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Mali: Militar francês acusa parcialidade da ONU

AFP | tm
22 de maio de 2021

Chefe das forças armadas francesas diz que relatório da ONU sobre ataque aéreo no centro do Mali, que matou 19 civis em janeiro, foi tendencioso e "deslegitimou" operações da força Barkhane liderada pela França no local.

Frankreich Emmanuel Macron in der Luftwaffenbasis in Marseille
O Presidente francês Emmanuel Macron (esq.) e o militar François Lecointre (dir.), (foto de arquivo).Foto: picture-alliance/abaca/P. Parrot

O general francês François Lecointre afirmou neste sábado (22.05) que o relatório das Nações Unidas publicado em março no âmbito do ataque aéreo de 3 de janeiro, que dizia que as forças francesas tinham morto 19 civis durante as celebrações das festas de casamento perto da aldeia de Bounti, no centro do Mali, continha "erros" e "parcialidade".

"Este (relatório) compreende muito claramente um ataque ao exército francês, à operação Barkhane (e) à legitimidade dos nossos compromissos", disse o General François Lecointre ao jornal francês Le Figaro, numa entrevista publicada hoje.

O Ministério da Defesa francês, os militares franceses e o Governo do Mali apoiaram o relato do exército de um ataque que, insistem, alvejava jihadistas numa operação planeada e dirigida contra um "grupo terrorista armado", ao mesmo tempo que negam que tenha havido um casamento.

Paris critica relatório da ONU

Paris criticou o relatório da ONU, tendo o Ministério da Defesa afirmado anteriormente que este "contrasta testemunhos locais não verificáveis e hipóteses não substanciadas com um método de inteligência robusto utilizado pelas forças armadas francesas".

Lecointre disse ao Le Figaro que via as críticas da ONU como um golpe na missão liderada pelos franceses para estabilizar o Mali devastado pelo conflito, onde milhares de vidas se perderam e centenas e milhares de pessoas foram deslocadas pela violência jihadista desde 2012.

Soldado francês da operação Barkhane no Mali.Foto: Christophe Petit Tesson/AP Photo/picture alliance

"Penso que no futuro seremos sistematicamente confrontados com este tipo de tentativa que procura dificultar-nos, desacreditar-nos, deslegitimar a nossa acção e colocar a população local contra a nossa acção", queixou-se o general.

A França tem cerca de 5 mil soldados na região no âmbito da sua operação Barkhane, que abrange cinco países do Sahel - Burkina Faso, Chade, Mali, Mauritânia e Níger. A missão, com sede no Chade, foi lançada depois de a França ter intervindo para impedir um avanço jihadista no Mali em 2013.

"Sem cooperação, caos"

Sem essa cooperação "a região tornar-se-á uma zona de caos", advertiu o general. Lecointre defendeu ainda que as forças europeias ainda estariam presentes na região dentro de uma década, "provavelmente mais do que estão hoje".

"A Europa continuará empenhada dentro de dez anos contra o jihadismo no Sahel e provavelmente mais do que hoje", disse o chefe do exército francês.

As acusações de "neocolonialismo", muitas vezes niveladas em França, que já afetou mais de 5 mil homens à luta contra o terrorismo no Sahel, serão também menos prevalecentes se a Europa assumir o controlo, disse Lecointre.

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