao sul da Faixa de Gaza, onde estão cerca de 1,5 milhões de deslocados.

Hamas diz que 15 pessoas morreram em ataque aéreo israelita contra comboio de ambulâncias na cidade de GazaFoto: Momen Al-Halabi/AFP/Getty Images

"Estou horrorizado com o ataque registado em Gaza contra um comboio de ambulâncias à frente ao hospital Al-Shifa", reagiu na sexta-feira (03.11), em comunicado, o secretário-geral da ONU, António Guterres.  "As imagens dos corpos espalhados pela rua em frente ao hospital são devastadoras", notou. "Era um grupo de cinco ambulâncias", incluindo uma do Ministério da Saúde do Hamas e uma do Crescente Vermelho, afirmou esta organização em comunicado, acrescentando que o ataque ocorreu a dois metros da entrada do hospital.

Uma segunda ambulância foi atingida "a cerca de um quilómetro do hospital" e foram registados feridos, acrescentou a organização humanitária.

A força aérea israelita "atingiu uma ambulância que foi identificada pelas forças como sendo utilizada por uma célula terrorista do Hamas perto da sua posição na zona de combate", justificou o exército israelita em comunicado. As afirmações de Israel "sobre a presença de combatentes no interior das ambulâncias visadas são falsas, e são novas mentiras para além das constantes mentiras (...) utilizadas para justificar os seus crimes", desmentiu o Hamas numa nota publicada na plataforma de mensagens Telegram. O ataque matou 15 pessoas e feriu outras 60, notou ainda o Ministério da Saúde do Hamas.

Palestinianos verificam escombros resultantes da incurssão militar israelita em GazaFoto: Fatima Shbair/AP Photo/picture alliance

Segundo o porta-voz Ashraf al-Qidreh, a ambulância fazia parte de um conjunto de veículos que transportava "vários feridos para serem hospitalizados no Egito". O número de mortos foi confirmado pelo Crescente Vermelho, que acrescentou que um médico sofreu ferimentos ligeiros numa perna devido a estilhaços, antes de notar que "o ataque deliberado a equipas médicas constitui uma grave violação da Convenção de Genebra".

Também o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) já reagiu ao ataque, dizendo estar "profundamente chocado". "Pacientes, profissionais de saúde, instalações e ambulâncias devem ser protegidos em todos os momentos. Sempre", escreveu Tedros Adhanom Ghebreyesus na rede social X, na qual pediu um cessar-fogo imediato - reiteradamente rejeitado pelo primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu.

Tropas israelitas chegaram ao sul de Gaza

O exército israelita informou nas últimas horas que entrou no sul a Faixa de Gaza, onde estão cerca de 1,5 milhões de civis deslocados, mantendo a ofensiva na região contra o Hamas apesar de apelos internacionais para um cessar-fogo humanitário. "Durante a noite [de sexta-feira], numa incursão direcionada no sul da Faixa de Gaza, corpos blindados e de engenharia das Forças de Defesa de Israel operaram para mapear edifícios e neutralizar dispositivos explosivos", disse um porta-voz do exército. Nesta operação, os soldados "encontraram uma célula terrorista a sair de um túnel e, em resposta, as tropas dispararam contra os terroristas, matando-os", acrescentou, citado pela Efe.

Tropas terrestres israelitas dirigem-se para Gaza, a partir de estradas no sul de Israel, para se juntarem aos membros destacados daquele exército na regiãoFoto: Fatima Shbair/AP Photo/picture alliance

Os primeiros feridos palestinianos e alguns estrangeiros com dupla nacionalidade começaram a ser retirados de Gaza a partir da fronteira com o Egito.

Os chefes da diplomacia da Jordânia, Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Qatar reúnem-se este sábado (04.11) com o homólogo norte-americano, Antony Blinken, em Amã, para discutir como "cessar a guerra em Gaza".

Num comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros jordano precisou na sexta-feira que um representante da Autoridade Palestiniana participará na reunião, que se debruçará igualmente sobre as "repercussões (...) da perigosa escalada do conflito que ameaça a segurança de toda a região" do Médio Oriente.

O secretário de Estado norte-americano seguirá de Telavive para a Jordânia, cujas relações com Israel se deterioraram com a escalada do conflito na região.

Blinken realizou uma maratona pela região há cerca de dez dias, visitando Israel duas vezes e vários países árabes.

A 7 de outubro, o Hamas - classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel - efetuou um ataque de dimensões sem precedentes a território israelita, fazendo mais de 1.400 mortos, na maioria civis, e mais de 200 reféns, que mantém em cativeiro na Faixa de Gaza. Iniciou-se então uma forte retaliação de Israel àquele enclave palestiniano pobre, desde 2007 controlado pelo Hamas, com cortes do abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que completou na quinta-feira o cerco à cidade de Gaza.

Ataques do Hamas em solo israelita deixaram um cenário de terror, com mais de 1.400 mortos e mais de duas centenas de refénsFoto: Alexi J. Rosenfeld/Getty Images

 

Em 27 de outubro, Israel iniciou uma incursão terrestre que já avançou até à Cidade de Gaza, a principal cidade da Faixa de Gaza. Desde o início da escalada e invocando preocupações de segurança, Israel ordenou a retirada dos civis que viviam no norte do estreito enclave para o sul, deslocando cerca de 1,5 milhões de habitantes de Gaza - mais de metade da população total - num contexto de grave escassez de combustível.

No entanto, as forças israelitas continuaram a bombardear a parte sul da Faixa, onde as condições de vida dos habitantes de Gaza são cada vez mais críticas devido à sobrelotação, ao colapso dos hospitais e à escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade. Por seu lado, o Hamas e outras milícias palestinianas continuaram a disparar foguetes contra Israel, fazendo soar as sirenes mesmo em Telavive e Jerusalém, embora a maioria dos projéteis seja intercetada pelos sistemas de defesa aérea.

Ocidente dividido sobre cessar-fogo na Faixa de Gaza

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