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Estado de DireitoSão Tomé e Príncipe

Chefe do Estado-Maior são-tomense demite-se após ataque

Lusa
1 de dezembro de 2022

Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas são-tomense denuncia "atos de traição" e condenado os "factos horrorosos" que envolveram a morte de quatro detidos após um ataque a quartel militar.

Foto: Ramusel Graca/DW

"Acabei de entregar a sua excelência o Presidente da República e comandante supremo [das Forças Armadas] o meu pedido de demissão", anunciou esta quinta-feira (01.12) em conferência de imprensa o brigadeiro Olinto Paquete. 

Citando o pedido de demissão que remeteu a Carlos Vila Nova, o responsável afirmou que, perante o assalto ao quartel-general militar por "um grupinho de indivíduos à paisana, com ajuda de militares do Exército", ocorrido na passada sexta-feira, a reação das Forças Armadas "foi pronta, mas demorada".

"O nosso objetivo era a preservação da vida, o que durante a operação foi conseguido. Os factos posteriores, inexplicáveis, horrorosos, comprometeram tudo de bom que foi feito", adiantou. 

"Parece-me que foi uma encomenda, pois obedeceu a um plano criteriosamente estabelecido, culminando com a publicação de imagens [quarta-feira], pelas 18:00 [locais], de coisas que eu não sabia porque me informaram com dados falsos", disse.

Arlécio Costa, condenado em 2009 por uma tentativa de golpe de Estado, terá sido identificado pelos atacantes como mandanteFoto: Ramusel Graça/DW

O brigadeiro reconheceu ter prestado "informações falsas à nação" sobre a morte dos quatro detidos, que tinha justificado antes com ferimentos causados por uma explosão, no caso dos três assaltantes, e, no caso do suposto mandante do ataque Arlécio Costa - detido após o ataque pelos militares - por se ter "atirado da viatura".

"Peço desculpas. [...] A minha educação e a minha formação não me permitem aceitar tal atrocidade e atos de traição que lesam a pátria", afirmou ainda, justificando desta forma o seu pedido de demissão, que ocorre poucas horas depois de uma reunião convocada pelo chefe de Estado com as altas patentes do exército, e com o primeiro-ministro, Patrice Trovoada, e o ministro da Defesa e Ordem Interna, Jorge Amado.

Denúncia sobre "violência e tratamento desumano"

Esta quarta-feira foram divulgados nas redes sociais vídeos que mostram um detido -- que viria a morrer --, deitado no chão, ensanguentado e com as mãos amarradas atrás das costas, a ser agredido por um militar com um pau, enquanto vários outros militares assistem. Outras imagens mostram detidos deitados ou ajoelhados no terreiro do quartel, com as mãos amarradas e com ferimentos. 

No próprio dia do ataque e nos dias seguintes foram amplamente disseminadas imagens dos homens com marcas de agressão, ensanguentados e com as mãos amarradas atrás das costas, ainda com vida, e também já na morgue.

Hoje de manhã, o Governo são-tomense anunciou ter feito uma denúncia ao Ministério Público para que investigue a "violência e tratamento desumano" de militares contra detidos após o ataque ao quartel-general das Forças Armadas.

O assalto foi classificado pelas autoridades são-tomenses como "uma tentativa de golpe de Estado" e condenado pela comunidade internacional.

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